Nova variante da Covid-19 derrota tratamento com plasma e pode reduzir eficácia de vacinas

21/01/2021 - 07h07

A nova variante da Covid-19 detectada na África do Sul consegue driblar os anticorpos que a atacam em tratamentos que utilizam o plasma sanguíneo de pacientes recuperados da doença, e pode reduzir a eficácia da atual linha de vacinas, disseram cientistas nesta quarta-feira.

Pesquisadores tentam estabelecer se as vacinas que estão sendo lançadas em todo o mundo neste momento são eficazes contra a variante batizada de 501Y.V2, identificada por especialistas em genoma sul-africanos no final do ano passado em Nelson Mandela Bay.

“Essa linhagem exibe um escape completo de três classes de anticorpos monoclonais terapeuticamente relevantes”, escreveu a equipe de cientistas de três universidades sul-africanas, que trabalham em conjunto com o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis (NICD, na sigla em inglês), em um artigo publicado na revista bioRxiv.

“Além disso, a 501Y.V2 mostra escape substancial ou completo de anticorpos neutralizantes de plasma convalescente de Covid-19”, afirmaram, acrescentando que as conclusões “ressaltam a perspectiva de reinfecção… e podem prenunciar a eficácia reduzida de vacinas atuais à base da proteína spike”.

A variante 501Y.V2 é 50% mais infecciosa do que as anteriores, disseram pesquisadores sul-africanos nesta semana. Ela já se espalhou por pelo menos 20 países desde que foi reportada à Organização Mundial da Saúde (OMS), no final de dezembro.

A 501Y.V2 é uma das diversas variantes descobertas nos últimos meses —entre elas, estão uma inicialmente detectada na Inglaterra e outra no Brasil.

A variante é a principal causa da segunda onda de infecções por Covid-19 na África do Sul, que no início deste mês registrou uma máxima diária de 21 mil casos, muito acima da primeira onda, antes de recuar para o patamar de 12 mil casos por dia.

O plasma sanguíneo convalescente de pessoas curadas não se mostrou eficaz quando administrado em pacientes com casos graves da doença, que exigem terapia intensiva, mas foi aprovado em diversos países como uma medida de emergência.

Cientistas e políticos britânicos expressaram preocupação de que as vacinas atualmente em uso ou em desenvolvimento possam ser menos eficazes contra a variante.

O artigo afirmou que ainda não se sabe o quão eficazes as vacinas atuais são contra a 501Y.V2, o que só será determinado por ensaios clínicos em larga escala. Os resultados, porém, mostraram a necessidade de que novas vacinas sejam elaboradas para o combate à ameaça, acrescentou.

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