Navios em terminal portuário. Foto: Agência Brasil
As exportações de mercadorias catarinenses têm os Estados
Unidos como principal destino no mundo. De acordo com a Secretaria de Comércio
Exterior (Secex) do Ministério da Economia, Santa Catarina já havia exportado
US$ 1,55 bilhão para os norte-americanos entre janeiro e outubro deste ano. E a
tendência é de que o ambiente de negócios para os exportadores do estado
melhore com a aprovação do Acordo de Comércio e Cooperação Econômica entre o
Brasil e os EUA.
O tratado entre brasileiros e norte-americanos foi firmado
em outubro de 2020 e aprovado pela Câmara dos Deputados um ano depois, sob a forma
do Projeto
de Decreto Legislativo (PDL) 484/2021. O texto, agora, está com o Senado. O
acordo tem três pilares: facilitar o comércio, simplificar a regulação e
combater a corrupção na relação bilateral.
Segundo o deputado Coronel Armando (PSL/SC), embora não
envolva questões tarifárias, o compromisso entre Brasil e EUA tende a aumentar
o fluxo comercial entre os dois países. “Facilitando o comércio, nós aumentamos
a injeção para a nossa economia. É preciso estar com a balança de pagamentos
equilibrada. Isso aí você economiza lá na frente em barreiras que os países, às
vezes, colocam. É importante essa redução de barreiras não só com os Estados
Unidos, mas com qualquer país. Nós estamos querendo entrar na OCDE. Já serve
também de referência ter acordos desse tipo com países desenvolvidos”,
avalia.
Parceria
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do
Brasil. O comércio entre as duas nações movimentou US$ 56 bilhões entre janeiro
e outubro deste ano. O valor é 39% superior ao registrado no mesmo período do
ano passado. As exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 25,2 bilhões
até outubro, alta de 47% em relação a 2020. Já as importações vindas dos
norte-americanos alcançaram US$ 30,8 bilhões nos dez primeiros meses de 2021, o
que representa um crescimento de 33,1% na comparação com o ano passado.
De acordo com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil
(Amcham), 2021 pode terminar com um recorde triplo na relação comercial entre
os dois países: maior valor corrente, maior valor de exportações brasileiras e
maior valor de importações pelo Brasil.
Facilitação do comércio
Facilitar o comércio entre os dois países por meio da
redução de burocracias administrativas é um dos objetivos da parceria, o que
tende a simplificar e agilizar as exportações e importações. Entre as medidas
estão a criação de centros de informações para responder às consultas de
pessoas interessadas nos procedimentos de importação, exportação e trânsito de
mercadorias; adoção de procedimentos para o pagamento eletrônico de tributos,
impostos, taxas ou encargos cobrados sobre transações de importação ou
exportação; instituição de tratamento diferenciado para os bens agrícolas e
outros vulneráveis à deterioração.
De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC),
regras de facilitação do comércio têm a capacidade de reduzir em até 13% o
custo para os exportadores. As medidas tendem a impactar a vida dos
exportadores brasileiros, entre eles os do estado de Santa Catarina, já que os
Estados Unidos são o principal destino das exportações catarinenses.
Entre janeiro e outubro, o comércio entre Santa Catarina e
EUA, incluídas importações e exportações, movimentou US$ 2,8 bilhões, valor
44,8% maior do que no mesmo período de 2020.
José Oswaldo Cândido, professor de relações internacionais
do Ibmec Brasília, destaca a importância do acordo. “Esse acordo tenta colocar
procedimentos, inclusive tecnológicos, para reduzir o custo das exportações e
das importações dos dois países e, com isso, você poderá melhorar, simplificar
e dar mais agilidade e facilitando as trocas comerciais.”
Outros pilares
O trato entre brasileiros e norte-americanos também visa à
implementação de boas práticas regulatórias, além de impedir regulação abusiva
de produtos pelos órgãos competentes, a fim de dar mais transparência,
previsibilidade e concorrência. Dessa forma, as agências reguladoras de cada
país não podem mudar regras sobre produtos sem que os exportadores do outro
país possam se posicionar de modo prévio. Segundo a Amcham Brasil, a adoção
dessas práticas pode reduzir em até 20% o custo das exportações do Brasil para
os Estados Unidos.
Potencializar o combate à corrupção nas relações comerciais
entre os dois países constitui uma das bases do acordo. Além de prever a
criminalização para pessoas físicas, o instrumento incluiu empresas e ampliou
para civil e administrativa as esferas de responsabilização para os agentes que
praticam irregularidades.
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