O ministro da
Justiça, Sérgio Moro, avisou que deixará o governo após o presidente Jair
Bolsonaro comunicá-lo que trocará o comando da Polícia Federal, atualmente
ocupada por Maurício Valeixo. É a segunda vez que o presidente ameaça impor um
novo nome na cúpula da corporação.
Valeixo foi
escolhido por Moro para o cargo no início do ano passado. O delegado comandou a
Dicor (Diretoria de Combate do Crime Organizado) da PF e foi Superintendente da
corporação no Paraná, responsável pela Lava Jato, até ser convidado pelo
ministro, ex-juiz da Operação, para assumir a diretoria-geral.
Embora a indicação
para o comando da PF seja uma atribuição do presidente, tradicionalmente é o
ministro da Justiça quem escolhe.
Ministro não deve aceitar troca
Interlocutores de
Valeixo dizem que a tentativa de substituí-lo ocorre desde o início do ano, mas
que não teria relação com o que aconteceu no ano passado, quando Bolsonaro
tentou pela primeira vez trocá-lo por outro nome. Na ocasião, o presidente teve
que recuar diante da repercussão negativa que a interferência no órgão de
investigação poderia gerar.
Aliados de Moro
afirmaram ao Estado que o ministro não vai aceitar a troca de Valeixo nas
condições que o presidente está colocando, de “cima para baixo”.
No ano passado,
após Bolsonaro antecipar a saída do superintendente da corporação no Rio de
Janeiro, ministro e presidente travaram uma queda de braço pelo comando da PF.
Em agosto, o
presidente antecipou o anúncio da saída de Ricardo Saadi do cargo, justificando
que seria uma mudança por “produtividade” e que haveria “problemas” na
superintendência.
A declaração
surpreendeu a cúpula da PF que, horas depois, em nota, contradisse o presidente
ao afirmar que a substituição já estava planejada e não tinha “qualquer relação
com desempenho”.
Nos dias seguintes,
Bolsonaro subiu o tom. Declarou que “quem manda é ele” e que, se quisesse,
poderia trocar o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.
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