O ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes determinou a soltura do doleiro
Chaaya Moghrabi, preso na última sexta-feira (18) em Angra dos Reis.
A prisão foi
expedida pela juíza da 7ª Vara Federal Criminal Caroline Vieira substituta do
juiz Marcelo Bretas. Horas após a prisão, Gilmar ordenou que o doleiro
fosse solto.
Conhecido como
Yasha, Chaaya Moghrabi é considerado um dos cinco maiores doleiros do país.
Várias joias
escondidas na sanca do teto de um imóvel da família Chaaya, em São Paulo, foram
apreendidas por agentes do Ministério Público Federal e da Polícia Federal
durante a Operação Clãdestino, no mês passado.
Esse é o terceiro
mandado de prisão contra Chaaya Moghrabi. O primeiro foi expedido em 2018, pelo
juiz federal Marcelo Bretas. Em março de 2019, Gilmar Mendes concedeu um habeas
corpus e substituiu a prisão por pagamento de fiança, entrega de passaporte e
proibição de deixar o país. Em abril do mesmo ano, Chaaya foi preso pela
polícia do Uruguai no Aeroporto Internacional de Carrasco, em Montevidéu. A
Justiça do Rio de Janeiro determinou a prisão preventiva de Chaaya e a
extradição do acusado para o Brasil, mas ele fugiu.
O novo pedido de
prisão cita o episódio, e argumenta que Moghrabi descumpriu decisão judicial ao
deixar o Brasil.
Porém, Gilmar
entende que não houve descumprimento porque o valor da fiança ainda estava em
discussão quando o doleiro foi preso no exterior:
“Na
oportunidade, registrei que havia discussão pendente sobre o valor da fiança e
sobre a forma de integralização da quantia fixada, o que descaracteriza a
alegada má-fé (…) destaquei que a ausência de entrega dos passaportes também
estava vinculada a essa questão prévia da fiança que deveria ser adimplida para
o retorno ao país do acusado. Porém, nessa terceira decretação da prisão
preventiva, o Juízo de origem tenta reintroduzir esse argumento de forma
ilegítima, ao assentar que o reclamante teria permanecido foragido, de forma
indevida”.
O pedido de prisão
também afirma que o doleiro cometeu crime de obstrução de justiça porque
demorou a abrir a porta de casa e se recusou a entregar o telefone celular
durante uma busca e apreensão no mês passado. Para Gilmar, os investigados têm
direito a “não autoincriminação”.
O ministro do STF
também considera que a demora em abrir a porta não afeta a investigação porque
a polícia poderia ter forçado a entrada na residência. Gilmar Mendes encerra a
ordem advertindo que vai comunicar o Conselho Nacional de Justiça se a 7ª Vara
Federal do Rio insistir em descumprir decisões do Supremo Tribunal Federal.
Chaaya teve a
prisão decretada na operação “Câmbio, Desligo”, a mesma que investigou o
“doleiro dos doleiros” Dario Messer. A estimativa é que ele tenha movimentado
cerca de US$ 239,75 milhões entre 2011 e 2017 através da remessa ilegal de
valores para offshores a partir de contas no Brasil e no exterior.
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