Mais de um ano após
o início da pandemia, oito dos 295 municípios de Santa Catarina passaram por
esse período sem registrar nenhuma morte pela Covid-19, segundo os dados do
governo. No estado, são 9,2 mil mortes desde março do ano passado.
Metade dessas cidades ficam na região Oeste catarinense: Águas Frias, Flor do Sertão, Novo Horizonte e Tigrinhos. Outras três cidades ficam na Grande
Florianópolis: Anitápolis, Angelina e Leoberto Leal. E uma é na Serra catarinense: Palmeira.
Nas últimas semanas, a região Oeste teve avanço de casos e mortes por
coronavírus e registra fila de espera por leito de UTI com mais de 80
pacientes. A região foi a primeira a apontar para o colapso na saúde e a registrar
mortes de pessoas à espera de leitos de UTI.
Em comum, as quatro cidades sem mortes
que ficam na região Oeste trabalham a
conscientização com os moradores através de campanhas
educativas, reforçando a importância dos cuidados básicos de proteção contra o
corornavírus. Umas delas também distribuiu máscaras e ampliou o horário de
atendimento em postos de saúde.
Em Tigrinhos, com menos de 2 mil habitantes, foram 207 diagnosticados
desde o início da pandemia, segundo o governo estadual. Há pelo menos 60 dias
nenhum morador precisa ser internado por causa do coronavírus. Segundo a
secretária de saúde do município, Salete Badia Johner, o controle da doença
fica mais fácil em cidades pequenas onde todos se conhecem.
“Os profissionais do
posto entram em contato com as famílias passando os cuidados, implorando para
que tomem os cuidados, que evitem aglomeração, mantenham cuidados como uso de
máscara, álcool gel”, detalha a secretária de saúde.
Em Novo Horizonte, com quase 2,5 mil habitantes, são 125 diagnosticados.
“Estamos fazendo todo um trabalho voltado à conscientização da nossa população
através de decretos, pedindo para que todos tenham um cuidado grande, fazendo a
sua parte”, disse o secretário de Saúde, Rogerio Acacio Mascarello.
Cidades com poucos moradores e
produção agrícola
Segundo o epidemiologista Paulo Henrique Guerra, que é professor de
medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), o fato de as cidades
serem pequenas favorece o compartilhamento de informações e orientações por
parte das autoridades sanitárias.
“Essas cidades possuem algumas proximidades no sentido de
população", diz. O fato de muitas delas terem como fonte de renda a
agricultura também favorece, pois as pessoas não precisam se deslocar para grandes
centros.
"Essas cidades têm
uma aproximação muito interessante que é da agricultura que pode servir para
subsistência das pessoas e a presença de um comércio local que consegue suprir
as demandas de momento, as demandas mais pontuais”, diz o especialista.
É o caso de Flor do Sertão, que produz leite, grãos, horti-fruti e cria
animais. A cidade com 1,1 mil habitantes tem 57 diagnosticados e fica
localizada entre as cidades de Maravilha e São Miguel d'Oeste, que possuem
hospitais referência no atendimento Covid e que estão com UTIs lotadas.
Distribuição de máscaras
Segundo a secretária de Saúde de Flor de Sertão, Maristela Valler, um
dos enfoques foi a compra de bastante equipamentos de proteção individual aos
funcionários (Epis) e distribuição de máscaras para a
população, além de ampliar horário de atendimento de saúde, para evitar
aglomerações e também que os moradores procurem
atendimento em grandes hospitais.
"Confeccionamos
máscaras para toda a população e foi também adquirido bastante Epis para
diminuir o risco de contaminação entre os funcionários. A administração também
investiu na contratação de mais um médico no horário da noite e no fim de
semana para que se diminuísse o atendimento hospitalar. Ao invés de ir todo
mundo para o hospital, eles são atendidos na Unidade de Saúde”, disse a
secretária de saúde.
Ainda no Oeste, Águas Frias tem 432 casos confirmados de Covid-19. Até a
quinta-feira, eram 30 casos ativos da doença e três pessoas internadas. Além de
procurar orientar os moradores, a cidade também tem publicado decretos com
restrições.
Já Palmeira, na Serra catarinense, tem 2,6 mil moradores e 164
diagnosticados. Não há pessoas internadas no momento na cidade, que procura
orientar a população através de publicações e de seus profissionais da saúde.
Cidades na Grande Florianópolis
Na Grande Florianópolis, onde também há fila de espera por leitos de UTI
e hospitais cheios, inclusive os privados, três cidades também tem casos, mas
não mortes: Anitápolis, com cerca de 3 mil moradores, tem 228 casos. Na cidade,
a prefeitura também disponibiliza um sistema virtual para triagem e orientações
de casos suspeitos de Covid.
Angelina, com mais de 4,5 mil habitantes, possui 367 diagnosticados; e
em Leoberto Leal, quem tem cerca de 3 mil moradores, há 191 casos confirmados
desde o início da pandemia.
As três cidades integram o decreto unificado entre 17 cidades da Grande Florianópolis,
que estabelece restrições para tentar conter o avanço da Covid-19.
Nessas cidades, a circulação e permanência de
pessoas em parques e praças está proibidas e serviços não essenciais não podem
funcionar entre 18h e 6h. Já a
as aulas presenciais chegaram a
ser suspensas nessas cidades, mas foram
retomadas por decisão judicial.
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