FAESC debate panorama econômico do agronegócio catarinense

04/06/2020 - 15h34

Os impactos da estiagem e da pandemia provocada pelo novo coronavírus no agronegócio catarinense estão sendo debatidos nesta semana pela diretoria da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), em reuniões regionais por videoconferência com os presidentes e coordenadores dos 92 sindicatos rurais do Estado.

Conduzidas pelo presidente José Zeferino Pedrozo, as reuniões virtuais contam com a participação dos vice-presidentes Enori Barbieri (Faesc), Antônio Marcos Pagani de Souza (Finanças) e João Francisco de Mattos (Secretaria), além do assessor jurídico Clemerson Pedrozo e do superintendente do Senar/SC, órgão vinculado à Faesc, Gilmar Zanluchi. Os encontros online seguem um cronograma diário para atender o sistema sindical em todas as regiões catarinenses.

Na segunda-feira (1/6), a videoconferência reuniu as lideranças sindicais das regiões do oeste e extremo-oeste. Na terça, os presidentes dos sindicatos do meio-oeste e planalto serrano. Na quarta, a reunião contemplou os coordenadores do planalto norte e do sul e nesta quinta abrange os dirigentes da região do vale do Itajaí. Ambos debatem as principais demandas da agropecuária catarinense com foco nas peculiaridades de cada região.

De acordo com o presidente José Zeferino Pedrozo, as reuniões acontecem periodicamente nas sedes microrregionais da Faesc e servem como panorama para ações e atividades do sistema sindical no Estado. Neste ano, a crise sanitária mudou o formato para encontros online e concentrou o debate nos desafios impostos ao setor pela pandemia.

“Embora o agronegócio tenha sido enquadrado como atividade essencial desde o início da pandemia, não se pode dizer que não foi impactado. A redução do consumo interno de alimentos atingiu todas as cadeias”, observa o presidente ao acrescentar as dificuldades enfrentadas pelos produtores atingidos também pela estiagem.

“Está sendo um ano atípico e muito desafiador em todos os segmentos. Tivemos impactos severos provados pela estiagem no Estado que reduziu as estimativas de produção para esta safra, especialmente do milho (-10%), do feijão (-7%) e do leite (20%), conforme levantamento da Epagri/SC. Os prejuízos já alcançam R$ 436 milhões”, calcula Pedrozo ao informar que os agricultores estão solicitando recursos para a perfuração de poços artesianos. “A chuva amenizou a situação em algumas regiões, mas no norte, sul e planalto serrano, os produtores ainda estão com sérias dificuldades”.

Outro problema relatado abrange os produtores de tabaco da região norte. Eles cobram a reposição de valores da tabela de preços, defasada há anos. “Há uma reclamação generalizada dos fumicultores da região que estão com remuneração abaixo do custo, mesmo com dólar em alta, o que beneficia o tabaco, produto de exportação”.

AÇÕES

Além dos impactos das crises hídrica e sanitária no setor, as reuniões também abordaram medidas de amparo ao agro durante a pandemia. Entre elas, destaque para os leilões virtuais autorizados pelo Governo do Estado, em atendimento à solicitação da Faesc, para evitar perdas aos produtores diante da retenção dos rebanhos nas fazendas.

A Federação também participou da elaboração de propostas de linhas de crédito para produtores rurais e pequenos empreendimentos do setor pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural (CEDERURAL). A expectativa é injetar mais de R$ 60 milhões na economia catarinense nos próximos três anos.   

A prorrogação do prazo para vencimento da Contribuição Sindical Rural 2020 também foi tema das reuniões virtuais. Os produtores que possuam imóvel, com ou sem empregados, ou empreendem na atividade econômica rural podem fazer o pagamento até 21 de setembro. O recolhimento era feito anualmente até maio, porém, neste ano, a Diretoria Executiva da CNA decidiu em caráter extraordinário conceder mais prazo para o vencimento, em virtude das dificuldades impostas pelo novo coronavírus.

SENAR

O superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), Gilmar Antônio Zanluchi abordou nas videoconferências as medidas adotadas pela instituição durante a pandemia. Destaque para a distribuição de 10 mil máscaras de tecido para produtores rurais e seus familiares em todo o Estado. Os acessórios foram confeccionados pelas instrutoras dos cursos de Artesanato de Costura em Tecido vinculadas ao programa de Promoção Social do Senar e serão entregues nos próximos dias pelos sindicatos rurais.

Outras ações estão relacionadas à adaptação do ensino e da assistência técnica durante a crise sanitária. O Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), a rede de formação técnica e-Tec e o projeto Jovem Aprendiz Cotista estão com aulas virtuais neste período.

“Procuramos dar continuidade às ações e atividades do Senar em todo o Estado porque sabemos a importância que a formação rural e a assistência técnica têm para o trabalho dos produtores catarinenses. Os agricultores não pararam e é esse esforço que está freando os impactos da crise no setor e na economia do Estado”, sublinha Zanluchi.

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