A 13ª Vara Federal de Curitiba
publicou nesta segunda-feira (27) sentença condenatória do ex-secretário geral
do Partido dos Trabalhadores (PT) Silvio Pereira por corrupção passiva. Pereira
foi denunciado pela força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF)
pelo recebimento de um veículo Land Rover Defender 90 como propina em troca de
favorecimento da empreiteira GDK na licitação da Petrobras para execução de
obras da Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, no Espírito Santo. O réu foi
condenado a quatro anos e cinco meses de prisão em regime semiaberto.
Na nova sentença, foram também condenados o ex-diretor da
Petrobras, Renato Duque, a três anos e onze meses em regime aberto por
corrupção passiva, e o administrador da GDK César Roberto Santos de Oliveira, a
quatro anos e cinco meses em regime semiaberto por corrupção ativa. O
administrador da GDK José Paulo Santos Reis e o ex-presidente da OAS Léo
Pinheiro foram absolvidos.
Na decisão, o juiz federal Luiz
Antonio Bonat destacou “o enorme potencial danoso das condutas [dos réus
condenados], que visavam assegurar a contratação menos vantajosa para a
Petrobras, por preço substancialmente mais elevado, com diferença entre a
primeira e a segunda propostas de R$ 30.895.213,95.”
Para o procurador da República Felipe D'Elia Camargo, “esta é mais
uma vez em que a justiça reconheceu o pagamentos de propina por empresários em
troca de favorecimentos em contratos na Petrobras. No caso, ainda foi
reconhecido o pagamento de propina a pessoa ligada a partido político, o que
revela mais uma vez uma disfunção no sistema político-partidário que precisa
ser objeto de atenção, pois contribuiu de forma decisiva para um esquema que
causou prejuízos bilionários à Petrobras.”
O caso - A
denúncia foi apresentada pela força-tarefa Lava Jato em novembro de 2016. De
acordo com a acusação, os administradores da GDK ofereceram e pagaram um
veículo Land Rover para Silvio Pereira em troca de favorecimento da empresa na
licitação do módulo 1 da Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC – Fase
III), localiza em Linhares, no Espírito Santo, entre 2004 e
2005. Segundo a denúncia, o ex-secretário geral do
PT gerenciava com o ex-ministro José Dirceu um sistema de
escolha de apadrinhados políticos da legenda para cargos de livre
indicação no governo federal.
Entre os cargos escolhidos
estava o do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, que mantinha
proximidade com a agremiação partidária e que, juntamente com
o ex-gerente e seu subordinado, Pedro Barusco Filho,
aceitou vantagens indevidas dos empresários para fraudar as
licitações da estatal para enriquecimento pessoal e
dos integrantes do partido político.
Conforme as provas levantadas pela investigação
e informações repassadas pelo colaborador Milton Pascowitch, durante
o ano de 2004, Duque fraudou a licitação de Cacimbas em
favor da empresa GDK, que acabou vencedora do certame. Em troca, a empresa se
comprometeu a pagar 1,5% do futuro contrato, no valor de R$ 469.378.964,64,
equivalente a R$ 7.040.684,46.
Em novembro de 2004, uma semana antes do início da
concorrência, foi transferido a Silvio Pereira um veículo Land
Rover adquirido pela GDK, no valor de R$ 74 mil. Posteriormente,
diante da revelação pública do recebimento do veículo, o recurso de uma
das empresas que disputava o certame da obra foi alterado,
sagrando-se vencedora a Engevix, também por intermédio de pagamento de propina.
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