‘O feitiço virou contra o feiticeiro’: Após simpatia dar errado, mulher encomenda morte de atual do ex-companheiro

Foto: ClicRDC

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26/09/2019 - 15h15

A Polícia Civil, através da Divisão de Investigação Criminal (DIC) elucidou nesta quinta-feira (26) a tentativa de homicídio qualificado de uma mulher de 48 anos, no Centro de Chapecó, no dia 3 de junho de 2019. Segundo o delegado da DIC, Vagner Papini, a ex-mulher do atual companheiro da vítima, de 63 anos contratou uma cartomante para separar o casal. Após as simpatias não darem certo, ela encomendou a morte da mulher. Quatro pessoas estão envolvidas no crime e irão responder por tentativa de homicídio qualificado, por motivo torpe e sem chance de defesa para a vítima.

Após a prisão do paraguaio, Derlis Ramon Gimenez Lesmo, autor do crime, a Polícia Civil começou a investigar a vida pregressa dele. Os policiais descobriram que ele chegou a Chapecó no dia 27 de maio e mantinha contato diário com dois veículos, uma Mitsubishi/L200 Triton branca e uma Volkswagen/Saveiro Cros azul. A PC conseguiu identificar um dos proprietários de um dos veículos e exibiu a foto ao autor da tentativa de homicídio. Segundo Vagner Papini, o paraguaio reconheceu o homem, mas o que chamou a atenção da polícia foi que o identificado residia no Paraná e não possuía relação com a investigação.

“Por coincidência, o individuo que foi inicialmente reconhecido possuía a mesma fisionomia do homem que foi responsável por contratar na Ciudad del Este (Paraguai), o autor do crime. O individuo que foi inicialmente reconhecido não se tratava do verdadeiro contratante, mas são extremamente parecidos”, falou Vagner Papini.

Na sequência, a Polícia Civil conseguiu identificar o verdadeiro contratante do autor do crime, Fabiano Aristides, de 37 anos, que atualmente encontra-se foragido. Ele foi até a cidade paraguaia, mais precisamente no ‘Shopping Paris’ e contratou o paraguaio para cometer o assassinato.

15 mil a vista, com esse dinheiro ele precisaria adquirir a arma, a motocicleta e vir até o Brasil. Feito o crime, ele receberia mais R$ 20 mil”, explicou Papini.

O passo a passo do paraguaio no Brasil

Segundo Vagner Papini, Derlis chegou ao Brasil no dia 24 de maio. Ele ingressou no país pelo o Uruguai, passou por São Borja (RS) e ficou em Frederico Westphalen (RS). Ele ficou na cidade no Noroeste do RS até o dia que Fabiano Aristides, com a L200 Triton o trouxe até Chapecó. A partir disso, eles mantiveram vários contatos, onde Fabiano orientava Derlis de como cometer o crime.

O cerco à vítima

Segundo Vagner Papini, através de câmeras de segurança, a Polícia Civil identificou vários momentos em que Derlis e Fabiano foram até a propriedade da vítima, para cometer o crime. Em nenhum momento a mulher foi encontrada e o crime não foi possível naquela ocasião.

“Por uma semana o paraguaio buscou pela vítima e não a encontrou, sendo que somente no dia 3 de junho veio a localiza-la. Isso por que ele esperou nas localidades de sua residência, viu o momento que ela embarcou no veículo e se deslocou até o centro de Chapecó e lá desferiu os disparos de arma de fogo”, disse o delegado.

A ligação de Fabiano Aristides com o fato

A partir disso a investigação se direcionou para a ex-mulher do atual companheiro da vítima. Segundo Papini foi descoberto que quatro pessoas se envolveram no crime. O primeiro, o Paraguaio Derlis, autor do crime, Fabiano Aristides, que atualmente está foragido, a esposa dele, que é um cartomante, bem como a ex-mulher do atual companheiro da vítima.

Vagner Papini disse que durante a investigação Fabiano Aristides veio até a delegacia acompanhado de advogado, firmou a intenção de celebrar um acordo de colaboração premiada, mas após uma semana de negociações informais, ele fugiu de Chapecó. Foi representado pela prisão preventiva dele e atualmente ele encontra-se foragido.

“Por essa razão, obtivemos a autorização judicial da divulgação da imagem e contamos com auxilio da sociedade e da imprensa para localiza-lo e concluir categoricamente a investigação”, afirmou Papini.

A prisão da cartomante, mulher de Fabiano Aristides

Conforme informou Vagner Papini, na tarde da quarta-feira (25), após diligências a campo, a Polícia Civil conseguiu prender a cartomante. Ela foi trazida até a DIC e manifestou o interesse em permanecer em silêncio, não colaborou com as investigações e foi encaminhada ao Presidio Feminino de Chapecó.

A ideia do assassinato

O delegado Vagner Papini informou que a mandante teria contratado alguns serviços individuais de simpatia, para terminar o relacionamento da vítima. Ela gastou em torno de R$ 20 mil. Entretanto o resultado destes trabalhos não haviam sido efetivos.

“Ela foi até essa cartomante e a indagou: ‘Não está dando resultado, o que posso fazer?’. Neste momento a cartomante solicitou a quantia de R$ 340 mil, a qual foi paga com a finalidade de que efetivamente, a vítima morresse. Então a contratação foi para que a vítima fosse morta, foi encomendado ali, um crime de homicídio”, declarou Vagner Papini.

O pós-crime

Depois de praticado o crime, essa cartomante procurou a mandante e lhe disse: “O serviço não deu certo e eu preciso de R$ 800 mil para empreender fuga”.  Segundo Papini, a mandante assinou 16 cédulas de cheque, no valor de R$ 50 mil cada e entregou a essa cartomante. Após o trabalho da DIC, quando todos os envolvidos foram descobertos e até por orientação da defesa, os cheques foram cancelados, sendo que somente um foi descontado.

“Ao todo temos o valor de 1 milhão, 140 mil reais envolvidos na pratica deste crime. Segundo a mandante, ela só assinou essas 16 cédulas de cheque, porque se sentiu ameaçada pela cartomante, tendo em vista que após o crime pratica, a cartomante procurou a autora e disse: ‘se você não me pagar este valor que estou te pedindo, vai acontecer contigo e sua família, o mesmo que aconteceu com a vítima”, falou Papini.

A conduta da cartomante

A vítima e a arma do crime

Segundo Papini, a vítima tem um estado de saúde bom. Conforme o delegado, ela ficou com algumas sequelas, pois o tiro acertou o crânio e ficou alojado. Derlis usou uma arma de calibre fraco, se fosse mais potente a vítima não teria resistido.

O delegado Vagner Papini afirmou que a investigação se encaminha para o fim e que a mandante do crime esta colabora para que os fatos sejam esclarecidos.

Relembre o caso

Na tarde da segunda-feira (3), uma mulher foi atingida com disparos de arma de fogo na rua Marechal Deodoro da Fonseca, no centro de Chapecó.  A mulher, de 48 anos, foi levada ao Hospital Regional do Oeste (HRO), onde passou por cirurgia.

Na época, testemunhas relataram que o suspeito abordou a vítima, puxou a bolsa dela e em seguida, atirou três vezes contra a mulher. O homem fugiu em uma moto. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para atender a mulher que foi encaminhada ao HRO, consciente e conversando.

Ainda na segunda-feira, a Assessoria do Hospital Regional do Oeste informou que a vítima deu entrada no pronto socorro em situação de emergência. Passou por procedimentos de urgência, foi submetida exames de imagens, avaliada por neurologista e encaminhada ao bloco cirúrgico em estado grave.


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  • Jornal Regional
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  • ClicRDC



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