Equipamentos foram doados à Secretaria de Estado da Saúde
(SES), que faz a distribuição conforme as demandas de cada cidade; aparelhos
são de fabricação catarinense, da GreyLogix, empresa de Mafra que iniciou
produção em 2020, após receber consultoria tecnológica do SENAI no
desenvolvimento do produto
Diante do agravamento da pandemia da Covid-19 no Oeste de
Santa Catarina, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) doou oito
ventiladores pulmonares à região. A entrega ocorreu neste domingo (21), em São
Miguel do Oeste, cidade cujo hospital regional possui 18 leitos de UTI e 16
leitos clínicos destinados ao tratamento de Covid-19, dos quais 33 estão
ocupados. O investimento da FIESC foi de R$ 321,5 mil, incluindo o transporte
aéreo. Os ventiladores são de procedência catarinense.
Os equipamentos foram doados à Secretaria de Estado da Saúde
(SES), que faz a distribuição conforme a demanda de cada região. O suprimento
no Extremo Oeste permite que estes e outros aparelhos do patrimônio da SES
possam ser destinados às demais cidades, conforme a carência de cada uma.
“Ventiladores pulmonares são cruciais nos casos graves da
Covid-19. Por isso, a elevação dos casos da doença fez com que a procura por
esses equipamentos e de seus componentes crescesse substancialmente em todo o
mundo”, afirma o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar. Neste quadro, o
aumento da quantidade dos respiradores artificiais foi uma das estratégias da
Federação no enfrentamento da pandemia. A ação foi desenvolvida em várias
frentes. Uma delas foi o conserto de aparelhos avariados e que estavam fora de uso
nas UTIs, realizada pelo Instituto SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura.
Outra frente foi a doação de outros dez aparelhos por meio de recursos
angariados por meio do Fundo Empresarial para Reação Articulada de Santa
Catarina Contra o Coronavírus (FERA-SC), mobilizado pela FIESC. A terceira
frente foi o apoio à produção nacional dos respiradores, também por meio dos
Institutos SENAI. A ação mobilizou nove indústrias, em seis projetos e
viabilizou a produção de mais de 8 mil unidades mensais dos aparelhos.
Fabricação catarinense
Foi nesta ação que se encaixou o caso da GreyLogix, que é
focada em automação industrial e tem unidades nas cidades catarinenses de Mafra
(matriz), Joinville, Florianópolis, Blumenau e Canoinhas; no Paraná em Rio
Negro e Curitiba, e em Sertãozinho, no estado de São Paulo. No início da
pandemia, a direção e equipe técnica constataram que a escassez de ventiladores
pulmonares seria uma das graves dificuldades no enfrentamento da pandemia. Por
isso, resolveu contribuir para suprir as necessidades. Segundo o executivo
Renato Leal, a estratégia foi criar um modelo modular, com componentes já
existentes no mercado, para acelerar o processo de fabricação. “Tendo as peças
em mãos, um funcionário pode montar três aparelhos por dia”, explica. Ele
acredita que, se houver demanda, sua capacidade de produção seja de 30
aparelhos por dia. Os pontos críticos do desenvolvimento do produto tiveram
suporte tecnológico dos Institutos SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura
e em Processamento a Laser, ambos localizados em Joinville. A empresa obteve a
homologação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no prazo
recorde de 120 dias. Por um “dever moral”, nas palavras de Leal, os aparelhos
que a FIESC doou ao Oeste de Santa Catarina foram vendidos a um preço mais
acessível.
O transporte dos aparelhos foi feito pelo Aeroclube de Santa
Catarina, numa articulação do Comitê da Indústria da Defesa (Comdefesa) da
FIESC, presidido pelo industrial César Olsen. Os aparelhos chegaram em São Miguel
do Oeste pela manhã.
Mão estendida do
empresário
“O Sistema FIESC sempre foi ativo nas questões sociais e não
está sendo diferente justamente agora, quando temos uma grande necessidade”,
afirmou Olsen, referindo-se também a outras iniciativas da entidade em
situações de calamidade pública, como as enchentes. Ele destacou ainda que a
solidariedade empresarial tem sido expressiva também nesta pandemia.
“Nesse momento é bastante importante o envolvimento do setor
empresarial, neste caso pela FIESC”, disse Rodrigo Lopes, diretor geral do
Hospital Regional Terezinha Gaio Basso. “Vivemos um momento bastante difícil,
estamos com 18 leitos de UTI e chegam bastante pacientes ao pronto-socorro com
necessidade de intubação. A gente precisa desse contingente de equipamentos
para ter a condição de tratar os pacientes. São equipamentos que dependem
apenas da rede de oxigênio para poder manter a vida do paciente através de
respiração artificial, além, evidentemente, da equipe médica e dos insumos”,
observou.
“É a mão estendida do empresário, apoiando o poder público,
que não está conseguindo atender a população nesta hora de dificuldade na
saúde”, afirmou o prefeito de São Miguel do Oeste, Wilson Trevisan. “A região
agradece a FIESC por esta iniciativa”, destacou.
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