A equipe econômica avalia prorrogar o auxílio emergencial fixando uma espécie de transição no valor do benefício até que ele chegue a seu fim. O martelo ainda não foi batido, mas entre as alternativas em estudo está a possibilidade de pagar mais três parcelas em valores decrescentes, de R$ 500 em julho, R$ 400 em agosto e R$ 300 em setembro. A última de três parcelas do auxílio começou a ser paga neste mês, no montante de R$ 600, e qualquer prorrogação com mudança no valor requer aval do Congresso Nacional.
Uma outra proposta aventada pela equipe econômica vinha sendo um pagamento de R$ 300 por mais dois meses, o que seria mais econômico do ponto de vista fiscal, mas menos duradouro para as famílias.
Os técnicos da área
econômica, porém, têm considerado importante haver uma “rampa” de saída do
auxílio, uma espécie de “benefício-ponte” até que o governo consiga pôr de pé o
desenho do “Renda Brasil” , como tem sido chamado o programa que substituirá o
Bolsa Família e será a marca social do governo Jair Bolsonaro.
Na transição de
renda, o objetivo é evitar que o beneficiário se esquive de uma oportunidade de
trabalho formal por temer a perda da ajuda do governo e, depois, ficar sem
renda por causa de uma eventual demissão. No Bolsa Família, por exemplo, o
beneficiário corre o risco de ser excluído do programa caso consiga um emprego
com carteira assinada e a renda ultrapasse meio salário mínimo por pessoa.
A ideia é que, a
cada ganho de renda do trabalho, o beneficiário perca apenas uma parcela da
ajuda que vinha recebendo, até o momento em que se torna “independente” da
renda social. Esse ponto da política estaria relacionado ao desejo da equipe
econômica de incentivar a inserção de trabalhadores informais e por conta
própria no mercado formal de trabalho.
A equipe econômica
ainda analisa quais programas de transferência de renda poderiam ser revistos
para abrir espaço à nova política dentro do teto de gastos, mecanismo que
limita o avanço das despesas à inflação e que hoje tem sido o principal
obstáculo para a criação de novas despesas sem que haja contrapartida de
redução em outros gastos. Nos debates internos, o governo mantém no radar a
possibilidade de incluir cláusulas relacionadas à primeira infância.
A preocupação das
pessoas envolvidas nas discussões é sobre como construir uma estrutura mais
robusta de proteção social sem comprometer as contas públicas no longo prazo. A
avaliação é de que a manutenção do auxílio de R$ 600 até o fim do ano, como
defende movimento Renda Básica que Queremos (que reúne 163 organizações da
sociedade civil), é inviável, assim como a instituição de uma renda universal
no Brasil.
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