A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea) divulgou na última sexta-feira (8) os números do
fechamento de 2020. Os dados mostram que a produção de veículos foi fortemente
impactada pela pandemia de covid-19, que interrompeu um ciclo de três anos de
recuperação após outra crise, a de 2015/2016. A entidade divulgou também suas
projeções para 2021, com crescimento moderado sobre o ano anterior, ainda
insuficiente para recuperar os patamares de 2019.
Produção
de veículos em 2020: dezembro fecha como o melhor mês
O último mês foi o melhor em vendas de autoveículos no ano (243.967 unidades), com média diária de 11,6 mil unidades. Porém, na comparação com 2019, apenas fevereiro de 2020 teve média de vendas superior, apesar da recuperação de mercado verificada no segundo semestre.
A produção de 209.296 unidades em dezembro foi uma boa surpresa, apesar de todos os desafios logísticos, das limitações de insumos e dos protocolos sanitários. “A indústria fez um grande esforço para atender a demanda, trabalhando aos finais de semana e suspendendo parte das férias coletivas, mas entra em 2021 com os estoques mais baixos de sua história, suficientes apenas para 12 dias de vendas”, ressaltou o presidente da Anfavea Luiz Carlos Moraes.
No acumulado do ano, os números apresentaram quedas acentuadas, mas não tão drásticas como se projetava no início da pandemia. A grande injeção de recursos emergenciais na economia e a força do agronegócio ajudaram a amenizar as perdas do segundo trimestre, quando boa parte das fábricas e lojas permaneceram fechadas. As vendas ao mercado interno fecharam com 2.058.437 unidades, queda de 26,2%, recuando ao patamar de 2016, auge da última crise econômica brasileira.
A produção de 2.014.055 autoveículos encolheu 31,6%, deixando a
indústria automobilística com uma ociosidade técnica de quase 3 milhões de
unidades. No ranking global, o Brasil deve ser superado pela Espanha, caindo
para a nona colocação, de acordo com os dados provisórios. Já as exportações de
324.330 de unidades foram as piores desde 2002, um retrocesso de quase duas
décadas. Em valores, a receita de US$ 7,4 bilhões foi menos da metade do que se
exportou em 2017 (US$ 15,9 bilhões).
O segmento de caminhões, impulsionado pelo agronegócio e pelo crescimento do e-commerce, foi o que teve as menores perdas entre os autoveículos, com queda de 11,5% nos licenciamentos em relação a 2019. Comerciais leves caíram 16%, automóveis 28,6% e ônibus 33,4%. Já as máquinas agrícolas e rodoviárias venderam 7,3% mais que no ano passado.
Projeção para 2021
A Anfavea também apresentou suas estimativas para o setor neste
ano. A entidade prevê aumento de 15% no licenciamento de autoveículos, 9% nas
exportações e 25% na produção, índices insuficientes para a retomada a
patamares de 2019, pré-pandemia. Para máquinas, a expectativa é de crescimento
de 7% nas vendas, 9% nas exportações e 23% na produção.
“Nunca foi tão difícil projetar os
resultados de um ano, pois temos uma neblina à nossa frente desde março, quando
começou a pandemia”, explica Luiz. Infelizmente, observamos uma segunda onda de
covid-19 em países do hemisfério norte, que parece ter chegado também ao
Brasil. E sabemos que uma imunização pela vacina será um processo demorado, que
tomará quase todo o ano, impedindo uma retomada mais rápida da nossa economia.
Some-se a isso a pressão de custos, as necessidades urgentes de reformas e
surpresas desagradáveis como o aumento do ICMS paulista, e temos diante de nós
um quadro que ainda inspira muita cautela nas nossas previsões”, diz o
presidente da Anfavea.
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