Programa de Regularização Fundiária e Melhoria Habitacional,
do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), vai regularizar mais de 100
mil imóveis de famílias de baixa renda, até o fim de 2021. Desse total, 20 mil
receberão adequações em suas moradias. A adesão dos municípios ao programa
começa em 1º de fevereiro. Instrução
normativa com as regras do programa foi publicada em 22 de janeiro.
Segundo o MDR, o objetivo do Programa, que faz parte das
ações do Casa Verde e Amarela, é combater o problema histórico do País e
possibilitar o acesso ao título, que garante o direito real sobre o lote das
famílias, com segurança jurídica; além da redução de conflitos fundiários,
ampliação do acesso ao crédito, estímulo à formalização de empresas e aumento
do patrimônio imobiliário brasileiro.
O programa habitacional contempla áreas ocupadas,
principalmente, por famílias de baixa renda, que vivem em núcleos urbanos
informais, classificados como de interesse social. No entanto, não serão
incluídas as casas localizadas em áreas de risco ou não passíveis de
regularização.
De acordo com o especialista em Direito Imobiliário,
Vinicius Vasconcelos, os municípios têm papel fundamental nesse programa, pois
são eles os facilitadores da implementação dos recursos. Já os projetos e o
desenvolvimento do programa ficam por conta da iniciativa privada.
Para aderir ao programa, o gestor público municipal precisa
acessar um sistema, que será disponibilizado no portal do Ministério do Desenvolvimento Regional,
a partir de 1º de fevereiro. Em seguida, as empresas privadas poderão
selecionar o núcleo urbano informalizado e propor uma estratégia de
regularização fundiária. A proposta é analisada pelo poder público local e, se
aceita, segue para análise do MDR. As selecionadas deverão ser apresentadas ao
agente financeiro habilitado, para análise de viabilidade técnica, jurídica e
econômica, com objetivo de contratar a operação de financiamento, a ser
repassado à família beneficiada. Por fim, após a contratação das operações de
regularização fundiária, cabe aos municípios e ao Distrito Federal selecionar
as famílias contempladas.
Os valores serão altamente subsidiados, com recursos
privados do Fundo de Desenvolvimento Social. No entanto, há uma previsão para
que a União faça aportes orçamentários no futuro.
Já as famílias, que pretendem participar do Programa de
Regularização Fundiária, precisam manter os cadastros sempre atualizados junto
às prefeituras, em especial na Secretaria de Habitação. É papel do município
definir a forma que será feito esse cadastro. Segundo o especialista em Direito
Imobiliário, Vinicius Vasconcelos, o custo para as famílias vai depender do
modelo adotado pela empresa que acolheu o projeto na cidade.
“Há vários modelos em que não se despende nenhum dinheiro de
imediato, mas há a possibilidade de financiamento. Inclusive a própria MP
[atual Lei 14.188/2021]
prevê o financiamento por parte da população de baixa renda, com a facilitação
do acesso ao crédito. O custo dessa operação deve ser reduzido”, afirma.
Em caso de dúvidas sobre o Programa de Regularização
Fundiária e Melhoria Habitacional, basta acessar a Plataforma
Integrada de Ouvidorias e Acesso à Informação do MDR.
Moradias inadequadas
Segundo pesquisa da Fundação João Pinheiro, com dados de
2019, 24,4 milhões de moradias foram consideradas inadequadas no Brasil. Além
da regularização fundiária, o Programa também prevê a reforma e ampliação
dessas moradias, que não atendem padrões mínimos de desenvolvimento humano,
como imóveis que enfrentam problemas de deterioração, falta de banheiro,
cobertura ou piso, instalações elétricas ou hidráulicas inadequadas, entre
outros.
Para serem contempladas, as famílias devem estar inscritas
no Cadastro Único, possuir renda mensal de até R$ 2 mil, não possuir outros
imóveis no território nacional e o proprietário deve ser maior de 18 anos ou
emancipado.
O especialista em Direito Imobiliário, Vinicius Vasconcelos,
ressalta a importância da melhoria habitacional. “É fundamental, para ter um
bom desenvolvimento humano, ter um lar descente, adequado, em que você possa
repousar, [que tenha] a função social da propriedade. É um programa que visa
também melhorar a condição humana”, comenta.
Já para o professor e pesquisador da Universidade de
Brasília (UnB), o urbanista Frederico Flósculo, não é possível haver habitações
adequadas sem investir no desenvolvimento humano.
“O grande conjunto de programas habitacionais, que
desconsideram o desenvolvimento humano e urbano, trata a habitação como se
fosse uma questão de crédito bancário, de financiamento, de contratos com
sindicatos da indústria da construção civil, achando que o número de casas tem
a ver com a qualidade de vida dessas pessoas”. Segundo ele, os governos
precisam investir em educação profissional e em geração de emprego, para que
aumente a fonte de renda da população.
Casa Verde e Amarela
O Projeto Casa Verde e Amarela, do governo federal,
reestrutura o antigo Minha Casa, Minha Vida, e reúne inciativas, como o
Programa de Regularização Fundiária e Melhoria Habitacional, para ampliar o
estoque de moradias e atender as necessidades habitacionais da população.
As regras envolvem juros em torno de 4,5% ao ano e condições
específicas para pessoas de baixa renda das regiões Norte e Nordeste do País. O
projeto prioriza famílias em situação de risco e vulnerabilidade, lares
comandados por mulheres, além de famílias compostas por pessoas com
deficiência, idosos, crianças e adolescentes. A expectativa é beneficiar 1,6
milhão de famílias até 2024.
As solicitações de financiamento podem ser feitas
diretamente na Caixa Econômica Federal ou com as construtoras responsáveis pelos
empreendimentos.
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