Um grupo de médicos
e professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Hospital
Universitário de Florianópolis pretende avaliar o uso da vacina contra
poliomielite para prevenção e redução dos sintomas da Covid-19. Os testes
começam já em junho com 300 profissionais da saúde da Grande Florianópolis. Até
agora, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc) é
a única financiadora do projeto ao destinar quase R$ 100 mil via edital de
fomento.
Segundo o
coordenador do estudo, o médico e professor Edison Fedrizzi, o objetivo é
encontrar uma solução emergencial para a doença, já que uma vacina específica
para a Covid-19 pode demorar mais de um ano para ser desenvolvida. A ideia
inicial da equipe foi mapear entre as imunizações já conhecidas alguma que
pudesse ajudar no combate à doença. “Nessa avaliação, o que nós observamos é
que há vacinas no mercado que podem nos dar proteção por certo tempo, criando
uma barreira protetora nas vias respiratórias”, explica.
Entre as vacinas
encontradas com esse perfil estão a BCG, a do sarampo e a da poliomielite.
Todas têm em comum o uso de micro-organismos vivos, de forma atenuada, para que
o corpo possa reagir e criar imunidade. Estudos com a BCG já foram registrados
nos Estados Unidos para avaliar o impacto contra o novo coronavírus e a
Organização Mundial da Saúde (OMS) realiza testes com a do sarampo. Mas,
conforme Fedrizzi, ainda não há nenhuma pesquisa em andamento envolvendo a
imunização contra a poliomielite.
Funcionamento da pesquisa
Os profissionais da
saúde foram escolhidos como público-alvo nesta primeira fase por causa da
exposição do grupo à contaminação. Inicialmente, serão acompanhados 300
voluntários. Metade receberá a vacina e a outra, um placebo. A partir daí, cada
um deles será testado periodicamente para saber quem pegou a doença e como
foram os sintomas. Para isso, serão realizados dois tipos de testes: o rápido
para confirmar a contaminação e o sorológico para saber se houve produção de
anticorpos.
Os trabalhos serão
realizados no Centro de Pesquisa do Hospital Universitário de Florianópolis e
devem se estender ao longo de 2020. Mas a expectativa é divulgar os primeiros
dados em três ou quatro meses. Já em seis meses será possível ter um
resultado final.
Segundo Fedrizzi, o
objetivo agora é confirmar se a vacina será capaz de garantir imunidade inata,
prevenindo a contaminação contra a Covid-19 pelo período de quatro a 10 semanas
após a imunização. Em seguida, teria o efeito de estimular a produção de
anticorpos, capazes de reduzir os sintomas da doença. “Por enquanto, são
hipóteses muito bem embasadas. Agora vem a verificação”, esclarece o médico.
Financiamento
O estudo contará
com quase R$ 100 mil aprovados em edital de combate à Covid-19, lançado pela
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc). Na mesma
chamada, foram selecionados outros quatro projetos envolvendo a ativação de um
novo laboratório para realização de testes na Serra catarinense, a criação de
um teste rápido com resultados mais seguros, o desenvolvimento de um sistema de
telemedicina e o mapeamento do genoma do vírus e a propagação em Santa
Catarina, totalizando quase R$ 500 mil em investimento.
Segundo o
presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, o Governo do Estado tem
direcionado um grande esforço no enfrentamento à Covid-19, especialmente em
ações ligadas à Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI). “A fundação tem buscado
no ecossistema de CTI propostas capazes de auxiliar nesse momento difícil.
Temos desafiado pesquisadores e empreendedores e, sem surpresa, temos recebido
excelentes propostas”, explica.
O resultado do
edital 06/2020 da Fapesc para pesquisas no combate à pandemia e seus efeitos
pode ser conferido diretamente no site da fundação www.fapesc.sc.gov.br. Lá
também estão disponíveis as empresas selecionadas na chamada pública 07/2020
com soluções de aplicação imediata contra o novo coronavírus.
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