Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
No aniversário de um ano, o Pix, sistema de
pagamento instantâneo do Banco Central (BC), ganha nova funcionalidade. Entra
em vigor hoje (16) o Mecanismo Especial de Devolução, que agilizará o
ressarcimento ao usuário vítima de fraude ou de falha operacional das
instituições financeiras.
O mecanismo está regulamentado por uma resolução editada
pelo BC em junho. Desde então, as instituições financeiras estavam se adaptando
aos procedimentos.
Até agora, em uma eventual fraude ou falha operacional, as instituições envolvidas precisavam estabelecer procedimentos operacionais bilaterais para devolver o dinheiro. Segundo o BC, isso dificultava o processo e aumentava o tempo necessário para que o caso fosse analisado e finalizado. Com o Mecanismo Especial de Devolução, as regras e os procedimentos serão padronizados.
Pix Saque e Troco
Outras novidades para o Pix virão em breve. A
partir do dia 29 estarão disponíveis o Pix Saque e o Pix Troco, que permitem
o saque em espécie e a obtenção de troco em estabelecimentos comerciais e
outros lugares de circulação pública.
No Pix Saque, o cliente poderá fazer saques em qualquer ponto que ofertar o serviço, como comércios e caixas eletrônicos, tanto em terminais compartilhados quanto da própria instituição financeira. Nessa modalidade, o correntista apontará a câmera do celular para um código QR (versão avançada do código de barras), fará um Pix para o estabelecimento ou para a instituição financeira e retirará o dinheiro na boca do caixa.
O Pix Troco permite o saque durante o pagamento de uma compra. O cliente fará um Pix equivalente à soma da compra e do saque e receberá a diferença como troco em espécie. O extrato do cliente especificará a parcela destinada à compra e a quantia sacada como troco.
Open banking
Ainda neste trimestre, o BC pretende estender
o iniciador de pagamentos ao Pix. Por meio dessa ferramenta, existente para
pagamentos por redes sociais e por aplicativos de compras e de mensagens, o
cliente recebe um link com os dados da transação
e confirma o pagamento.
Atualmente, o iniciador de pagamentos existe para compras com cartões de crédito e de débito. O BC pretende ampliar a ferramenta para o Pix, o que só será possível por causa da terceira fase do open banking (compartilhamento de dados entre instituições financeiras), que entrou em vigor no fim de outubro.
Com a troca de informações, o cliente poderá fazer transações Pix sem abrir o aplicativo da instituição financeira, como ocorre hoje. O usuário apenas clicará no link e informa a senha ou a biometria da conta corrente para concluir a transação. Tudo sem sair do site de compras, do aplicativo de entregas ou da rede social.
Estatísticas
Até o fim de outubro, segundo os dados
mais recentes do BC, o Pix tinha 348,1 milhões de chaves cadastradas por
112,65 milhões de usuários. Desse total, 105,24 milhões são pessoas físicas e
7,41, pessoas jurídicas. Cada pessoa física pode cadastrar até cinco chaves Pix
e cada pessoa jurídica, até 20. As chaves podem ser distribuídas em um ou mais
bancos.
Em um ano de funcionamento, o volume de
transações pelo Pix deu um salto. Em outubro, o sistema de pagamentos
instantâneos movimentou R$ 502 bilhões, contra R$ 25,1 bilhões liquidados em
novembro do ano passado. Segundo o Banco Central, 75% das transações do Pix em
outubro ocorreram entre pessoas físicas, contra 87% no primeiro mês de
funcionamento. Os pagamentos de pessoa física para empresa saltaram de 5% para
16% no mesmo período.
Empresas e governo
O aumento nos pagamentos a empresas decorre de
funcionalidades adicionadas ao longo deste ano para estimular o recebimento de
Pix por empresas e prestadores de serviço. Em maio, começou a funcionar
o Pix Cobrança, que substitui o boleto bancário e permite o pagamento instantâneo
por meio de um código QR (versão avançada do código de barras) fotografado com
a câmera do celular.
Em julho, começou a ser ofertado o Pix Agendado, que permite o agendamento de cobranças, com a definição de uma data futura para a transação. Em setembro, o oferecimento da funcionalidade por todas as instituições financeiras passou a ser obrigatório.
As transações entre pessoas físicas e o governo aumentaram de R$ 2,25 milhões em novembro de 2020 para R$ 409,83 milhões em outubro deste ano. Apesar de pequenas em relação ao total movimentado, essas operações estão subindo graças a medidas como o pagamento de alguns tributos por grandes, micro e pequenas empresas e à quitação de taxas federais por meio do Pix.
Segurança
O Pix completa um ano em meio a preocupações
com a segurança do sistema. Por causa do aumento de sequestros-relâmpago e de
fraudes relacionadas ao Pix, o BC limitou, em outubro, as transferências a
R$ 1 mil entre as 20h e as 6h. Medidas adicionais de segurança foram adotadas,
como o bloqueio, por até 72 horas, do recebimento de recursos por
pessoas físicas em caso de suspeita de fraude.
Em setembro, ocorreu o incidente mais sério
com o Pix registrado até agora. Uma brecha de segurança no Banco Estadual de Sergipe
permitiu o vazamento de 395 mil chaves Pix do tipo telefone. Na
ocasião, não foram expostos dados sensíveis, como senhas, valores movimentados
e saldos nas contas, mas os números de telefone de clientes capturados por
pessoas de fora da instituição, que foi punida pelo BC.
Se casos semelhantes ocorrerem,
as próximas punições poderão ser mais duras. No fim da semana
passada, o BC acelerou as notificações às instituições financeiras que violarem
os regulamentos do Pix e diminuiu as situações em que as multas serão isentas.
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