A Vara Criminal de Tijucas, na Grande Florianópolis, aceitou na noite desta
sexta-feira (4) a denúncia contra o casal acusado pela morte de uma grávida de
24 anos em Canelinha, na mesma
região. O corpo foi encontrado há uma semana em uma cerâmica abandonada e a
bebê foi retirada do ventre dela com um estilete.
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), que fez
a denúncia, afirmou que a situação da criança é acompanhada pela 2ª Promotoria
de Justiça de Tijucas. Como se trata de uma menor de idade, o órgão não passou
detalhes sobre o estado de saúde da menina.
A defesa do homem acusado informou na noite desta
sexta que não havia sido notificada até às 19h30. O acusado está preso no Presídio Regional de Tijucas e a
acusada, no Presídio Regional de Chapecó, no Oeste catarinense.
Os dois tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva pela
Justiça. Eles foram presos no sábado (29), um dia após o corpo da vítima ser
encontrado.
Em relação à grávida, o MPSC denunciou o casal por homicídio qualificado por
motivo torpe e fútil, com meio cruel, dificultando a defesa da vítima, para assegurar
a execução de outro crime (a substração da criança) e durante a gestação da
vítima. Em relação à bebê, o Ministério Público afirmou que houve tentativa de
homicídio qualificado sem chance de defesa para a vítima. Além disso, o casal
foi denunciado por subtração de um menor, dizerem que a bebê era filha deles e
ocultação do cadáver da grávida. A mulher ainda foi denunciada por fraude
processual.
O nome da grávida morta não foi divulgado pois há risco que se chegue
assim à identidade da recém-nascida, que tem o direito à preservação de sua
identificação garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Denúncia
De acordo com o MPSC, em 27 de
agosto, por volta das 17h, na cerâmica abandonada, no bairro Galera, em
Canelinha, o casal executou o plano que tinha combinado. Para isso, a mulher
acusada, que era amiga da grávida, disse à vítima que faria um chá de bebê e
atraiu a jovem para o local.
Em seguida, a acusada pegou um tijolo e golpeou a
grávida até que a vítima ficasse inconsciente. Depois, a denunciada usou um
estilete para cortar a barriga da jovem enquanto ela ainda estava viva e tirou
a bebê do ventre dela. Esse corte causou a morte da grávida,
que teve hemorragia.
Depois, a acusada se encontrou com o companheiro. Eles
foram juntos à Fundação Hospitalar Municipal de Canelinha e disseram que a
denunciada tinha acabado de ter a bebê e que os dois eram os pais da criança.
Os funcionários da unidade de saúde viram que a menina tinha cortes no corpo e
fizeram a transferência dela ao Hospital Infantil Joana de Gusmão, em
Florianópolis, melhor equipado para lidar com esse tipo de ferimento em
crianças.
O MPSC argumentou que o casal assumiu o risco de a bebê morrer, já que, além da
forma como a criança foi retirada do ventre da grávida, o estilete ainda
provocou cortes na menina.
A acusada foi denunciada por fraude processual por ter pegado o celular e outros objetos
pessoais da grávida. Esse material foi guardado por ela no
apartamento do casal, em Canelinha. Ela ainda, conforme havia combinado com o
companheiro, escondeu o corpo da jovem morta dentro de um forno de cerâmica
desativado. O cadáver foi encontrado no dia seguinte.
Investigação
O delegado Paulo Alexandre
Freyesleben e Silva, que investiga o caso, afirmou que a suspeita alegou ser
amiga da vítima há muitos anos. De acordo com ele, as informações reunidas na
investigação apontam para um crime premeditado por dois meses.
"O relato que ela [a suspeita] nos deu foi o
seguinte. Ela engravidou em outubro do ano passado, perdeu esse bebê em janeiro
deste ano e não relatou absolutamente nada para a família, inclusive ao marido,
segundo ela. Ela manteve a alegação da gravidez e cerca de uns quatro ou cinco
meses após esse abortamento que ela teve, ela começou já a cogitar o homicídio
da vítima em razão da coincidência de prazos da gestação e da
proximidade", afirmou.
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