Divulgação/PMA
A quarta edição da
Operação Mata Atlântica em Pé, iniciativa nacional voltada para o combate ao
desmatamento e à recuperação de áreas degradadas, terminou nesta quinta-feira
(30/9) em Santa Catarina. Deflagrada em território catarinense na sexta-feira,
17 de setembro, a ação detectou uma área total de desmatamentos ilegais de 528
ha, o equivalente a 640 campos de futebol, um aumento de aproximadamente 15% em
relação à Operação Mata Atlântica em Pé 2020. As autuações chegam a R$ 4,112
milhões em multas potenciais, que ainda estão sujeitas a recursos
administrativos.
Durante duas
semanas, foram fiscalizados 135 áreas com alertas de possíveis desmatamentos
ilegais gerados pelo sistema MapBiomas em Santa Catarina e, em 85% desses
alertas, ou seja, em 114 áreas, foi confirmada a supressão ilegal de florestas
da Mata Atlântica. Segundo a Polícia Militar Ambiental, a principal
irregularidade foi o corte não autorizado de mata nativa para o cultivo
agrícola no terreno.
Coordenada
nacionalmente pelo Ministério Público do Paraná e executada a partir dos MPs
estaduais com o apoio de diversos órgãos ambientais, a Operação Mata Atlântica
em Pé foi deflagrada neste ano em 17 estados da Federação. A finalidade é
identificar as áreas de Mata Atlântica desmatadas ilegalmente nos últimos anos,
cessar os atos ilícitos e responsabilizar os infratores nas esferas
administrativa, civil e criminal.
Em Santa Catarina,
a Operação Mata Atlântica em Pé 2021 foi coordenada pelo Centro de Apoio
Operacional do Meio Ambiente do Ministério Público de Santa Catarina (CME/MPSC)
e pela Polícia Militar Ambiental (PMA). No período, a PMA fiscalizou áreas com
alertas de desmatamentos em 77 municípios.
"Foram mais de
700 hectares de áreas fiscalizadas com a utilização de drones e tecnologias de
geoprocessamento", relata o Coronel Paulo Sérgio Souza, Comandante da PMA.
A Coordenadora do
CME, Promotora de Justiça Luciana Cardoso Pilati Polli, destaca o "intenso
e profícuo trabalho de fiscalização feito pela Polícia Militar Ambiental na
Operação, que vistoriou, num curto período de tempo, 85% dos alertas
existentes, enfrentando, para isso, condições climáticas e obstáculos naturais
bastante adversos".
"Agora as
provas levantadas pela PMA serão encaminhadas aos Promotores de Justiça do Meio
Ambiente para a tomada das providências civis e criminais", explica Pilati
Polli.
Monitoramento
A partir de 2019,
também passou a ser utilizada a Plataforma MapBiomas Alerta, um programa de
alertas e emissão de relatórios de constatação de desmatamento que usa
tecnologias de monitoramento e tratamento de dados desenvolvido pelo projeto
MapBiomas, iniciativa multi-institucional que une universidades, empresas de
tecnologia e organizações não governamentais que realizam o mapeamento anual da
cobertura e do uso do solo no Brasil.
A ferramenta
possibilita a obtenção de imagens de satélite em alta resolução para a
constatação de desmatamentos recentes. A utilização do sistema foi viabilizada
por termos de cooperação direta dos Ministérios Públicos estaduais, e, em
âmbito nacional, pela parceria da Associação Brasileira dos Membros do
Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), que tem termo de cooperação para
uso do MapBiomas Alerta e que apoia a realização da Operação Nacional Mata
Atlântica em Pé.
A partir do Atlas e
do MapBiomas, foram definidos diversos polígonos de desmatamento a serem
fiscalizados durante a operação. É esse sistema que possibilita a fiscalização
remota, sem a necessidade de vistoria em campo, dada a precisão dos dados
fornecidos pelos sistemas de monitoramento via satélite. Os dados obtidos a
partir das imagens são cruzados com o Sistema Nacional de Cadastro Ambiental
Rural e outros sistemas, identificando-se assim os proprietários dos terrenos.
Isso, somado à análise histórica de imagens de satélite, viabiliza em muitos
casos a lavratura de autos de infração e termos de embargo por via remota.
Bioma
A Mata Atlântica
ocupa uma área de 1.110.182 Km², equivalente a 13,04% do território nacional, e
abriga diversas formações florestais, além de ecossistemas associados
(restingas, manguezais, campos de altitude, brejos interioranos e encraves
florestais). A Mata Atlântica é um dos sistemas mais explorados e devastados
pela ocupação humana: cerca de 70% da população brasileira vive em território
antes coberto por ela - daí a importância da preservação do que ainda resta do
bioma, fundamental para questões como a qualidade do abastecimento de água nas
cidades. Estima-se que perto de 12% da vegetação original esteja preservada,
80% disso mantidos em propriedades particulares. É um dos biomas que apresenta
a maior diversidade de espécies de fauna e flora - tanto que alguns trechos da
floresta são declarados Patrimônio Natural Mundial pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
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