Nesta quarta-feira (25), o juízo da 3ª Vara Federal de Foz
do Iguaçu (PR) deferiu o pedido do Ministério Público Federal (MPF) referente à
destinação ao combate à covid-19 de parte dos valores de colaboração firmados
na Operação Pecúlio/Nipoti. Mais de R$ 1 milhão será destinado ao Hospital
Municipal Padre Germano Lauck, em Foz do Iguaçu, referência para tratamento da
doença da região.
A Operação Pecúlio/Nipoti contou com 16 acordos de colaboração premiada
que totalizam mais de R$ 9 milhões em multa e reparação de danos na esfera
cível, porém a decisão – neste momento – refere-se somente ao dinheiro que já
estava depositado, totalizando R$ 1.041.353,52. Outros cerca de R$ 4,4 milhões
já foram anteriormente utilizados para obras na área da saúde e maquinários
para o setor de obras, além de alguns insumos adicionais.
Na decisão, o juiz destaca a importância da iniciativa: “Embora o valor arrecadado
a título de indenização cível, em decorrência dos acordos de colaboração
premiada firmados no âmbito da Operação Pecúlio/Nipoti possua natureza diversa
das verbas indicadas na resolução do Conselho Nacional de Justiça e na
orientação emanada da Corregedoria Regional da Justiça Federal da 4ª Região, é
fato que, no atual cenário, se mostra coerente que sejam imediatamente
utilizados para aquisição de materiais e equipamentos médicos necessários ao
enfrentamento da pandemia covid-19, no âmbito de seu respectivo destinatário, o
Hospital Municipal Padre Germano Lacuk, administrado pela Fundação Municipal de
Saúde – FMS, sob fiscalização da Procuradoria da República em Foz do Iguaçu
(PR), tudo em conformidade com aquilo que foi convencionado quando da assunção
do compromisso de colaboração premiada”.
Na esfera penal, dez ações estão em andamento. A decisão mais recente foi
em 4 de fevereiro deste ano, quando Reni Pereira ex-prefeito de Foz do Iguaçu
foi condenado a 11 anos de prisão.
Entenda o caso - As
apurações revelaram a existência de uma organização criminosa na gestão de Reni
Pereira (2013 a 2016) estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de
tarefas, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagens de
natureza econômica e pessoal, por meio da prática de graves infrações penais,
como corrupção ativa, passiva, peculato, fraude à licitação, entre outras.
Articulada e planejada antes mesmo da posse de Reni Pereira como prefeito,
a organização criminosa iniciava-se no topo da cadeia de comando do Poder
Executivo municipal e ramificava-se, passando pelas secretarias, diretores e
demais ocupantes de cargos comissionados, além de agentes externos
representados por empresários de vários setores.
O modo de operação consistia na manipulação das principais ações da
prefeitura para desviar recursos públicos e obter vantagens indevidas por meio
de contratos firmados ilicitamente com a prefeitura, além da exigência de
vantagens de empresários, cujas empresas já prestavam serviços ao ente público ou
tinham interesse para tanto.
Autos nº: 5005071-30.2016.404.7002
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