A defesa do
ex-ministro Sérgio Moro cobrou investigações sobre as ‘circunstâncias anormais’
envolvendo o decreto que exonerou Maurício Valeixo da direção-geral da Polícia
Federal, em abril. Em ofício, a Secretária-geral da Presidência admitiu à PF a
assinatura de Moro foi inserida no documento, mas disse se tratar de
‘procedimento técnico’.
“A respeito do
decreto de exoneração do ex-Diretor-Geral da Polícia Federal, Dr. Maurício
Valeixo, a Defesa do ex-Ministro Sérgio Moro informa que não houve coleta de
assinaturas físicas nem eletrônicas de nenhuma das autoridades com
atribuição para o ato”, afirmou o advogado Rodrigo Sánchez Rios, que defende
Moro.
“O ex-Ministro não
foi previamente consultado sobre a exoneração, com a qual, inclusive, ele
não concordou. É preciso, portanto, a apuração das circunstâncias anormais
envolvidas na publicação oficial”, continuou.
O governo alega que
a praxe administrativa envolvendo decretos de exoneração é publicar o ato com a
‘inclusão da referenda do ministro ou ministros que tenham relação com o ato’.
“Após a publicação em diário oficial, quando for o caso, é que haverá a
colheita da assinatura da referenda no documento físico”, justificou a
Secretaria-geral.
Moro renunciou ao
governo no mesmo dia da publicação do decreto que exonerava Valeixo e acusou o
Planalto de ter inserido sua assinatura sem sua autorização. A declaração levou
o procurador-geral da República Augusto Aras a investigar o presidente Jair
Bolsonaro por falsidade ideológica no mesmo inquérito que apura suposta
interferência na Polícia Federal.
O decreto com a exoneração de
Valeixo foi posteriormente republicado, sem a assinatura de Moro, e com a
justificativa de que foi registrado uma ‘incorreção’ no ato anterior.
Em depoimento à Polícia Federal,
Moro ressaltou que não assinou o decreto de exoneração de Valeixo e tampouco
recebeu qualquer pedido escrito ou formal do ex-diretor-geral. Segundo o
ex-ministro, os decretos relacionados à exoneração de servidores ‘sempre eram
assinados previamente’ pelo sistema eletrônico do governo antes de serem encaminhados
ao Planalto.
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