O Governo do Estado protocolou junto ao Ministério Público de Santa Catarina na manhã deste sábado, 27, resposta à Recomendação Conjunta n. 1/2021 encaminhada pelo órgão e pelo Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina, o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, a Defensoria Pública do Estado de Santa Catarina e a Defensoria Pública da União.
O documento, assinado por integrantes do Grupo
Gestor de Governo e o secretário de Estado da Saúde, destaca que os promotores
e defensores sustentam sua recomendação baseados quase exclusivamente na
avaliação do Decreto nº 1.168, de 24 de
fevereiro, que trouxe medidas de restrição sem suspensão de
atividades. No entanto, na sexta-feira, 26, o Governo do Estado editou o Decreto
nº 1.172, que determinou a suspensão de diversas atividades e
serviços não essenciais durante este fim de semana.
Neste sentido,
Santa Catarina vive hoje a suspensão de atividades e serviços não essenciais,
como postula a Recomendação Conjunta n. 1/2021. O Decreto nº 1.172 suspende o
funcionamento de diversos serviços e atividades entre as 23h de 26 de fevereiro
às 06h de 1º de março de 2021, bem como no mesmo período entre os dias 5 a 8 de
março. São 55 horas de restrições que acarretam na redução de circulação e
aglomeração de pessoas.
É fato que a
situação se agravou nas últimas semanas e também é fato que o Governo do Estado
está atento e tomando todas as medidas necessárias para mitigar os efeitos da
Covid-19. Trata-se, evidentemente, de um processo permanente e dinâmico, em que
as decisões devem ser tomadas à luz de uma criteriosa avaliação da evolução da
epidemia (em relação a contágio, internações e óbitos), do ritmo de
estruturação da rede pública de saúde (número de leitos abertos, ocupação
hospitalar, estoques de EPIs e de outros insumos e produtos necessários) e dos
impactos socioeconômicos decorrentes das medidas de distanciamento social
implementadas.
É necessário
pontuar, não obstante, que, diante do ineditismo dos fatos, e do ainda limitado
nível de conhecimento existente em literatura científica especificamente sobre
a Covid-19, não há uma fórmula pronta e definitiva de enfrentamento da
pandemia, sendo necessário um acompanhamento diário do progresso da crise.
A resposta destaca
ainda que é necessária a avaliação da eficácia das medidas já adotadas pelo
Governo do Estado, especialmente o Decreto nº 1.172, de 26 de fevereiro de
2021, que estão sendo executadas nesse exato momento, não sendo razoável a
substituição da política pública vigente, amplamente discutida com atores
sociais, técnicos, econômicos e jurídicos, por outra sem orientação técnica.
Com relação à
recomendação que solicita que seja garantida transparência das filas de espera
por leitos de UTI e clínicos no Estado, salienta-se que esta transparência já é
garantida, uma vez que estas informações estão sendo divulgadas constantemente
e, inclusive, são de conhecimento dos órgãos que emitiram a recomendação ora
respondida. De todo modo, serão levadas em consideração as recomendações para
que estas informações se tornem de mais fácil acesso à população; para tanto, a
área técnica necessita de tempo razoável para avaliação.
Em resposta à
recomendação de que se articule junto à União e demais Estados da Federação a
garantia de transferência de pacientes que aguardam por vaga em UTI, informa-se
que tais interlocuções já estão acontecendo. Contudo, o cenário pandêmico está
agravado em todo o país, o que dificulta sobremaneira as transferências
interfederativas.
Com relação à
solicitação dos “estudos técnicos” que justificaram o Decreto Estadual nº
1.168/2021, um documento com exposição de motivos elaborado pelo
Superintendente de Vigilância em Saúde deram ensejo à elaboração do citado
decreto. Neste ponto, salienta-se que, conforme muito bem explanado na
recomendação conjunta ora respondida, a situação sanitária no Estado é
preocupante e demanda a tomada de decisões ágeis e imediatas, o que não se
coaduna com a elaboração de estudos técnicos conclusivos.
Além disso, os
decretos editados nessa última semana deixam clara a possibilidade de os
municípios adotarem medidas mais restritivas, baseados nas realidades locais,
em consonância com a estratégia da regionalização adotada. É fato que a
situação se agravou nas últimas semanas e também é fato que o Governo do Estado
está atento e tomando todas as medidas necessárias para mitigar os efeitos da
Covid-19.
De rigor pontuar
que a atuação do administrador muitas vezes não pode esperar o desenvolvimento
de longos e exaurientes estudos técnicos, uma vez que a velocidade das demandas
sociais não acompanha o ritmo acadêmico. É na experimentação de quadro
valendo-se da matriz de risco com movimentos calculados no sentido de aumento
ou diminuição de restrições, quando necessárias, que se encontra o ponto de
equilíbrio. Por fim, a necessidade de uma avaliação global da questão, sem
descuidar de todos os interesses dos catarinenses e tendo como preponderância a
vida e a saúde da população, exige que as medidas restritivas a serem adotadas
sejam graduais, na medida do possível, evitando-se a quebra da legítima
expectativa depositada pela população sobre as ações de governo.
Cabe acrescentar
que o Governo do Estado entende a gravidade do momento e avalia diuturnamente o
cenário para a adoção de medidas que possam garantir a assistência aos
catarinenses.
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