O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações
Criminosas (GAECO), em conjunto com as forças de segurança estaduais e federal
(Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Instituto Geral de
Perícia e Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa) de seis
estados deflagraram a megaoperação Maserati nesta quinta-feira (25/02), contra
facção criminosa.
Foram cumpridos 120 mandados de prisão e 142 de busca e
apreensão em 45 cidades e em seis Estados da Federação - São Paulo,
Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa
Catarina.Participaram da megaoperação mais de 600 Policiais - Civis, Militares
e Rodoviários Federais -, servidores do Instituto Geral de Perícias e Agentes
do Departamento de Administração Prisional.O GAECO identificou que a facção
criminosa tinha como objetivo primordial a expansão da atuação no Estado de
Santa Catarina, com foco na região de fronteira entre as cidades de São Miguel
do Oeste, Chapecó e Dionísio Cerqueira. Assim como na região de Joinville em
razão da proximidade dos Portos de Santa Catarina e Paraná.
No Curso da Investigação foram presas em flagrante 24
pessoas e foram apreendidos 706 kg de substâncias entorpecentes, quatro
veículos e três armas de fogo.
A Operação foi batizada de Maserati em alusão ao nome
escolhido pela facção para identificar o Estado de Santa Catarina. A facção
criminosa dava nomes de carros aos estados.
Em coletiva na tarde desta quinta-feira (25/2), foi detalhada
a participação de cada uma das instituições na megaoperação e como a facção
criminosa atuava.
Atuação conjunta entre as
forças de segurança que traz resultados para a sociedade
Os representantes dos órgãos de segurança foram unânimes em
destacar a atuação conjunta dos órgãos de segurança, o que faz de Santa
Catarina um modelo para os outros estados da federação, como destacou o
Procurador-Geral de Justiça, Fernando da Silva Comin durante a coletiva."A
operação Maserati demonstra que atuação conjunta dos órgãos de segurança é uma
realidade e o único caminho para combater à criminalidade", afirmou o PGJ.
Comin também destacou o trabalho dos GAECOs no Brasil. Somente no ano passado,
os GAECOs de 14 Estados, mais o Distrito Federal, deflagraram mais de 40 operações
de combate a facções criminosas, que resultaram em mais de 1 mil prisões.Em
Santa Catarina, nos últimos dois anos o GAECO instaurou cerca de 400
procedimentos investigatórios contra organizações criminosas. E foram
efetivadas nesse período em nosso Estado mais de cem prisões e cumpridos mais
de 600 mandados de busca e apreensão.
A cooperação institucional também foi o tom da fala do
Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos do MPSC e
Coordenador-geral do GAECO de Santa Catarina, Procurador de Justiça Fábio de
Souza Trajano: "O modelo que nós temos em Santa Catarina é diferenciado em
relação a outros modelos da federação, pois temos sete unidades mais uma
coordenação estadual, e esse modelo é fundamental e indispensável para alcançarmos
resultados como hoje, para combater facções criminosas, a criminalidade, e
crimes contra a administração, como a corrupção." ressalta Trajano.
Para o Presidente do Colegiado Superior de Segurança Pública
de Santa Catarina, o Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar de Santa
Catarina, Charles Alexandre Vieira, "o sucesso da operação é graças a
união de esforços de todos os órgãos que trabalharam de forma organizada. Com
atuações como essa, facções não ganham espaço em Santa Catarina."
O Secretário de Administração Prisional e Socioeducativa,
Leandro Lima, reforçou que todas as medidas de segurança foram realizadas
mantendo a segurança de todos os envolvidos, tanto equipe quanto presos.
Já a Polícia Civil atuou com 191 policiais e mais
equipe de apoio. O Delegado-Geral da Polícia Civil, Paulo Koerich, também
ressaltou o exemplo de Santa Catarina no enfrentamento ao crime organizado:
"Mais uma vez Santa Catarina dá exemplo para o Brasil que é possível fazer
o dever de casa. Vamos continuar defendendo a sociedade catarinense e fazer
valer a lei."
O Subcomandante da Polícia Militar, Coronel Pontes, disse que
o Estado vem diminuindo os índices de criminalidade e que operações como a
Maserati "serve para amenizar o impacto de crimes violentos."
A participação da Polícia Rodoviária Federal foi ressaltada
pelo Superintendente da PRF em Santa Catarina, Jean Coelho: "Nós estamos
comprometidos em eliminar essa cadeia logística que está querendo se aproveitar
da sociedade e nós não vamos permitir que isso aconteça, sempre trabalhando
juntos com os outros órgãos presentes aqui".
O Diretor do IGP, Geovani Adriano, evidenciou o tamanho
da operação: "Esse é o tipo de crime que não podemos permitir que se
perpetue no estado de Santa Catarina. Pela primeira vez em Santa Catarina
montamos um laboratório fora de uma unidade nossa. Os profissionais que atuaram
em São Miguel do Oeste ficam até terminar os laudos para preservar as provas.
Também atuaram vários profissionais em Joinville, Caçador e
Florianópolis."
Modus Operandi:
expandir pelo interior até chegar ao litoral
A investigação, conduzida pelo GAECO, teve duração de nove
meses e revelou que a intenção da facção era expandir a sua atuação em Santa
Catarina, tomar as cidades menores até chegar ao litoral para assim dominar o
Estado. Os focos iniciais de expansão do grupo seriam São Miguel do Oeste,
Chapecó e Dionísio Cerqueira. "O objetivo da facção era expandir a sua
atuação em Santa Catarina e começar essa expansão nas cidades menores até
chegar no litoral. O foco estava nas cidades do extremo oeste pela proximidade
com o Paraguai e Argentina e em Joinville por conta da proximidade com os
portos de Santa Catarina, Paraná e com a capital Florianópolis", afirmou a
Coordenadora do Núcleo do GAECO São Miguel do Oeste, Promotora de Justiça
Marcela de Jesus Boldori Fernandes.
Segundo a investigação, para gerir toda essa atividade
criminosa, foram criados cargos e funções, tal qual uma empresa. Foram
identificados 18 cargos, como, por exemplo, um específico para cadastros de potenciais
faccionados, outro para gerir a venda de drogas e um para tratar de assuntos
que envolviam todo o sistema prisional, entre outros. "Na investigação,
verificamos que em outros estados, onde a facção já atua há algum tempo,
existem mais cargos. Aqui em Santa Catarina a estrutura ainda estava enxuta e
ia crescendo conforme evoluíam os batismos", afirmou o Integrante do
núcleo GAECO São Miguel do Oeste, Delegado Eduardo Mattos
No decorrer da investigação foram identificados e presos
faccionados espalhados em diversas cidades dos estados da federação, mas que
atuavam em Santa Catarina. Além da identificação dos faccionados, foram
apurados onze homicídios, quatro tentativas de homicídio e diversos roubos.
Próximos passos
O Promotor de Justiça com atuação na área criminal em São
Miguel do Oeste, Marciano Villa, esclareceu, durante a coletiva de imprensa, os
próximos passos da investigação: "Assim que houver a conclusão do
inquérito pelo GAECO, teremos os prazos legais, para que junto com os demais
Promotores de Justiça, analisarmos todos os fatos para fazer o enquadramento
legal dos crimes cometidos pela facção e ter uma solução eficiente e
célere e dar a resposta que a sociedade catarinense espera",
finalizou.
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