Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O Ministério da
Educação (MEC) anunciou parcerias com o Google e com a Microsoft. Alunos e
professores da educação básica no país poderão acessar ferramentas das empresas
voltadas à educação e compartilhamento de conhecimento e informações de maneira
gratuita. Os acordos fechados fazem parte de um programa para recuperação das
aprendizagens na Educação Básica, área que passou por grandes dificuldades
durante a pandemia da Covid-19.
Segundo dados
coletados pelo Inep para a elaboração do Censo Escolar 2021, 99,3% das escolas
no país, tanto públicas quanto particulares, tiveram de suspender as aulas
presenciais. Na rede pública, apenas 5% das escolas conseguiram retornar às
atividades presenciais, índice que foi bem mais alto nas escolas privadas, com
29% retomando as atividades in loco. Em relação às estratégias digitais para
tentar manter as atividades letivas, 88% das escolas públicas adotaram reuniões
virtuais para planejar e monitorar as atividades, mas o número de escolas
públicas que fizeram uso das plataformas do Google ou da Microsoft cai para 31%
e 35%, respectivamente. Os meios mais usados foram WhatsApp, Zoom e
semelhantes, adotados por 85% das escolas da rede pública.
O acordo com o
Google permite que quatro plataformas voltadas à educação possam ser usadas,
incluindo um pacote de ferramentas com planos de aulas e atividades. A parceria
com a Microsoft, por sua vez, permite o acesso gratuito ao pacote de programas
disponíveis on-line.
O professor
pesquisador Instituto Expert Brasil, Afonso Galvão, apontou que a ampliação do
acesso a essas ferramentas é, de fato, desejável, mas o problema que antecede a
implantação desse tipo de solução é de ordem material.
“Há um problema aí
que é de ordem material e anterior. As escolas precisam de acesso à internet,
de acesso de qualidade à internet. Os estudantes precisam de acesso à internet
e precisam também de instrumentos, né, capazes de prover esse acesso. De
celulares, de notebooks, de tablets, de instrumentos capazes desse acesso”,
afirmou.
O ministro da
Educação, Victor Godoy, reconheceu que há dificuldade no acesso a essas
tecnologias e a dispositivos digitais pelos alunos mais vulneráveis da rede
pública de educação e disse que o problema precisa ser enfrentado em conjunto
com estados e municípios. O Censo Escolar de 2021, mostra que a região Norte do
país tem menos escolas com internet disponível. A proporção é inferior a 60%
das escolas com conectividade nos estados do Acre, Amazonas, Pará, Maranhão,
Roraima e Amapá. Os percentuais variam entre 70% e 100% nas demais regiões do
país.
"Qualquer
desafio de infraestrutura, de conectividade, passa, necessariamente, por uma
articulação União, estados e municípios. O que estamos fazendo nessa
perspectiva é fortalecer a colaboração, levando aos entes processos
estruturados de implantação de tecnologia”, disse ele.
O pesquisador
Afonso Galvão também destacou que é necessário qualificar os professores para
que as plataformas sejam usadas, uma vez que elas não são as responsáveis por
formular e aplicar os conteúdos. "Para saber se isso vai funcionar ou não,
temos que esperar e ver como as primeiras iniciativas de fato ocorrerão”,
completou.
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