A falta de chuva
continua preocupando o setor produtivo em Santa Catarina e agravando
os prejuízos no meio rural. O Estado já considera a estiagem prolongada, que
iniciou em junho do ano passado, como a mais severa dos últimos anos,
especialmente para as regiões extremo oeste, oeste, meio oeste, planalto sul,
planalto norte e alto vale do Itajaí.
Os dados compõem um
novo levantamento da Epagri/Ciram/Cepa e da Secretaria de Estado da Agricultura
do Estado, apresentados via videoconferência nesta semana à lideranças do setor
produtivo. De acordo com o relatório técnico, de junho de 2019
a abril de 2020, a chuva acumulada em Santa
Catarina ficou em torno de 500mm inferior ao registrado na média história.
No meio oeste, as chuvas foram 635mm menores durante esse período. Situações
semelhantes aconteceram apenas em 1978 e 2006.
O período de seca
somado a falta de perspectiva de chuvas intensas para os próximos dois meses
impactará diretamente na produção agrícola, especialmente nas lavouras de milho
grão, silagem, feijão e soja. As previsões são de redução de 10% na produção
de milho, com expectativa de colheita de 2,59 milhões de toneladas.
Segundo relatório
da Epagri, o feijão foi uma das culturas mais afetadas pela
falta de chuvas, provocando perdas de 60% em alguns municípios do meio oeste.
No total, Santa Catarina deve ter uma quebra de 7% na produção em relação à
safra passada. Para a soja, até o momento a perda alcança 1% da
produção se comparado à safra passada, com expectativa de 2,3 milhões de
toneladas. Os produtores de tomate, cebola e batata também
sentiram os impactos da estiagem e manifestam perdas na qualidade da produção.
O levantamento aponta, ainda, dificuldade de abastecimento nas produções
de aves, suínos e bovinos no extremo
oeste, oeste, vale do Itajaí e serra, além da redução de 6% na produção
de leite em março.
Para o presidente
da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), José
Zeferino Pedrozo, a estiagem agrava o momento econômico vivido pelo Estado.
“Temos mais regiões atingidas pela seca em relação ao mês passado, quando foi
divulgado o primeiro relatório da estiagem pela Epagri. É o caso dos produtores
de maçã de São Joaquim, na serra catarinense, que estão solicitando a
perfuração de poços artesianos para suplementar o abastecimento de água. É uma
situação muito preocupante, principalmente pela falta de previsão de chuva
significativa para os meses de maio e junho”, avalia Pedrozo ao destacar também
os impactos da queda no consumo como fator agravante.
“O momento
econômico provocado pela pandemia do Coronavírus causou queda no consumo de
carne suína e de derivados de leite, o que consequentemente está refletindo na
redução da comercialização pelos produtores. Muitos estão deixando as atividades.
São duas situações que preocupam e que estão dificultando a produção
agropecuária no Estado”, sublinha o presidente da Faesc.
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