Jovem perdeu avó, mãe e irmão para o coronavírus: 'Minha família acabou'

Marina Angélica Reversi (centro) perdeu, em dez dias, o irmão, a avó (à dir.) e a mãe (à esq.), vítimas do novo coronavírus

Marina Angélica Reversi (centro) perdeu, em dez dias, o irmão, a avó (à dir.) e a mãe (à esq.), vítimas do novo coronavírus

02/06/2020 - 10h19

"Estou passando pelos momentos mais difíceis da minha vida. Minha mãe era tudo para mim. Mas tenho que engolir o choro e seguir. Tenho um irmão mais novo e uma filha de 5 anos para cuidar. Eles dependem de mim". O desabafo é de Marina Angélica Reversi, 27 anos, que em dez dias perdeu o irmão, a avó e a mãe, vítimas do novo coronavírus.

A família é moradora de Guapiaçu, interior de São Paulo. O auxiliar de produção Jaiel Reversi, 29, morreu no dia 23 de maio, após ficar cinco dias internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital de Base, em São José do Rio Preto. Apesar da pouca idade, ele tinha comorbidades, como obesidade, hipertensão e diabetes, que agravaram seu estado de saúde.

Quatro dias depois da internação de Jaiel, Diva Marques Moreira dos Santos, 80, teve um infarto e foi internada no mesmo hospital em que o neto estava. Ela também foi diagnosticada com coronavírus. A idosa morreu no sábado (30). Na madrugada de hoje, dois dias depois do falecimento da idosa, a doméstica Marlene Moreira dos Santos, 51, também morreu de covid-19. Ela estava internada desde o dia 20 de maio em coma na UTI do mesmo hospital. "Minha mãe estava em coma e não ficou sabendo de nada do que estava acontecendo, da morte do filho e da mãe dela. Foi tudo tão rápido que às vezes ainda não acredito", conta Marina, que teve de enterrar os três parentes sozinha. 

De acordo com Marina, a mãe, o irmão e a avó apresentaram os primeiros sintomas da doença, como perda do paladar e tosse, na mesma semana em que foram internados. Os três moravam na mesma casa. O outro irmão de Marina, um adolescente de 14 anos, que também residia no imóvel, fez exame, mas o resultado foi negativo para coronavírus. "Não sabemos quem pegou primeiro. Acreditamos que foi a minha mãe, porque ela era a única que saía. Não tinha como ela ficar em casa, porque ou ela ia trabalhar ou eles passavam fome", lembra a jovem, que perdeu o emprego por causa da pandemia.

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