Imagem: Divulgação/Fiocruz
Um estudo realizado
pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) concluiu que cães e gatos podem ser
infectados pela Covid-19. A análise foi feita no Rio de Janeiro entre maio e
outubro de 2020 com 39 animais de estimação de 21 pacientes portadores do
coronavírus. No estudo, 6 entre 13 animais infectados ou
soropositivos para SARS-CoV-2 desenvolveram sinais leves, mas reversíveis da
doença. Foram 29 cães e 10 gatos investigados.
Do total, nove cães
(31%) e quatro gatos (40%) de 10 domicílios foram infectados ou soropositivos
para a Covid. Os animais testaram positivo 11 a 51 dias após o início dos
sintomas do vírus em seus donos. Três cães testaram positivo duas vezes com 14,
30 e 31 dias de intervalo. Os anticorpos neutralizantes da doença foram
detectados em um cão (3,4%) e dois gatos (20%). Os animais castrados e que
compartilharam a cama com o proprietário doente foram os mais propensos à
infecção da doença. Não houve nenhum óbito registrado.
Após a confirmação
dos casos humanos da Covid-19, os testes nos animais foram feitos com swabs
(cotonetes) nasofaríngeos/orofaríngeos e retais. Além disso, foram coletadas
amostras de sangue para análise laboratorial e teste de neutralização por
redução de placa (PRNT 90) para investigação de anticorpos específicos contra o
coronavírus.
Os pesquisadores
também avaliaram a presença de alterações clínicas e laboratoriais associadas à
infecção animal. Foram feitas até três coletas em dias diferentes de cada
animal, sendo a última coleta repetida cerca de 30 dias da primeira.
O estudo aponta que
pessoas com diagnóstico da Covid-19 devem evitar o contato direto com seus
animais de estimação enquanto permanecerem doentes. Foi o que fez o estudante
João Paulo da Silva quando estava infectado pelo vírus. Durante o isolamento
ele preferiu não manter o contato com os seus animais de estimação. “Fiquei
isolado no meu quarto e só saia quando precisava ir ao banheiro. Nenhum dos
meus gatos adoeceram. O estudo da Fiocruz é de extrema importância. Até porque
eles [animais de estimação] são seres vivos e estão ali conosco, principalmente
os que convivem dentro da casa.”
Como identificar a Covid-19 em cães e gatos?
A infecção dos
animais pela Covid-19 é passada pelos tutores. A veterinária Elida Ribeiro
explica que o primeiro passo é saber se o animal teve contato com alguma pessoa
contaminada e observar o pet. “Pode ser verificado alguns sintomas
característicos como febre, tosse, espirro, dificuldade para respirar, secreção
ocular, diarreia e vômito. Apresentando esses sinais clínicos é importante que
o animal seja encaminhado a uma clínica veterinária para que seja feita a
consulta e a realização de exames específicos como o PCR para o coronavírus”,
explica.
Até o momento está
comprovado que gatos são mais suscetíveis à infecção pelo novo coronavírus e
podem transmitir a doença para outros gatos em condições de laboratório. No
entanto, não é comprovada a transmissão do vírus dos cães para outros cães ou
gatos.
Não há nenhuma
recomendação de uso de máscara de proteção contra o vírus em animais. Além
disso, o uso de álcool em gel nos cães e gatos não é recomendado, pois pode
provocar lesões dermatológicas.
Como evitar que meu cão ou gato contraia a
Covid-19?
“A melhor maneira
de se evitar que o pet contraia o coronavírus é impedir que ele tenha contato
com pessoas contaminadas. Caso exista em casa algum paciente contaminado com o
vírus, o ideal é que não se tenha contato com o pet. E, caso isso não seja
possível, encaminha-se o animal para um hotelzinho ou alguma casa de amigo que
não esteja contaminado até a remoção completa dos sinais e dos sintomas do
paciente em questão”, explica a veterinária Elida Ribeiro.
Se o tutor
infectado precisa cuidar do seu cão ou gato, é necessário usar uma máscara e
higienizar as mãos antes e depois de interagir com ele. Outra medida preventiva
para quem está com o animal de estimação contaminado pela Covid-19 é recolher
as fezes com o uso de luvas, uma vez que podem conter o vírus, embora ainda não
seja comprovada a transmissão pelas fezes desses animais. As fezes e luvas
usadas devem ser descartadas em lixo comum e as mãos devem ser imediatamente
higienizadas.
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