Santa Catarina está
próxima de sediar um terminal para recepção de gás natural liquefeito, na Baía
da Babitonga, em São Francisco do Sul, que vai ampliar em 50% a oferta de gás
natural para a Região Sul. O projeto da multinacional norueguesa Golar Power é
de investimento de US$ 100 milhões e prevê o fornecimento de gás natural para o
Gasbol, por contêineres de GNL e também para uma usina térmica em Garuva, um
empreendimento da Engie Brasil Energia.
Após quase dez anos
em tramitação, o projeto de lei 6407/2013, que institui o marco regulatório do
gás natural, também conhecido como Nova Lei do Gás, foi aprovado na Câmara dos
Deputados em setembro e agora se encontra em análise no Senado. O texto prevê a
autorização em vez de concessão, para o transporte de gás natural e estocagem
em jazidas esgotadas de petróleo.
A expectativa
também é de que a Nova Lei do Gás reduza a burocracia na construção de
gasodutos, tubulações utilizadas para transportar gás natural, contribuindo
assim para a diminuição de custo no transporte, geração de empregos e
principalmente atração de investimentos, como o projeto catarinense.
O senador Dário
Berger (MDB/SC) destacou a importância da nova regulação, que é energia
essencial para diversos segmentos. “A aprovação desse projeto vai beneficiar
diversos setores da indústria brasileira, vai trazer também modernização,
atrair investimentos, desburocratizar processos, gerar emprego e renda e,
sobretudo, impactar o dia a dia do consumidor, que pagará mais barato pelo
nosso gás de todos os dias. Certamente esse grande potencial energético do
Brasil pode ser um marco de crescimento na retomada da nossa economia”,
pontuou.
O gás natural
consumido pela indústria brasileira, produzido no País e na Bolívia, já é um
dos mais caros do mundo. Segundo dados da empresa de embalagens de vidro
Owens-Illinois, a maior do mundo, o preço atingiu mais que o dobro do valor
negociado em países desenvolvidos como os EUA e o Reino Unido, e quase o triplo
em relação ao insumo comprado em nações em desenvolvimento como o México.
Um estudo da
Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que se o preço chegar à metade
do valor praticado hoje, os investimentos na economia podem triplicar em dez
anos.
O diretor de
eletricidade e gás da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia
(Abraceel) e coordenador-adjunto do Fórum do Gás, Bernardo Sicsú, avaliou como
a abertura do mercado de gás pode impulsionar investimentos no setor e
alavancar a agenda de crescimento econômico do país.
“O gás natural tem
um potencial fantástico no país, tanto na produção quanto no consumo e a nova
lei do gás vem estabelecer um regramento que vai estimular a competição. A
partir dessa competição se terá uma maior multiplicidade de agentes, mais
investimentos, maior consumo e isso vai impulsionar uma redução dos preços, que
vai se alastrar por toda a economia”, afirmou.
Fim do monopólio
A Petrobras é
responsável pela operação de mais de 90% de toda a produção de gás natural no
país, de acordo com o último boletim sobre a produção de petróleo e gás
natural, divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP). Além disso, a estatal administra a maioria dos campos de
gás, gasodutos, termelétricas, transportadoras, distribuidoras e revendedoras.
Esse cenário,
segundo o diretor da Abraceel, é o principal ponto que deve mudar com a
aprovação da nova legislação. Para ele, o projeto possibilita a atração de
novos atores nesse mercado, resultando em mais investimentos e aumento da
competitividade.
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