Em comemoração aos 30 anos do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA),
o Governo Federal apresentou novas medidas para assegurar a proteção dos jovens
neste momento da pandemia. Em cerimônia no Palácio do Planalto, a ministra da
Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, apresentou o plano de
contingência, uma ação interministerial em resposta aos riscos à saúde e aos
desdobramentos socioeconômicos que atingem as populações mais vulneráveis
durante a emergência de saúde pública ocasionada pelo novo coronavírus. Os
investimentos ultrapassam os R$ 125 bilhões.
Entre as ações destacadas pela ministra está a transferência
de R$ 2,3 bilhões para estados e municípios adquirirem e distribuírem os
alimentos da merenda escolar para 40 milhões de crianças e adolescentes da rede
pública de ensino, que mesmo com a paralisação das aulas continuaram recebendo
a alimentação em casa. Além disso, o plano prevê a destinação de mais R$ 2,5
bilhões para que os municípios possam fortalecer a rede do Sistema de
Assistência Social (SUAS), que conta hoje com mais de 2 mil unidades de
acolhimento que atendem cerca de 34 mil crianças e adolescentes abrigados.
A ministra, Damares Alves, lembrou que os avanços foram
muitos, mas que o Brasil ainda não conseguiu garantir a todas as crianças a
devida e necessária proteção que elas merecem.
“Temos há 30 anos uma lei extraordinária, mas ainda estamos
longe do que tanto sonhamos para nossas crianças. O que apresentamos hoje é
apenas uma consolidação de tudo que já fizemos, o que estamos fazendo e o que
ainda vamos fazer neste período de pandemia para proteger as crianças e os
adolescentes brasileiros”, ressaltou.
Kit merenda
Com o afastamento das crianças da escola por conta da
pandemia, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) teve de redefinir as regras para a
distribuição de gêneros alimentícios do Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE) durante a suspensão das aulas para garantir que os pequenos
continuassem se alimentando.
Muitos dos 40 milhões de estudantes atendidos diariamente
nas escolas têm na merenda sua principal refeição do dia, e que ficou comprometida
neste período de recolhimento e isolamento social. Assim, a solução foi levar
essa fonte de nutrição até a casa deles por meio de um kit, contendo proteínas,
carboidratos, frutas e legumes, além de continuar respeitando hábitos
alimentares e cultura local.
Para resguardar a saúde dos estudantes, o FNDE orientou
estados e municípios a fazer a entrega dos kits de alimentos nas residências
dos beneficiários ou agendamento para entrega na escola.
Reforço no SUAS
Idosos, deficientes e moradores de rua estão entre os
beneficiados do Plano Nacional de Assistência Social, um conjunto de ações
integradas que contribuem para a superação de situações de vulnerabilidade,
ainda mais agravadas neste período de pandemia. A criança e o adolescente não
só fazem parte deste público alvo como são tratados como prioridade. Assim, o
plano vai destinar aos municípios mais R$ 2,5 bilhões para que os entes possam
fortalecer a rede do Sistema de Assistência Social (SUAS) e garantir, até o fim
do ano, que os mais vulneráveis continuem sendo assistidos.
Punições mais rígidas
O Plano de Contingência da Criança e do Adolescente também
aponta para um Projeto de Lei que prevê punição mais rigorosa para líderes
religiosos envolvidos em casos de abuso sexual, assim como profissionais de
saúde, de ensino e qualquer outra pessoa que se aproveite da confiança da
vítima para praticar esse tipo de crime. A proposta da lei deve ser encaminhada
ainda em 2020 para o Congresso Nacional.
O plano possui ainda, entre as metas, a criação de um canal
de denúncias voltado à classe médica no âmbito do Disque 100 (Disque Direitos
Humanos) e a regulamentação da profissão de apoio escolar.
Auxílio
Entre as ações para evitar o agravamento da situação de
famílias pobres em meio à pandemia anunciado por Damares Alves está o pagamento
do auxílio emergencial de R$ 600, que soma, até o momento, mais de R$ 121
bilhões. Segundo a ministra, o auxílio evitou que 5,6 milhões de crianças e
adolescentes caíssem na extrema pobreza.
Os dados são de um estudo da Fundação Getulio Vargas, cujo
balanço detectou ainda a distribuição de 60 mil cestas de alimentos para 30 mil
crianças e jovens, de 6 a 18 anos, em situação de vulnerabilidade social, em
132 municípios atendidos pelo programa Forças no Esporte (Profesp), do
Ministério da Defesa. Além disso, segundo a ministra, outras 500 mil cestas de
alimentos serão distribuídas para famílias de povos e comunidades tradicionais,
garantindo a alimentação de milhões de crianças e adolescentes.
Estatuto da Criança e do Adolescente
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é o principal
instrumento normativo do Brasil que estabelece direitos e garantias especiais
às crianças e aos adolescentes. Com a lei, sancionada em 13 de julho de 1990,
crianças e adolescentes passaram a ser vistos sob nova perspectiva, como
“sujeitos de direitos”. Desde lá, há trinta anos, novos rumos foram tomados
para garantir a proteção de menores de 18 anos.
Em 1990, uma em cada cinco crianças e adolescentes estava
fora da escola. Hoje, o percentual de jovens sem presença escolar caiu de 20%
para 4,2%, segundo dados da Unicef.
O ECA deve receber em breve publicação em linguagem adequada
a pessoas surdas ou com deficiência auditiva e também na linguagem indígena
Ticuna, a maior etnia do brasil. Para as próprias crianças, já há uma novidade:
A revistinha Turma da Mônica adaptou a linguagem do estatuto para o público
infantil e aedição está disponível para download gratuito no endereço eletrônico do
ministério.
Além do Ministério do Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos, integram a iniciativa do Plano de Contingência para Crianças
e Adolescentes os ministérios da Educação, da Saúde, da Ciência, Tecnologia,
Inovações, da Cidadania, da Justiça e Segurança Pública e da Defesa (MD).
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