Os impactos da estiagem e da pandemia provocada pelo novo coronavírus no agronegócio catarinense estão sendo debatidos nesta semana pela diretoria da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), em reuniões regionais por videoconferência com os presidentes e coordenadores dos 92 sindicatos rurais do Estado.
Conduzidas pelo presidente José Zeferino
Pedrozo, as reuniões virtuais contam com a participação dos
vice-presidentes Enori Barbieri (Faesc), Antônio
Marcos Pagani de Souza (Finanças) e João Francisco de Mattos (Secretaria),
além do assessor jurídico Clemerson Pedrozo e do superintendente
do Senar/SC, órgão vinculado à Faesc, Gilmar Zanluchi. Os
encontros online seguem um cronograma diário para atender o sistema sindical em
todas as regiões catarinenses.
Na segunda-feira
(1/6), a videoconferência reuniu as lideranças sindicais das regiões do oeste e
extremo-oeste. Na terça, os presidentes dos sindicatos do meio-oeste e planalto
serrano. Na quarta, a reunião contemplou os coordenadores do planalto norte e
do sul e nesta quinta abrange os dirigentes da região do vale do Itajaí. Ambos
debatem as principais demandas da agropecuária catarinense com foco nas
peculiaridades de cada região.
De acordo com o
presidente José Zeferino Pedrozo, as reuniões acontecem periodicamente nas
sedes microrregionais da Faesc e servem como panorama para ações e atividades
do sistema sindical no Estado. Neste ano, a crise sanitária mudou o formato
para encontros online e concentrou o debate nos desafios impostos ao setor pela
pandemia.
“Embora o
agronegócio tenha sido enquadrado como atividade essencial desde o início da
pandemia, não se pode dizer que não foi impactado. A redução do consumo interno
de alimentos atingiu todas as cadeias”, observa o presidente ao acrescentar as
dificuldades enfrentadas pelos produtores atingidos também pela estiagem.
“Está sendo um ano
atípico e muito desafiador em todos os segmentos. Tivemos impactos severos
provados pela estiagem no Estado que reduziu as estimativas de produção para
esta safra, especialmente do milho (-10%), do feijão (-7%) e do leite (20%),
conforme levantamento da Epagri/SC. Os prejuízos já alcançam R$ 436 milhões”,
calcula Pedrozo ao informar que os agricultores estão solicitando recursos para
a perfuração de poços artesianos. “A chuva amenizou a situação em algumas
regiões, mas no norte, sul e planalto serrano, os produtores ainda estão com
sérias dificuldades”.
Outro problema
relatado abrange os produtores de tabaco da região norte. Eles cobram a
reposição de valores da tabela de preços, defasada há anos. “Há uma reclamação
generalizada dos fumicultores da região que estão com remuneração abaixo do
custo, mesmo com dólar em alta, o que beneficia o tabaco, produto de
exportação”.
AÇÕES
Além dos impactos
das crises hídrica e sanitária no setor, as reuniões também abordaram medidas
de amparo ao agro durante a pandemia. Entre elas, destaque para os leilões
virtuais autorizados pelo Governo do Estado, em atendimento à solicitação da
Faesc, para evitar perdas aos produtores diante da retenção dos rebanhos nas
fazendas.
A Federação também
participou da elaboração de propostas de linhas de crédito para produtores
rurais e pequenos empreendimentos do setor pelo Conselho Estadual
de Desenvolvimento Rural (CEDERURAL). A expectativa é injetar mais de R$ 60
milhões na economia catarinense nos próximos três anos.
A prorrogação do
prazo para vencimento da Contribuição Sindical Rural 2020 também foi tema das
reuniões virtuais. Os produtores que possuam imóvel, com ou sem empregados, ou
empreendem na atividade econômica rural podem fazer o pagamento até 21 de
setembro. O recolhimento era feito anualmente até maio, porém, neste ano, a
Diretoria Executiva da CNA decidiu em caráter extraordinário conceder mais
prazo para o vencimento, em virtude das dificuldades impostas pelo novo
coronavírus.
SENAR
O superintendente
do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), Gilmar Antônio
Zanluchi abordou nas videoconferências as medidas adotadas pela
instituição durante a pandemia. Destaque para a distribuição de 10 mil máscaras
de tecido para produtores rurais e seus familiares em todo o Estado. Os
acessórios foram confeccionados pelas instrutoras dos cursos de Artesanato de
Costura em Tecido vinculadas ao programa de Promoção Social do Senar e serão
entregues nos próximos dias pelos sindicatos rurais.
Outras ações estão
relacionadas à adaptação do ensino e da assistência técnica durante a crise
sanitária. O Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), a rede de
formação técnica e-Tec e o projeto Jovem Aprendiz Cotista estão com aulas
virtuais neste período.
“Procuramos dar
continuidade às ações e atividades do Senar em todo o Estado porque sabemos a
importância que a formação rural e a assistência técnica têm para o trabalho
dos produtores catarinenses. Os agricultores não pararam e é esse esforço que
está freando os impactos da crise no setor e na economia do Estado”, sublinha
Zanluchi.
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