O MEC (Ministério
da Educação) anunciou que vai publicar portaria autorizando as escolas a
substituir aulas presenciais da educação básica pela modalidade a distância por
30 dias. A medida ainda pode ser prorrogada.
A alteração foi
elaborada pelo Comitê Operativo de Emergência do ministério, criado para pensar
alternativas de contenção ao avanço do coronavírus em instituições de ensino.
Ao menos 17 Estados já tiveram as aulas suspensas.
Atualmente, a
legislação não permite aulas a distância na educação infantil e no ensino
fundamental (do 1º ao 9º ano). A modalidade é permitida para até 30% da carga
horária do ensino médio em cursos noturnos e 20% nos diurnos.
Também é liberada
em 40% da carga horária de cursos presenciais de ensino superior.
Segundo nota do
ministério, a liberação da modalidade para todas as etapas da educação básica
tem caráter excepcional e valerá apenas enquanto durar a situação de emergência
de saúde pública. A adesão das escolas será voluntária.
Cobrança
Diretores da rede
particulares vinham cobrando o MEC por um dispositivo que as deixasse mais
seguras de poder descontar os dias com atividade a distância dos 200 dias
letivos exigidos por lei.
Na sexta-feira, o
Conselho Nacional de Educação (CNE) já havia emitido ofício, informando
entender que juridicamente a reposição dos dias perdidos pode ser feita no
próximo ano, mas que os 200 dias e as 800 horas anuais precisam ser cumpridas –
o entendimento seria o mesmo usado em 2009, quando aulas foram suspensas na
epidemia de H1N1.
Para Luiz Miguel
Garcia, presidente da Undime (entidade que reúne os secretários municipais de
educação), a liberação do ensino a distância para a educação básica não garante
a qualidade e nem que todos os estudantes serão atendidos.
“Não conhecemos
metodologia, ainda mais em caráter emergencial, que garanta um ensino de
qualidade para crianças nessa faixa etária que permita a substituição. Estamos
falando de uma fase em que os alunos estão sendo alfabetizados.”
Além da qualidade,
ele também destaca que a maioria das escolas da rede pública não tem recursos
para oferecer ensino a distância e, ainda que tivessem, nenhuma teria como
garantir que todos os alunos podem assistir às aulas nessa modalidade de casa.
“Como garantir que
toda criança tem um celular, um computador com internet para fazer as
atividades? Vamos deixar muitos alunos de fora porque a realidade do Brasil
está muito distante de permitir isso. O princípio básico da equidade não será
garantido”, disse.
Álcool gel
O ministério também
informou que vai antecipar a liberação de R$ 450 milhões do Programa Dinheiro
Direto na Escola (PDDE) para que os colégios da rede pública tenham recursos
para comprar álcool em gel e outros produtos de higiene.
O recurso estava
previsto para ser liberado em abril e setembro, mas as parcelas foram
adiantadas diante do avanço do novo coronavírus. Secretários de Educação de
Estados e municípios destacam que não se trata de um recurso extra e que pode
reduzir a compra de materiais pedagógicos.
Faculdades
Levantamento da
Abmes (associação que reúne donos de faculdades de particulares) encontrou ao
menos 17 Estados que estão com aulas paralisadas na educação básica ou
superior.
A instituição
recomendou a suspensão das atividades e pede para que estratégias, como a
modalidade a distância, sejam consideradas.
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