O governador Carlos
Moisés (PSL) está processando o deputado estadual Jessé Lopes (PSL) por
difamação e injúria pela publicação de um boato em suas redes sociais no dia 25
de maio. Ao órgão especial do Tribunal de Justiça, foi apresentada uma
queixa-crime em nome do governador que pede a prisão por até 1 ano e quatro
meses do deputado. Paralelamente, uma ação indenizatória no valor de R$ 120 mil
foi protocolada na comarca de Florianópolis - esta assinada por Moisés e sua
mulher, Késia Martins da Silva, e defendida pela advogada Raíssa Martins da
Silva, filha do casal.
O boato publicado
por Jessé Lopes apontava o governador como participante de um caso
extraconjugal com uma servidora da Secretaria da Casa Civil, que estaria
grávida. Na queixa-crime, a defesa de de Moisés diz que Jessé “publicou
informações inverídicas acerca do governador do Estado, no intuito único de
difamar e injuriar o querelante, atingindo, propositadamente, tanto a sua honra
objetiva quanto subjetiva, com evidente reflexo também em sua família”.
A ação aponta,
ainda, que a disseminação do conteúdo nas redes sociais Twitter e Instagram do
parlamentar “tomou proporção assustadora na rede social WhatsApp” e que “em
segundos, um número incalculável de pessoas recebeu a postagem difamante e
injuriosa do Querelado, sendo impossível o reestabelecimento do status quo
ante, com a verdade dos fatos”, e que assim “centenas de perfis na rede social
Twitter passaram a comentar o caso de forma jocosa, exaurindo a intenção
primeira do querelado: difamar e injuriar o governador do Estado, ofendendo sua
reputação, dignidade e decoro”.
Jesse Lopes apagou
o comentário cerca de quatro horas após a publicação e em seguida postou uma
“nota de esclarecimento” em que dizia que o boato seria mera analogia com a
compra de 200 respiradores de UTIs pelo governo estadual - investigada em
força-tarefa integrada por Polícia Civil, Ministério Público de SC e Tribunal
de Contas, além de uma CPI na Assembleia Legislativa.
A defesa de Moisés,
conduzida na queixa-crime pelo advogado Marcos Fey Probst, aponta que naquele
momento o boato espalhado pelo parlamentar “já havia se espalhado por todos os
cantos do país” e que a “situação desonrosa trouxe tamanho constrangimento ao
governador do Estado e seus familiares que fora necessária sua manifestação
formal acerca dos fatos”. Considera também que a publicação de Jessé “atingiu a
própria imagem da Assembleia Legislativa e dos demais deputados estaduais”,
lembrando que a “presidência da Assembleia Legislativa do Estado de Santa
Catarina emitiu nota de forma veemente no sentido de não compactuar com
iniciativas que venham a ferir a honra das pessoas”. Ressalta também que o caso
motivou quatro deputados estaduais a protocolarem na Comissão de Ética e Decoro
Parlamentar um pedido de cassação de Jessé Lopes.
A queixa-crime
também aponta que o caso não se enquadra no direito da imunidade parlamentar de
que goza Jessé Lopes, por não ter sido realizada no ambiente da Assembleia
Legislativa e não ter relação com sua função como deputado estadual. Caberá ao
Órgão Especial do TJ-SC decidir se o caso será analisado pela corte - foro
privilegiado dos parlamentares estaduais - ou se encaminha a queixa-crime para
a primeira instância. A pena, caso Jessé seja, condenado é de três meses a um
ano de prisão e multa, agravado em um terço pelo crime ter sido cometido contra
funcionário público e por meio que facilite sua divulgação.
Na ação
indenizatória, a advogada Raíssa Martins, filha do governador, detalha os
veículos de comunicação e jornalistas que reproduziram o boato tendo como fonte
o deputado estadual, assim como reproduz manifestações nas redes sociais de que
acreditou na informação publicada por ele. Além disso, aponta que Jessé Lopes,
em vídeo em que tenta explicar o caso, “confessa que se baseou em meros boatos
para divulgar a informação e, mais que isso, reconhece ter ferido a honra do
requerente e sua família com tamanha leviandade”. Ressalta, por fim, trecho do
vídeo que, segundo a peça, o deputado confessa o crime:
- Eu sou assim, sou
impulsivo, eu penso nas coisas e faço. Às vezes dá certo, às vezes dá errado,
mas eu sou assim - disse Jesse Lopes no vídeo.
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