A fim de padronizar
as medidas de prevenção e controle da Covid-19 em frigoríficos e indústrias de
laticínios, os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da
Economia (ME) e da Saúde (MS) definiram em portaria conjunta o que deve ser
feito daqui para frente no que diz respeito às atividades de abate e
processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano. O objetivo da
norma, que foi elaborada após conversas com o Ministério Público do Trabalho, é
garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores, o abastecimento alimentar da
população, os empregos e a atividade econômica.
Segundo a
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), antes de começar a pandemia o
mercado teve um ano de recuperação. E por conta dos protocolos rígidos que já
são adotados costumeiramente na área, o mercado não só continuou funcionando
durante o período de calamidade pública, o que não afetou o abastecimento, como
superou as expectativas.
A ABPA foi uma das
que solicitaram uma padronização das medidas a serem tomadas, já que neste
período houve intromissão de municípios e estados, abrindo e fechando
estabelecimentos, mesmo com todo o cuidado que vinha sendo tomado. Agora os
ministérios emitiram a portaria, que acabou se norteando nas normas que já
vinham sendo utilizadas.As orientações contidas na Portaria Conjunta Nº 19,
publicada dia 19 de junho no Diário Oficial da União, são de observância
obrigatória e a fiscalização será feita pelo Ministério da Economia. Entre as
medidas expressas no texto estão a necessidade de acompanhamento de sinais e
sintomas da Covid-19 e afastamento imediato por 14 dias dos funcionários que
tiverem casos confirmados ou suspeitos, além daqueles que tiveram contatos com
pessoas infectadas.
Distanciamento
Segundo Sulivan
Alves, diretora técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal, a norma já
existia como uma forma de guia e já funcionava de forma consonante com o que já
vinha sendo aplicado na área. A diferença, agora, é que deixa de ser uma diretriz
e passa a ser uma portaria com poder legal, com normas obrigatórias. A
especialista explica que a norma vem somar cuidados mais específicos, como
medidas de distanciamento no ambiente fabril, vestiário e refeitório, a fim de
evitar aglomeração nas plantas, e a padronização de triagem para afastamento de
casos suspeitos.
“Quando você trata
do aspecto higienização pessoal e do ambiente, já é uma prática muito
recorrente desse tipo de estabelecimento que manipula alimentos. Essa etiqueta
respiratória, como espirrar da maneira correta, por exemplo, já é muito comum
em ambiente de produção de alimentos”, destaca.
Sulivan lembra
também que além de todo o material de proteção que já é usado na área, estão
sendo adicionadas máscaras específicas de acordo com o local de atuação no
ambiente de produção, como viseiras plásticas e óculos de proteção em casos
específicos. No interior das indústrias, o distanciamento entre os funcionários
deverá ser de pelo menos um metro, conforme recomendações da Organização Mundial
da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde. Caso a distância recomendada não seja
possível por algum motivo, os trabalhadores devem usar máscaras cirúrgicas além
dos equipamentos de proteção individual (EPI), e serem instaladas divisórias
impermeáveis entre esses funcionários.
Além disso, a
empresa deve promover o trabalho remoto, quando possível, e adotar medidas para
evitar a aglomeração de trabalhadores na entrada e saída do estabelecimento.
Cuidado é praxe!
A portaria indica que as instalações devem dar preferência à ventilação natural e todos os trabalhadores devem ser orientados para a necessidade de higienização correta e frequente das mãos. Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal e ex-ministro da Agricultura, lembra, no entanto, que as empresas do setor desempenham protocolos mais rígidos do que muitos hospitais mesmo antes da pandemia.
Segundo Turra, o cuidado das empresas foi extraordinário, e sem registros de demissão. Pelo contrário, foram contratados mais de 15 mil novos funcionários. Isso porque houve o cuidado com os públicos alvos mais vulneráveis, que foram afastados da área de produção, mas permaneceram na empresa.
Mercado
Tanto o mercado
interno quanto o externo de abate e derivados não foram afetados com a
pandemia. Como as empresas do setor puderam continuar as atividades com rígidos
protocolos de segurança, as atividades não só continuaram como os resultados
surpreenderam. Nos primeiros quatro meses de 2020, o número de exportações
cresceu e, segundo o presidente da ABPA, a performance foi acima do
esperado.
“Exportamos no
quadrimestre 280 mil toneladas de carne suína, 28% a mais que o ano passado no
mesmo período. Carne de frango, até final de abril, 1,3 milhão de toneladas, ou
seja, 5,1% a mais que o ano passado”, destacou Turra.
Segundo a
Associação Brasileira das Indústrias de Carnes (Abiec), a portaria traz ainda
mais segurança para que o setor continue produzindo e não haja falhas no
fornecimento de carne bovina no Brasil. Apenas nos frigoríficos existem
atualmente mais de 3.200 estabelecimentos processadores de carnes e derivados
registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF).Destes, 445 comercializam
proteína animal.
Vale lembrar que o
Governo Federal já havia divulgado, em maio, um manual com recomendações para
frigoríficos em razão da pandemia. Agora, essas orientações gerais serão
substituídas pelas medidas previstas na portaria interministerial.
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