Os municípios
recebem nesta terça-feira (20) cerca de R$ 986 milhões referentes à segunda
parcela de abril do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O valor é parte
da arrecadação da União com o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) nos primeiros dez dias do mês.
O montante é 11,49%
superior ao que as prefeituras receberam no mesmo período de abril do ano
passado — R$ 885 milhões, aproximadamente. Descontada a inflação, o crescimento
é de 4,75%. Os dados são Secretaria do Tesouro Nacional (STN), vinculada ao
Ministério da Economia.
O consultor da
Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Eduardo Stranz, atribui o aumento
no repasse de recursos a uma maior arrecadação da União com o Imposto de Renda
(IR).
“Esse segundo
decêndio, que vai entrar amanhã, veio maior do que a previsão e muito maior do
que o mesmo decêndio no ano passado, demonstrando aí que está havendo uma
arrecadação interessante, sobretudo de IR pela União e, consequentemente, o
valor do FPM é um pouco maior para os municípios”, avalia.
O que é o FPM?
O FPM é um fundo
pelo qual a União repassa, a cada dez dias (decêndio), 22,5% do que arrecada
com o IR e com o IPI aos municípios. A cada mês, portanto, são três repasses,
que ocorrem nos dias 10, 20 e 30 e se referem, respectivamente, ao arrecadado
nos dez dias anteriores.
Stranz explica que
o valor arrecadado costuma ser maior no primeiro decêndio (ou parcela), diminui
no segundo e volta a crescer no terceiro. “Esse decêndio do dia 20 (que repassa
a arrecadação de 1º a 10) sempre será bem menor se comparar com o primeiro.
Você só pode fazer comparação de decêndio a decêndio, por exemplo, o segundo de
abril de 2021 com o segundo de abril de 2020”, detalha.
Vale lembrar que se
considerada a obrigatoriedade de destinar 20% do FPM ao Fundeb, Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação, o valor que os municípios vão receber nesta terça
será de quase R$ 790 milhões.
Crescimento mensal e anual
Os números indicam
que o FPM está mais robusto na comparação com o ano passado. A essa altura, em
abril de 2020, as prefeituras haviam recebido R$ 3,3 bilhões e R$ 885 milhões
no primeiro e segundo decêndio, respectivamente. Já este ano, foram R$ 5,4 bi e
R$ 986 mi, aumento superior a 50%. No acumulado anual, os municípios levaram
21,27% a mais do que no ano passado.
Segundo Eduardo
Stranz, o bom desempenho do FPM nos próximos meses vai depender,
principalmente, da boa arrecadação com o Imposto de Renda, mas a expectativa,
ao menos na comparação com o ano passado, é positiva. “Quando comparamos 2021
com 2020 notamos um aumento expressivo. Nossa economia ainda está sofrendo
prejuízos de todas as medidas de restrição sanitária. A arrecadação própria dos
municípios também está caindo. Ainda bem que o FPM está nesse momento suprindo
um pouco a receita dos municípios, mas ainda estamos sob impacto da pandemia”,
acredita.
Bloqueio
Os gestores
municipais devem ficar atentos, pois se não estiverem com as obrigações junto à
União em dia, poderão ter o repasse congelado nas contas bancárias.
De acordo com a
CNM, os principais motivos para bloqueio do FPM são: ausência de pagamento da
contribuição ao Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep);
débitos com o Instituto do Seguro Social (INSS) e débitos com a inscrição da
dívida ativa pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), além da falta
de prestação de contas no Sistema de Informações sobre Orçamento Público em
Saúde (Siops).
Para desbloqueio do
repasse, o município deve identificar o órgão que determinou o congelamento. Em
seguida, deve conhecer o motivo e regularizar a pendência. A prefeitura não corre o risco de
perder a verba. É o que explica Alexandre Pires, professor de economia e
relações internacionais do Ibmec. “O bloqueio é feito na própria conta
individual que o município tem no Banco do Brasil. Não há um sequestro do
recurso. Ele simplesmente fica bloqueado para uso até a regularização”,
tranquiliza.
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