Foto: ClicRDC
A Polícia Civil,
através da Divisão de Investigação Criminal (DIC) elucidou nesta quinta-feira
(26) a tentativa de homicídio qualificado de uma mulher de 48
anos, no Centro de Chapecó, no dia 3 de junho de 2019. Segundo o
delegado da DIC, Vagner Papini, a ex-mulher do atual companheiro da vítima, de
63 anos contratou uma cartomante para separar o casal. Após as simpatias não
darem certo, ela encomendou a morte da mulher. Quatro pessoas estão envolvidas
no crime e irão responder por tentativa de homicídio qualificado, por motivo
torpe e sem chance de defesa para a vítima.
Após a prisão do
paraguaio, Derlis Ramon Gimenez Lesmo, autor do crime, a Polícia Civil começou
a investigar a vida pregressa dele. Os policiais descobriram que ele chegou a
Chapecó no dia 27 de maio e mantinha contato diário com dois veículos, uma
Mitsubishi/L200 Triton branca e uma Volkswagen/Saveiro Cros azul. A PC
conseguiu identificar um dos proprietários de um dos veículos e exibiu a foto
ao autor da tentativa de homicídio. Segundo Vagner Papini, o paraguaio
reconheceu o homem, mas o que chamou a atenção da polícia foi que o
identificado residia no Paraná e não possuía relação com a investigação.
“Por coincidência, o individuo que foi inicialmente reconhecido possuía a mesma fisionomia do homem que foi responsável por contratar na Ciudad del Este (Paraguai), o autor do crime. O individuo que foi inicialmente reconhecido não se tratava do verdadeiro contratante, mas são extremamente parecidos”, falou Vagner Papini.
Na sequência, a
Polícia Civil conseguiu identificar o verdadeiro contratante do autor do crime,
Fabiano Aristides, de 37 anos, que atualmente encontra-se foragido. Ele foi até
a cidade paraguaia, mais precisamente no ‘Shopping Paris’ e contratou o paraguaio
para cometer o assassinato.
15 mil a vista, com
esse dinheiro ele precisaria adquirir a arma, a motocicleta e vir até o Brasil.
Feito o crime, ele receberia mais R$ 20 mil”, explicou Papini.
O passo a passo
do paraguaio no Brasil
Segundo Vagner
Papini, Derlis chegou ao Brasil no dia 24 de maio. Ele ingressou no país pelo o
Uruguai, passou por São Borja (RS) e ficou em Frederico Westphalen (RS). Ele
ficou na cidade no Noroeste do RS até o dia que Fabiano Aristides, com a L200
Triton o trouxe até Chapecó. A partir disso, eles mantiveram vários contatos,
onde Fabiano orientava Derlis de como cometer o crime.
O cerco à vítima
Segundo Vagner
Papini, através de câmeras de segurança, a Polícia Civil identificou vários
momentos em que Derlis e Fabiano foram até a propriedade da vítima, para
cometer o crime. Em nenhum momento a mulher foi encontrada e o crime não foi
possível naquela ocasião.
“Por uma semana
o paraguaio buscou pela vítima e não a encontrou, sendo que somente no dia 3 de
junho veio a localiza-la. Isso por que ele esperou nas localidades de sua
residência, viu o momento que ela embarcou no veículo e se deslocou até o
centro de Chapecó e lá desferiu os disparos de arma de fogo”, disse o delegado.
A ligação de
Fabiano Aristides com o fato
A partir disso a
investigação se direcionou para a ex-mulher do atual companheiro da vítima.
Segundo Papini foi descoberto que quatro pessoas se envolveram no crime. O
primeiro, o Paraguaio Derlis, autor do crime, Fabiano Aristides, que atualmente
está foragido, a esposa dele, que é um cartomante, bem como a ex-mulher do
atual companheiro da vítima.
Vagner Papini disse
que durante a investigação Fabiano Aristides veio até a delegacia acompanhado
de advogado, firmou a intenção de celebrar um acordo de colaboração premiada,
mas após uma semana de negociações informais, ele fugiu de Chapecó. Foi
representado pela prisão preventiva dele e atualmente ele encontra-se foragido.
“Por essa razão,
obtivemos a autorização judicial da divulgação da imagem e contamos com auxilio
da sociedade e da imprensa para localiza-lo e concluir categoricamente a
investigação”, afirmou
Papini.
A prisão da
cartomante, mulher de Fabiano Aristides
Conforme informou
Vagner Papini, na tarde da quarta-feira (25), após diligências a campo, a
Polícia Civil conseguiu prender a cartomante. Ela foi trazida até a DIC e
manifestou o interesse em permanecer em silêncio, não colaborou com as
investigações e foi encaminhada ao Presidio Feminino de Chapecó.
A ideia do
assassinato
O delegado Vagner
Papini informou que a mandante teria contratado alguns serviços individuais de
simpatia, para terminar o relacionamento da vítima. Ela gastou em torno de R$
20 mil. Entretanto o resultado destes trabalhos não haviam sido efetivos.
“Ela foi até
essa cartomante e a indagou: ‘Não está dando resultado, o que posso fazer?’.
Neste momento a cartomante solicitou a quantia de R$ 340 mil, a qual foi paga
com a finalidade de que efetivamente, a vítima morresse. Então a contratação
foi para que a vítima fosse morta, foi encomendado ali, um crime de homicídio”, declarou Vagner Papini.
O pós-crime
Depois de praticado
o crime, essa cartomante procurou a mandante e lhe disse: “O serviço não deu
certo e eu preciso de R$ 800 mil para empreender fuga”. Segundo Papini, a
mandante assinou 16 cédulas de cheque, no valor de R$ 50 mil cada e entregou a
essa cartomante. Após o trabalho da DIC, quando todos os envolvidos foram
descobertos e até por orientação da defesa, os cheques foram cancelados, sendo
que somente um foi descontado.
“Ao todo temos o
valor de 1 milhão, 140 mil reais envolvidos na pratica deste crime. Segundo a
mandante, ela só assinou essas 16 cédulas de cheque, porque se sentiu ameaçada
pela cartomante, tendo em vista que após o crime pratica, a cartomante procurou
a autora e disse: ‘se você não me pagar este valor que estou te pedindo, vai
acontecer contigo e sua família, o mesmo que aconteceu com a vítima”, falou Papini.
A conduta da
cartomante
A vítima e a
arma do crime
Segundo Papini, a
vítima tem um estado de saúde bom. Conforme o delegado, ela ficou com algumas
sequelas, pois o tiro acertou o crânio e ficou alojado. Derlis usou uma arma de
calibre fraco, se fosse mais potente a vítima não teria resistido.
O delegado Vagner
Papini afirmou que a investigação se encaminha para o fim e que a mandante do
crime esta colabora para que os fatos sejam esclarecidos.
Relembre o caso
Na tarde da
segunda-feira (3), uma mulher foi atingida com disparos de arma de fogo na rua
Marechal Deodoro da Fonseca, no centro de Chapecó. A mulher, de 48 anos,
foi levada ao Hospital Regional do Oeste (HRO), onde passou por cirurgia.
Na época,
testemunhas relataram que o suspeito abordou a vítima, puxou a bolsa dela e em
seguida, atirou três vezes contra a mulher. O homem fugiu em uma moto. O
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para atender a
mulher que foi encaminhada ao HRO, consciente e conversando.
Ainda na
segunda-feira, a Assessoria do Hospital Regional do Oeste informou que a vítima
deu entrada no pronto socorro em situação de emergência. Passou por
procedimentos de urgência, foi submetida exames de imagens, avaliada por
neurologista e encaminhada ao bloco cirúrgico em estado grave.
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