O presidente Jair Bolsonaro determinou a suspensão do uso de radares de
fiscalização de velocidade móveis em rodovias federais. A ordem foi publicada
nesta quinta-feira (15) no "Diário Oficial da União",
e foi dada ao Ministério da Justiça, responsável pela Polícia Rodoviária
Federal (PRF).
O despacho não especifica quando a medida entra em vigor, mas Bolsonaro
disse na manhã desta quinta-feira que a suspensão passa a valer a partir de
segunda-feira (19).
"A partir de
segunda-feira não tem radar até que o Contran [Conselho Nacional de Trânsito,
órgão do Ministério da Infraestrutura] decida", disse o presidente.
O Ministério da Infraestrutura, que será o responsável pela revisão das
normas, disse ao G1 que não há prazo
definido para que a reavaliação do uso de radares seja realizada e os eles
voltem a ser utilizados.
Questionado sobre quando a suspensão começará efetivamente, o Ministério
da Justiça não respondeu a pergunta e disse que a resposta cabe à Polícia
Rodoviária Federal (PRF).
A PRF, por sua vez, ainda não respondeu até a última atualização desta
reportagem.
A suspensão se aplica aos seguintes
radares:
Estático: instalado em veículo parado ou sobre suporte
Móvel: instalado em veículo em movimento
Portátil: direcionado manualmente para os veículos
Bolsonaro também criticou uma decisão da Justiça que proibiu a suspensão de radares fixos em
rodovias federais. No final de julho, o governo fez um acordo para instalar 1.140 aparelhos para monitorar 2.278
faixas.
"Estamos com o problema na Justiça agora. Vão tirar R$ 1 bilhão
para instalar 8 mil pardares. Com o bilhão, o Tarcísio [de Freitas, ministro da
Infraestrutura] asfalta 300 km de rodovia", afirmou o presidente, se
referindo ao plano inicial de instalação de radares fixos, antes do acordo
judicial.
Na segunda-feira, Bolsonaro havia afirmado que pretendia acabar com os radares móveis no país já na semana que vem.
Na ocasião, ele disse que se tratava de uma decisão dele próprio e que era
"só determinar à PRF [Polícia Rodoviária Federal] que não use mais".
O presidente, no entanto, afirmou que poderia voltar atrás se alguém
"provar que esse trabalho é bom".
Normas de fiscalização serão
revisadas
A suspensão determinada nesta quinta-feira vale até que seja concluída
uma revisão das normas sobre fiscalização eletrônica de velocidade, que deverá
ser feita pelo Ministério da Infraestrutura. A pasta controla o Departamento
Nacional de Trânsito (Denatran) e o Conselho Nacional de Trânsito (Contran),
que definem regras sobre o assunto.
Além disso, a medida exige que o Ministério da Justiça revise os atos
normativos internos sobre o tema.
De acordo com o despacho assinado por Bolsonaro, a suspensão tem como
objetivo “evitar o desvirtuamento do caráter pedagógico e a utilização
meramente arrecadatória” dos equipamentos.
A determinação não se aplica aos radares fixos, que são aqueles
instalados em local definido e de forma permanente.
Impasse sobre radares desde abril
Em maio, Bolsonaro já havia dito que gostaria de acabar com
este tipo de fiscalização em rodovias federais. No entanto, há impasse sobre o
tema desde abril, quando o Ministério da Infraestrutura suspendeu, após ordem
do presidente, a instalação de aparelhos que monitorariam 8 mil faixas em
rodovias federais não concedidas à iniciativa privada.
Dez dias depois, a juíza Diana Wanderlei, da 5ª Vara Federal em
Brasília, determinou que a União não poderia retirar radares eletrônicos, e que
deveria renovar contratos com concessionárias para fornecer aparelhos cujos
contratos estavam prestes a vencer.
No último dia 30, o governo firmou acordo com o Ministério Público Federal, se
comprometendo a instalar 1.140 novos radares em rodovias federais não
concedidas à iniciativa privada.
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