As novas normas de
segurança e saúde do trabalho, sancionadas nesta terça-feira (30)
pelo presidente Jair Bolsonaro, gerarão economia de pelo menos R$ 68
bilhões nos próximos dez anos. A estimativa foi divulgada pela Secretaria de
Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia durante a solenidade de
assinatura das novas regras.
As mudanças
abrangem três das 36 normas reguladoras (NRs). A NR 1, que trata das
disposições gerais sobre saúde e segurança no trabalho; e a NR 12, que dispõe
sobre a segurança na operação de máquinas e equipamentos, tiveram a redação
modernizada, com regras menos rígidas. A NR 2, que previa inspeções prévias,
foi revogada.
Segundo o
secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia,
Rogério Marinho, todas as normas foram debatidas por representantes do governo,
dos trabalhadores e dos empregadores na Comissão Tripartite Paritária
Permanente. Ele reiterou que os padrões internacionais de diálogo social e de
segurança continuarão a ser respeitados e que a revisão das normas teve como
objetivo reduzir a burocracia e o custo Brasil (custo para produzir no país).
O ministro da
Economia, Paulo Guedes, disse que o governo está tirando amarras da economia,
ao pôr em marcha a reforma da Previdência e a modernização das relações de
trabalho. “As relações no Brasil são obsoletas e representam armas de destruição
em massa de empregos. Hoje temos de 30 [milhões] a 40 milhões de
brasileiros sem emprego, na informalidade ou desalentados”, declarou.
Para o
ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o governo deu um passo importante
para “tirar o Estado do cangote do cidadão”. Para ele, a revisão das normas
pretende facilitar a criação de empregos principalmente nas empresas de menor
porte. “O Brasil que queremos é o Brasil simplificado, desburocratizado. As
medidas têm endereço certeiro, a micro e pequena empresa, que é o grande
empregador brasileiro. Nossa meta para o segundo semestre é emprego, emprego e
cada vez mais emprego”, discursou.
Desburocratização
A NR 1 terá
tratamento diferenciado para os pequenos empregadores, flexibilizando as regras
de segurança e de saúde. As micro e pequenas empresas serão dispensadas de
elaborar programas de prevenção de riscos ambientais, de controle médico e de
saúde ocupacional, caso não atuem em atividades com riscos químicos, físicos ou
biológicos.
O novo texto da NR
1 também moderniza as regras de capacitação. O tema que, estava disperso em 232
itens, subitens, alíneas ou incisos de outras NRs, agora terá um capítulo exclusivo
dentro da norma. Será permitido o aproveitamento total ou parcial de
treinamentos quando um trabalhador muda de emprego dentro da mesma atividade.
Segundo a SPE, essas medidas devem gerar economia de R$ 25 bilhões em dez anos.
Criada na década de
1970 e revisada em 2010, a NR 12, conforme a comissão tripartite, era
considerada de difícil execução, pois não estava alinhada com normas
internacionais de proteção de máquinas e trazia insegurança jurídica por
dúvidas sobre a correta aplicação. De acordo com a SPE, a atualização reduzirá
os custos para a indústria em R$ 43,2 bilhões nos próximos dez anos, resultando
em aumento de 0,5% a 1% da produção industrial.
Com redação de
1983, a NR 2 exigia uma inspeção do trabalho prévia para abrir pequenos negócios,
como lojas em shopping. De acordo com o Ministério da Economia, a revogação
diminui a burocracia e reduz a intervenção estatal na iniciativa privada.
Consolidação
O governo também
anunciou a consolidação de cerca de 160 decretos sobre normas de trabalho em
quatro textos. Um primeiro grupo de decretos abrange 19 textos que tratam de
direitos trabalhistas dispostos em várias leis, como gratificação natalina,
vale-transporte e autorização para desconto em folha de pagamento, entre
outros. O segundo texto agrupa 51 decretos que regulamentam 36 profissões. Oito
decretos que tratavam de legislações antigas, sem efeitos nos dias atuais,
foram revogados.
O terceiro texto
agrupa os decretos relativos às convenções da Organização Internacional do
Trabalho (OIT). Até o momento, o Brasil ratificou 97 convenções, das quais 77
estão em vigor. Os textos originais dos decretos e a ordem cronológica em que
foram adotadas no país foram mantidos.
Por fim, a
Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia propõe a edição de decreto
para regulamentar o Conselho Nacional do Trabalho e a Comissão Tripartite
Paritária Permanente. De acordo com o governo, o texto pretende viabilizar o
diálogo social relativo às relações de trabalho e às normas de segurança e
saúde no trabalho.
Redução de
acidentes
Marinho também
anunciou que pretende construir uma estratégia nacional para a redução de
acidentes de trabalho. Ainda este ano, o governo iniciará a revisão da Política
Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, instituída por decreto em 2011. Além
disso, um acordo de cooperação entre a Secretaria Especial de Trabalho e
Previdência e as Federações das Indústrias dos Estados do Rio de Janeiro
(Firjan) e de Santa Catarina (Fiesc) prevê o desenvolvimento de ações para
reduzir as ocorrências e a incidência de doenças ocupacionais.
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