A Avaliação do Risco Potencial de cada Região de Santa
Catarina passará por uma atualização na forma de mapeamento a partir desta
sexta-feira, 2. A Matriz avaliará minuciosamente índices de transmissibilidade,
monitoramento, dimensões, mortalidade e capacidade de atenção nas 16 Regiões de
Saúde do Estado. A mudança na análise dos indicadores propõe um foco maior na
atenção primária, tendo em vista a mudança do momento da Covid-19 em Santa
Catarina.
“Compreendemos que o momento é outro. O gerenciamento tira um pouco o foco
da ampliação da estrutura hospitalar catarinense, que já aumentamos
consideravelmente, e passa a levar em conta o diagnóstico rápido, o
monitoramento e o rastreamento dos contatos”, resume o secretário de Estado da
Saúde, André Motta Ribeiro.
A nova Matriz é construída com o intuito de refletir um retrato mais
coerente com o atual momento do contágio, privilegiando uma avaliação detalhada
e objetivando prevenir novos surtos em potencial. “Não é mais possível olharmos
apenas para a Covid-19, pensando em nível estadual. É necessário compreendermos
realidades regionais”, afirma.
A especialista em Epidemiologia do Centro de Operações de Emergência em
Saúde, Maria Cristina Willemann, reforça que alguns indicadores que constavam
na matriz de risco potencial regional não estarão mais presentes na atualização
da avaliação. Isso porque o monitoramento das regiões projeta deixar a
transmissão sustentada para a fase de recuperação.
“Um dos parâmetros de avaliação da intensidade de fluxos, por exemplo, que
media o papel das grandes cidades na sustentação da transmissão deixa de ser
avaliada. A taxa de afastamentos de profissionais de saúde não será mais
considerada, pois é possível que haja uma imunidade coletiva neste recorte
populacional e o risco de colapso no sistema hospitalar passa a ser muito
menor”, explica Maria Cristina. A epidemiologista ainda acredita que as medidas
adotadas para essa atualização são as mais adequadas para o momento.
Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde, Raquel Ribeiro
Bittencourt, “esse é um trabalho inédito em termos de Vigilância em Saúde e um
trabalho integrado envolvendo a atenção primária”. E destaca que a estratégia
vai promover excelentes resultados no cercamento e no monitoramento dos casos
para evitar possíveis novos surtos.
Confira o que muda na Matriz de Risco Potencial
Com a atualização da ferramenta de Risco Potencial, o mapeamento da
situação nas 16 Regiões de Saúde do Estado passa a considerar de forma mais
analítica os seguintes índices:
Dimensão Evento Sentinela: considera a
mortalidade por Covid-19 como um sinal de alerta que aponta tanto o agravamento
da situação, quanto a possibilidade de ocorrência de grande número de casos não
identificados pelo sistema de saúde. Utiliza dados de informação de óbitos
recebidos e computados no sistema de informação BoaVista. Os parâmetros
considerados provêm da análise da mortalidade por Covid-19 ocorrida no estado
de Santa Catarina durante o ano de 2020. Este indicador é combinado com o Rt
(indica como a epidemia está evoluindo na região) e sua estabilidade
interpretada segundo orientação da OMS.
Dimensão Transmissibilidade: combina informação
sobre a quantidade de casos ativos em relação à população, combinada com a
variação entre o número registrado na semana de avaliação comparada à anterior.
Dimensão Monitoramento: aponta a capacidade
de rastreamento dos casos e contatos, medida por meio das notificações de casos
positivos e negativos; e a capacidade de realização de vigilância ativa da
Covid-19, medida por meio da qualidade do inquérito realizado na comunidade
pela atenção primária em saúde e que busca estimar a taxa de pessoas com
sintomas gripais.
Dimensão Capacidade de Atenção: como já
visto durante o manejo da pandemia, a disponibilidade de leitos hospitalares de
terapia intensiva é extremamente necessária para o manejo de casos graves,
sendo que o risco da região aumenta à medida que sua ocupação também aumenta. É
esperado que leitos de UTI estejam boa parte do tempo ocupados, sendo por
atenção aos casos de SRAG ou outros eventos. Por este motivo, a dimensão
somente será avaliada quando esta taxa supere 60%. A avaliação também ocorrerá
a partir do município de residência dos internados, no entanto, a equipe da SES
ainda trabalha para disponibilizar essa informação. Até ela esteja disponível a
avaliação considerará internação por ocorrência.
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