O Ministério da Educação (MEC) lançou nesta
quinta-feira (11) uma “carta-compromisso” com objetivos para a educação básica
até 2022, além de uma meta-geral para os próximos 12 anos. O texto foi chamado
de “Compromisso Nacional pela Educação Básica”, e deverá ser usado como um
plano estratégico para as políticas da pasta.
O texto inclui pontos como a construção de 4,9 mil creches até 2022,
ampliação da carga horária de escolas públicas para diminuir a evasão escolar,
acesso à internet em escolas rurais, a implantação de colégios cívico-militares
e formação de professores da educação básica por meio de ensino a
distância (veja abaixo os pontos).
“O Brasil tá cheio de
boas iniciativas e é um país com muitos recursos. [...] A gente não tem
alternativa a não ser avançar”, afirmou o ministro da Educação, Abraham
Weintraub.
O secretário de Educação Básica do MEC, Jânio Carlos Endo Macedo,
reconheceu que boa parte da carta-compromisso repete ou expande programas que
já tinham sido criados e implementados em gestões anteriores.
“Para a educação
básica, o que vale é arroz com feijão. É trabalhar muito duro para implementar
as políticas que já estão mais que testadas. Não tem que reinventar a roda.
Para o ensino médio, a gente quer o que? Implementar o Novo Ensino Médio”,
afirmou o secretário de Educação Básica do MEC, Jânio Carlos Endo Macedo.
Prioridades do documento
O documento, debatido com secretários estaduais e municipais da área,
inclui:
-Tornar o Brasil referência em educação básica na América
Latina até 2030
-Construir 4,9 mil creches até 2022, reestruturando o programa
Pró-Infância. Segundo o MEC, menos de 50% das obras previstas foram concluídas
desde 2007.
-Revitalizar o programa “Novo Mais
Educação”, ampliando a carga horária dos
colégios públicos para “diminuir a evasão e melhorar indicadores educacionais”.
-Estimular a adesão ao “Novo Ensino Médio”, com investimentos de R$
230 milhões até o fim do ano.
-Conectar 6,5 mil escolas rurais em todos os estados à internet, com banda
larga por satélite. O MEC prevê investimento de R$ 120 milhões até dezembro,
beneficiando 1,7 milhão de estudantes.
-Implementar 108 escolas
cívico-militares no país até 2023.
Segundo o MEC, o ritmo será de 27 ao ano – uma para cada unidade da Federação.
Nesse modelo, a gestão da escola é compartilhada entre professores, na parte
pedagógica, e militares, em administração e disciplina.
-Estabelecer trilhas de formação de professores da educação básica até 2020,
por meio de “cursos de ensino a distância com a disponibilização e materiais de
apoio e disponibilização de recursos".
Educação básica no foco
Desde que assumiu o governo, o presidente Jair Bolsonaro indicou que
daria prioridade ao ensino básico, criticando uma suposta ênfase de governos
anteriores no ensino superior. Até o momento, no entanto, as diretrizes da
gestão não estavam claras.
Em maio, quando assumiu o Ministério da Educação após a demissão do
ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub foi ao Senado apresentar
os pontos prioritários de gestão. Na ocasião, ele destacou a educação básica, a atenção a resultados e o reconhecimento por
mérito, mas sem prazos definidos.
Nesta quinta, Weintraub disse que a discussão das propostas com estados
e municípios já somava 70 dias.
“Essa iniciativa é fruto do direcionamento do programa de governo do
presidente eleito Jair Messias Bolsonaro, de menos Brasília e mais Brasil. A
gente precisa viabilizar as boas ideias e experiências de sucesso que a gente
já encontra no Brasil todo. Direcionar os recursos de forma menos burocrática”,
disse.
Do ensino infantil aos adultos
O documento é estruturado a partir das etapas da educação básica: ensino
infantil, fundamental, médio, profissional e educação de jovens e adultos
(EJA). Também há eixos ligados à formação de professores, ao fortalecimento da
gestão escolar e à avaliação dos alunos.
“Essa apresentação de
hoje é o marco inicial de um planejamento de médio prazo. A gente espera fazer
a prestação de contas, para a sociedade, de todas essas ações ao longo do
tempo”, afirmou o secretário de Educação Básica do MEC, Jânio Carlos Endo Macedo.
O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
(Undime), Alessio Costa Lima, elogiou a construção compartilhada do documento,
mas afirmou que o que falta “na ponta”, muitas vezes, não é conhecimento
técnico ou meta, e sim, verba pública.
“Para quem faz a gestão nos municípios, sobretudo nos de menor porte, de
fato é um momento bem delicado. A gente tem a intenção de fazer, sabe o que
precisa ser feito, mas nem sempre tem as condições, sobretudo financeiras, para
implementar as políticas que a gente julga ser necessário para implementar uma
educação de qualidade.”
Para além do plano
Ao apresentar o compromisso nacional, Weintraub citou outros pontos que
não estão no texto mas, segundo ele, seriam importantes para uma mudança de
cenário na educação pública.
Um desses pontos, afirma o ministro, é a alteração da meta orçamentária
do Plano Nacional de Educação. Até 2024, a lei prevê que 10% do PIB brasileiro
terá de ser investido no setor.
“Ou a gente muda no PNE ou a gente aumenta imposto, o que eu sou
contra”, disse Weintraub. Segundo o ministro, o governo é favorável a ampliar
os recursos para a educação mas, em contrapartida, quer cobrar “metas de
desempenho” – que ainda não foram detalhadas.
Ainda de acordo com o ministro, nas próximas semanas a pasta vai
apresentar um novo programa para o ensino técnico – a ideia é alcançar 30% dos
estudantes que se formam no ensino médio. Hoje, diz Weintraub, o ensino técnico
só acolhe 8% dos alunos.
Até o fim do mês, o ministro também promete um “projeto para reformular
e libertar as universidades federais, para que elas atinjam o mesmo desempenho
dos países de ponta, no mundo”.
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