Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasila
Os gestores municipais que perderam o prazo para pleitear
recursos de emendas individuais impositivas, junto aos deputados federais e
senadores, não terão nova chance no calendário do orçamento federal de
2021.
As inscrições se encerraram na última sexta-feira (10), e
quem enviou proposta deve aguardar análise do governo federal em um prazo de 10
dias. Só após, o ente cadastrado vai poder buscar o empenho da verba junto ao
órgão gestor. O prazo para empenhar a emenda impositiva parlamentar vai até o
fim de dezembro e quem não o fizer perderá o recurso.
Quem perdeu o prazo deste ano deve ficar atento, porque as
inscrições para busca das emendas impositivas parlamentares, referente ao
orçamento de 2022, devem abrir a partir de 1° de outubro e ir até o dia 20 do
mesmo mês.
As emendas individuais impositivas são parte do orçamento
federal que cada deputado e senador pode direcionar para financiar uma obra ou
um projeto público, por exemplo.
Os possíveis beneficiários, isto é, aqueles que podem
receber esses recursos são estados, municípios, Distrito Federal, consórcios
públicos, organizações da sociedade civil ou serviços sociais autônomos.
“É uma oportunidade para o município conseguir mais
recursos. Hoje em dia as finanças municipais estão muito amarradas no custeio.
Então qualquer dinheiro que venha para um investimento, ou mesmo de uma forma
que facilite o custeio dos serviços públicos dos municípios, é sempre
bem-vindo”, destaca Cesar Lima, especialista em Orçamento Público.
Para Duarte Nogueira, vice-presidente de Relações com o
Congresso Nacional pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), a busca por
investimentos é importante para desonerar os cofres públicos municipais e
melhorar o serviço prestado à população, principalmente com a queda de receitas
que as prefeituras enfrentam como consequência da crise econômica causada pela
Covid-19.
“Nesse tempo de queda de arrecadação tributária, os recursos
federais podem ser a saída para os municípios no sentido de manter a sua
capacidade de investimento; portanto, realizar ações essenciais para o
atendimento às demandas municipais é bastante importante. Para prefeitas e
prefeitos não restam dúvidas de que isso é fundamental para garantir a
manutenção e a melhoria dos serviços públicos”, destaca.
Entenda
As emendas individuais impositivas são parte do orçamento
federal que cada deputado e senador pode direcionar para financiar uma obra ou
um projeto público, por exemplo. Os possíveis beneficiários, isto é, aqueles
que podem receber esses recursos são estados, municípios, Distrito Federal,
consórcios públicos, organizações da sociedade civil ou serviços sociais
autônomos.
Essas emendas são chamadas impositivas porque a União é
obrigada a executá-las. Cada parlamentar tem direito a apresentar 25 emendas.
Depois que o deputado ou o senador escolhe os beneficiários das emendas, cabe a
cada beneficiário acessar a Plataforma +Brasil e cadastrar as propostas
relacionadas aos recursos que lhes foram indicados.
“Por exemplo: o parlamentar indicou para o município X um
valor de R$ 200 mil para que ele compre um equipamento médico. Então, o gestor
vai lá no site do Fundo Nacional de Saúde, faz o cadastramento da sua proposta,
diz qual é o equipamento que ele quer comprar e o Ministério da Saúde analisa”,
exemplifica Cesar.
Após o cadastro das propostas, o governo analisa cada uma
delas e solta uma lista com os impedimentos técnicos impostos às emendas individuais
impositivas que, por alguma razão, têm pendências, sejam elas técnicas ou
documentais. Veja quais sãos os possíveis impedimentos abaixo:
-Ausência de projeto de engenharia aprovado pelo órgão
setorial responsável pela programação, nos casos em que for necessário;
-Ausência de licença ambiental prévia, nos casos em que for
necessária;
-Não comprovação, por parte dos estados, do Distrito Federal
ou dos municípios, quando a cargo do empreendimento após a sua conclusão, da
capacidade de aportar recursos para sua operação e sua manutenção;
-Não comprovação de que os recursos orçamentários e
financeiros sejam suficientes para conclusão do projeto ou de etapa útil, com
funcionalidade que permita o imediato usufruto dos benefícios pela
sociedade;
-Incompatibilidade com a política pública aprovada no âmbito
do órgão setorial responsável pela programação;
-Incompatibilidade do objeto da despesa com os atributos da
ação orçamentária e do respectivo subtítulo;
-Impedimentos cujo prazo para superação inviabilize o empenho
dentro do exercício financeiro.
No último dia 31 de agosto, a Secretaria de Governo da
Presidência da República (SEGOV/PR) publicou a relação com os impedimentos
técnicos. É aí que os municípios podem se beneficiar. César explica que os
valores dessas emendas retornam para os parlamentares, que devem tomar alguma
decisão, entre elas a de escolher um novo beneficiário ou remanejar o dinheiro
para outras emendas de sua autoria.
Duarte Nogueira reforça, que “todos os gestores municipais
devem estar atentos a essas oportunidades, de modo que as cidades sejam
atendidas em suas necessidades, conforme as suas capacidades de obterem as
emendas fruto de apontamento dos parlamentares e junto às suas bases
eleitorais”.
Este ano, o valor total dos impedimentos de ordem técnica é
superior a R$ 1,2 bilhão. Há motivos de sobra para que os gestores corram atrás
dos parlamentares e se coloquem como possíveis beneficiários. As prefeituras
devem se atentar à área para a qual o recurso foi indicado. “Se a ação
orçamentária for para infraestrutura urbana, o município vai ter que apresentar
um projeto de infraestrutura urbana. Se for de custeio para serviços públicos
de saúde, vai ter que apresentar uma proposta para custeio de serviços públicos
de saúde”, explica o especialista.
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