A partir do próximo ano, os empregadores podem deixar de
pagar a multa adicional de 10% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues,
disse nesta segunda-feira (14) que a extinção da multa deverá constar de uma
mensagem modificativa da proposta de Orçamento para 2020.
O fim da multa abrirá uma folga de R$ 6,1 bilhões no teto de gastos para o
próximo ano. Isso porque o dinheiro da multa adicional deixará de passar pela
conta única do Tesouro Nacional, não sendo mais computado dentro do limite
máximo de despesas do governo.
Atualmente, as empresas pagam 50% de multa nas demissões. Desse total, 40%
ficam com o trabalhador. Os 10% restantes vão para a conta única do Tesouro
Nacional, de onde são remetidos para o FGTS.
A engenharia para transferir os recursos da multa extra ao FGTS pressiona
o teto de gastos. Mesmo o governo não gastando nenhum recurso da multa de 10%,
a simples passagem do dinheiro pela conta única do Tesouro é registrada no cálculo
do teto de gastos.
O sistema atual reduz o espaço do governo para executar despesas
discricionárias (não obrigatórias), como investimentos e gastos com a
manutenção de órgãos e de serviços públicos (como água, luz, telefone e
limpeza).
A mudança depende de medida provisória (MP) ou de projeto de lei e precisa
ser aprovada pelo Congresso. O relator da medida provisória que libera os
saques do FGTS, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), incluiu o fim da multa
de 10% do empregador no texto. No entanto, o secretário especial de Fazenda
disse que o governo pode incluir a extinção da multa na MP que modifica o
Orçamento.
“Essa multa já cumpriu sua função, foi constituída na década de
1970. Ela onera o empregador e traz um incentivo não desejável ao mercado de
trabalho. A medida tem um efeito fiscal, mas do lado da oferta traz melhoria no
custo de contratação”, disse Rodrigues.
O secretário especial disse que a MP com a mensagem modificativa do
Orçamento apresentará outras medidas para “recompor o limite orçamentário de
2020”. O secretário, no entanto, não adiantou nenhuma outra ação.
Cessão onerosa
No início da noite, o governo anunciou a liberação de R$ 7,27 bilhões do
Orçamento de 2019 por causa da inclusão de recursos de dois leilões do petróleo
no cálculo de receitas e despesas. Além do leilão da cessão onerosa,
a ser realizado em novembro, o governo incluiu a arrecadação de R$ 8,9 bilhões
do leilão da concessão de petróleo na camada pós-sal, ocorrido na semana
passada.
O leilão de 5 bilhões de barris excedentes na cessão onerosa renderá R$
106,6 bilhões ao governo, dos quais o governo conta com R$ 70 bilhões da
Petrobras garantidos. Desse total, R$ 52,5 bilhões entrarão no caixa do governo
neste ano, sendo usados para descontingenciar (desbloquear) o Orçamento, e R$
17,5 bilhões serão pagos em 2020.
O secretário-adjunto de Gestão Orçamentária, Bruno Grossi, explicou que o montante de R$ 17,5 bilhões não alivia o cenário de gastos para 2020. Isso ocorre porque a proposta orçamentária do próximo ano está limitada pelo teto de gastos. Para que o dinheiro da cessão onerosa possa ser gasto sem pressionar o limite de gastos, o governo precisa modificar o Orçamento no Congresso, o que ocorrerá “provavelmente” por meio de medida provisória.
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