Para dar mais
efetividade às medidas protetivas proferidas pelo Poder Judiciário de Santa
Catarina (PJSC), a Corregedoria-Geral da Justiça (CGJ), Coordenadoria da Mulher
em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid) e Grupo de Monitoramento
e Fiscalização (GMF) editaram a Orientação Conjunta n. 34/2020, que versa sobre
o botão do pânico e o monitoramento eletrônico na violência doméstica. O tema
foi detalhado nesta quinta-feira (10/9) durante o programa Palavra do
Presidente. No Estado, 645 mulheres com medidas protetivas utilizam o
botão do pânico no aplicativo PMSC Cidadão.
A coordenadora da
Cevid, desembargadora Salete Silva Sommariva, lamentou os 34 feminicídios
registrados neste ano em Santa Catarina. Ela observou que os problemas
anteriores à pandemia da Covid-19 tomaram uma maior proporção com a necessidade
do isolamento social. "Apesar de todos os esforços conjugados entre o
Judiciário, a Polícia Militar e a Polícia Civil, ainda temos esses resultados.
Fico pensando como seria se não houvesse essa rede. É lamentável que um dos
estados mais prósperos da nação, economicamente e culturalmente, tenha números
assustadores. Agora, surgiu a necessidade de expandir o botão do pânico e o
monitoramento eletrônico, respectivamente, para as vítimas de violência
doméstica e agressores", observou a desembargadora.
O juiz-corregedor
do Núcleo V - Direitos Humanos, Rodrigo Tavares Martins, apontou a necessidade,
em casos de urgência, de a vítima entrar em contato com o poder público o mais
rápido possível e de a polícia saber por onde anda o agressor. No Estado, são
mais de 10 mil pedidos de medidas protetivas somente neste ano. Para dar mais
segurança às vítimas, um grupo de trabalho integrado pelo Deap (Departamento de
Administração Penal), Polícia Militar e Judiciário catarinense estabeleceu
protocolos para uma resposta efetiva dos órgãos de segurança.
O botão do pânico
aciona em tempo real a viatura mais próxima do local onde a vítima estiver
naquele momento, de forma rápida e efetiva. "Percebemos a necessidade de
regulamentar as questões de procedimentos para dar efetividade às medidas
protetivas, porque a violência doméstica é sistemática e progressiva. Com isso,
após o deferimento de uma medida, os mandados de monitoramento devem ser
cumpridos imediatamente, assim como as informações da vítima e do agressor
devem ser compartilhadas em detalhes com a PM e o Deap, para evitar novos
crimes", anotou o juiz-corregedor.
A área de exclusão
onde o agressor não pode transitar é estabelecida pelo magistrado. O major
Mauro Almir Marzarotto Júnior, chefe da Seção de Doutrina e Emprego do Estado
Maior Geral e coordenador da Rede Catarina de Proteção à Mulher da PMSC, lembra
que o botão do pânico só está à disposição das mulheres com medidas protetivas.
"No aplicativo PMSC Cidadão, disponível nas plataformas Android e IOS,
qualquer pessoa pode ter acesso aos serviços da Polícia Militar, como o
registro de ocorrências, denúncias e conhecimento das redes de proteção. Já o
botão do pânico é exclusivo para as mulheres com medidas protetivas deferidas
pelo Judiciário - são 645 cadastradas no Estado. A partir daí a vítima recebe
orientações e visitas preventivas da Rede Catarina. Vale ressaltar que a vítima
só passa a ser monitorada após o acionamento do botão", esclarece o
oficial da PM.
O gerente de
Monitoramento e Controle Penitenciário do Deap, Márcio do Nascimento, destacou
a necessidade de ter informações completas para conseguir acompanhar a
localização do agressor. Com a área de exclusão delimitada, a tornozeleira
eletrônica do agressor apita e vibra informando que a região é proibida.
"Também entramos em contato com o monitorado para comunicá-lo da proibição
de sua permanência em determinado local. Simultaneamente, a Polícia Militar e a
vítima também são avisadas da infração. Por isso a importância de manter as
informações atualizadas, principalmente em caso de troca de endereço da
vítima", exemplificou o gerente.
Em Santa Catarina,
1.592 pessoas utilizam tornozeleiras eletrônicas por diferentes crimes, sendo
867 no regime provisório (onde estão os monitorados por violência doméstica),
428 no regime semiaberto, 280 no regime fechado e 17 no regime aberto.
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