Funerais em SC têm restrições para evitar contágio por coronavírus; saiba quais são os cuidados

03/04/2020 - 11h51

A pandemia de coronavírus mudou a rotina dos moradores de Santa Catarina e também de muitos trabalhadores dos serviços considerados essenciais. Com medo de contaminação e para seguir normas, os agentes funerários redobraram os cuidados.

O Governo de Santa Catarina emitiu nota técnica orientando sobre os protocolos a serem seguidos por esses profissionais. Funerais de pessoas confirmadas com a doença ou suspeitas devem ser evitados ou ter no máximo 10 pessoas e o sepultamento tem que ocorrer no mesmo dia da morte, inclusive quando não há suspeita de Covid-19.

estado está na terceira semana de quarentena, tem cinco mortes pela doença e 281 pessoas confirmadas.

O enterro de Harry Klueger, primeiro idoso que morreu diagnosticado com a doença em Santa Catarina, foi em Blumenau, no Vale do Itajaí, por volta das 16h do dia 25 de março. Ele morreu na madrugada e a confirmação de Covid-19 saiu à noite. A funerária que cuidou do corpo informou que tomou os devidos cuidados no funeral e que foram usados equipamentos de proteção individual no manuseio do corpo, mas que não sabiam que ele seria um caso suspeito da doença.

A Secretaria Municipal de Saúde de Blumenau desconhecia que uma pessoa com caso confirmado havia sido sepultada na cidade. A família também não sabia do possível diagnóstico.

"Para a proteção nossa e dos parentes não foi realizado o velório, pois poderia ter muitas pessoas no local. [...] Ninguém tinha a mínima ideia, o resultado saiu às 23h59 , ninguém foi avisado do exame, nem funerária"', informou Reinaldo Klueger, filho do idoso.

Segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC), o município que deve ser notificado sobre a doença é o de residência do paciente. No entanto, a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Belo, onde ele morava, soube do caso no dia seguinte ao enterro. Antes de ser internado no Hospital Regional de São José, onde morreu, o idoso esteve por seis dias em Antônio Carlos em uma casa de repouso.

Já o corpo do empresário de Joinville, segunda pessoa que morreu por coronavírus em Santa Catarina, foi cremado, segundo a Prefeitura. A família não quis falar sobre o assunto. As mortes de três pessoas com a doença foram confirmadas na noite de quinta-feira (2) pelo Governo do Estado.

Medo de contágio

Por medo de contágio pelo coronavírus, os agentes funerários e proprietários, assim como de crematórios, estão redobrando os cuidados.

"Receio de ficar doente sempre existiu neste meio, mas com certeza estamos tendo mais precauções", diz o proprietário de uma agência funerária em Imbituba, no Sul do estado.

Ele preferiu não informar o nome e diz que o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) já ocorria, mas que agora é indispensável na rotina. Entre os usados pelos agentes funerários estão gorro, óculos, máscara, cirúrgica, aventais e luvas descartáveis.

De acordo com Bruno Theodoro, dono de uma funerária em Lages, houve dificuldade para aquisição de todos os materiais, mas o estoque está garantido por pelo menos três meses. Os hospitais onde ocorrem o óbito devem colocar os corpos em sacos biológicos antes de entregarem aos agentes funerários.

"Estamos tomando todos os cuidados de segurança para remoção nos hospitais para todos os casos que atendemos. Só entramos no necrotério com EPI", explica Bruno Theodoro. Segundo ele, a equipe está abastecida com EPIs para cerca de três meses.

Cuidados que devem ser tomados

Segundo a nota técnica do Governo do Estado, os cuidados em velórios devem ser tomados no caso de qualquer morte durante a pandemia. Os velórios devem ser restritos aos familiares e amigos mais próximos e durar poucas horas. Não deve, por exemplo, ocorrer de um dia para outro, como era comum antes da quarentena.

"Estamos seguindo as recomendações impostas, velório por curto período de tempo, reduzido a apenas familiares próximos, oferecemos álcool durante a despedida, informamos para se manter uma distância e mantemos uma limpeza constante durante o velório", diz o proprietário da funerária de Lages.

Veja abaixo os protocolos de segurança e saúde que devem ser seguidos:

Familiares e responsáveis por velórios:

-Familiares devem evitar tocar o corpo, e se o fizerem, realizar a higienização das mãos com álcool em gel 70%;

-se o familiar for caso suspeito ou confirmado de novo coronavírus, também utilizar máscara cirúrgica descartável e evitar o contato com outras pessoas;

-os funerais deverão ser realizados apenas com familiares diretos e amigos próximos, recomendando-se no máximo 10 pessoas no local para evitar aglomerações;

-os funerais devem ser realizados somente no dia do sepultamento;

-o acesso ao caixão deve ocorrer de forma individual;

-é recomendada a suspensão de cultos ecumênicos e cortejos fúnebres para velórios;

-os velórios devem ser realizados em capelas mortuárias;

-manter sempre os ambientes ventilados;

-intensificar a frequência de higienização: das salas, copas, banheiros, maçanetas, mesas, balcões, cadeiras com água e sabão;

-disponibilizar produtos como sabonete líquido e toalhas de papel descartáveis nas instalações sanitárias;

-as capelas mortuárias devem ser totalmente higienizadas a cada velório.

Transporte dos corpos:

-a instituição onde a vítima morreu deverá comunicar ao serviço funerário quando há suspeita ou confirmação da morte por infecção pelo novo coronavírus;

-se o serviço funerário for chamado para atender alguém que morreu em casa, os profissionais devem utilizar EPIs de precaução de contato durante qualquer manipulação do corpo ou nos procedimentos;

-após a manipulação do corpo, retirar e descartar as luvas, máscara e avental como resíduo infectante;

-não há contraindicação quanto ao material utilizado na confecção do caixão;

-realizar a desinfecção das alças do caixão com álcool 70% ou outro desinfetante padronizado, após fechá-lo.

Funerárias:

-é recomendável que se manipule o corpo o mínimo possível;

-não é recomendável a realização de procedimentos de tanatopraxia;

-é proibida a realização de procedimentos de formolização, embalsamamento;

-o preparo do corpo deve ser em local isolado dos demais e, quando não houver essa possibilidade, deve se estabelecer barreira técnica (de local e de tempo) e fazer procedimentos de limpeza e desinfecção da sala após cada manipulação;

-os profissionais devem seguir as recomendações e precauções padrão no cuidado do corpo, utilizando EPIs em todas as etapas do preparo.

Crematórios:

-ter câmara fria com área mínima de 8,00 m², ou dimensionada para a quantidade de corpos que ficarão acondicionados, não sendo permitido o acúmulo deles;

-os corpos devem ser cremados individualmente, podendo no caso de óbito de gestante, incluir o bebê;

-as cadeiras para os usuários devem obedecer ao distanciamento de dois metros;

-os ambientes devem ser mantidos ventilados;

-deve se intensificar a frequência de higienização: das salas, copas, banheiros, maçanetas, mesas, balcões, cadeiras com água e sabão.

Serviços de saúde:

-providenciar local específico e restrito para dispor o corpo que aguarda a funerária;

-dispor de mecanismo para evitar contato com fluidos corporais que possam ser extravasados;

-o número de profissionais presentes no procedimento deve ser o menor possível;

-o local deve garantir insumos para higienização das mãos e recipientes com álcool gel 70% para os usuários;

-intensificar a limpeza e desinfecção do ambiente utilizado para disposição dos corpos;

-apenas agentes funerários especializados podem ter acesso ao corpo dentro do serviço de saúde, munidos de roupas, equipamentos de proteção individual (EPI) e caixão de máxima proteção;

-para procedimentos com possibilidade de geração de aerossóis usar gorro e máscara minimamente PFF2 (também conhecida como N95) ou com níveis de filtração ainda melhores. A máscara e demais EPIs devem ser descartadas após o uso;

-todos os materiais usados em procedimentos que envolvam cadáveres suspeitos ou confirmados de morte por coronavírus devem ser descartados e ter seu gerenciamento como resíduos infectantes Grupo A (RDC 222/18).

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  • por
  • Jornal Regional
  • FONTE
  • G1/SC



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