A falta de insumos
usados nos testes para a detecção do novo coronavírus (Covid-19) indica que há
mais casos da doença do que os notificados pela Secretaria de Estado da Saúde
de Santa Catarina. O material é distribuído pelo Ministério da Saúde e a
escassez também é sentida em outros estados.
O boletim mais recente
divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde, desta quarta-feira (1º), confirma
247 casos e duas mortes em Santa Catarina.
Resultados demoram até 7 dias
Os testes feitos
pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) realizam o exame PCR para a detecção
do coronavírus. O resultado pode demorar até sete dias para ser confirmado.
No teste, o RNA do
vírus é transformado em DNA – que por sua vez é ampliado e convertido em uma
fita simples, para que se possa observar a presença do vírus. Caso o resultado
seja positivo, é confirmada a infecção pelo coronavírus.
Desde o dia 12 de
março, quando o Lacen passou a fazer testes, até esta quarta-feira, o
laboratório recebeu apenas insumos do Ministério da Saúde. A informação foi
confirmada à reportagem do nd+ pela diretora do Lacen, Marlei
Pickler Debiasi dos Anjos.
Quem produz os
insumos adquiridos e distribuídos pelo Ministério é a Fundação Oswaldo Cruz, no
Rio de Janeiro. Segundo Marlei, por conta da demanda nacional, a quantidade de
materiais entregues é menor do que a solicitada.
A falta de testes é
sentida no próprio Rio de Janeiro, estado que já tem 708 casos confirmados e 23
mortes. São Paulo, Espírito Santo e Brasília também enfrentam a falta de testes
para o vírus.
Falta de insumos diminui número de
testes
Cerca de 30
profissionais trabalham no Lacen, divididos nas áreas de recebimento de
amostras, execução dos exames e produção de kits de coleta.
“Nós recebemos de
150 a 200 amostras por dia, mas o que nós recebemos não está dando conta da
demanda”, diz.
Marlei explica que
a situação deve ser normalizada quando os insumos importados do exterior
chegarem ao laboratório. A compra tem previsão de chegada na próxima
segunda-feira (6). O montante encomendando é de 4.800 testes para o Lacen.
A Secretaria de
Estado da Saúde informou que recebeu nesta quarta-feira 192 testes para
detecção da Covid-19.
Marlei também
confirma a demora nos resultados de testes, que podem levar sete dias para
serem finalizados. A esperança é que com mais insumos, a testagem possa ser
feita de forma mais rápida.
Grupo prioritário das testagens
Os testes feitos
pelo Lacen são restritos a pacientes graves, profissionais de saúde que
apresentem sintomas da doença, gestantes e recém-nascidos filhos de mães que
testaram positivo para a Covid-19.
O laboratório
também informou que são realizados testes em pacientes mortos no sistema de
saúde com suspeita do coronavírus.
“Fazemos os exames
coletados pelos médicos e enfermeiros na unidade em que o paciente foi a óbito.
Eles coletam e mandam o material, que é das vias aéreas, e fazemos o exame”,
explica Marlei.
Os profissionais
trabalham no Lacen das 7h à meia-noite, de segunda a sexta-feira. O horário de
trabalho pode ser estendido caso a demanda por testes seja aumentada.
Protocolo em laboratórios particulares
Além do Lacen,
laboratórios particulares fazem a testagem para a Covid-19. Questionada
pelo nd+, Secretaria de Estado da Saúde não informou o número de
laboratórios habilitados para fazer o exame.
Um deles, o Santa
Luzia, realiza as testagem sem a necessidade de uma contraprova feita pelo
Lacen. Os testes são feitos seguindo as mesmas orientações do laboratório
público, sendo testados apenas casos graves e profissionais da saúde.
Instalado em
hospitais particulares de Florianópolis, o laboratório explica que em casos de
resultados positivos, há uma notificação direta à Vigilância em Saúde. A partir
desta ação, o paciente passa a integrar a listagem oficial.
Cidades compram testes rápidos
Para suprir a
necessidade de testes, prefeituras de cidades catarinenses realizam a compra do
material por conta própria. É o caso de Florianópolis, Balneário Camboriú, Rio
do Sul, Joinville e Jaraguá do Sul, que já anunciaram a compra independente de
kits.
Os testes
identificam o vírus de forma diferente dos exames feitos pelo Lacen. Muitos
deles usam amostras de sangue para diagnosticar a doença e têm resultados em até
15 minutos.
O teste, contudo,
tem uma taxa de sensibilidade menor do que os de PCR. Neste caso, a
probabilidade de falso negativo é maior, de até 40%, segundo o Ministério da
Saúde.
Em Florianópolis e
Balneário Camboriú, as prefeituras pretendem fazer testes em massa. O objetivo
é que o máximo de pessoas possam ser testadas e, se diagnosticadas, colocadas
em isolamento. A ação segue o exemplo da Coréia do Sul, onde o número de mortos
é baixo.
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