Apenas do município de Nova Itaberaba foram 38 tambores com 300 quilos de mel cada.
Qualidade da
matéria-prima, volume de produção, organização dos apicultores e aprimoramento
constante dos processos produtivos com cuidados redobrados no manejo, na
higiene e no transporte. Esses são atributos que têm atraído o interesse de
empresas brasileiras pelo mel produzido na região oeste catarinense, com foco
para comercialização no mercado interno e externo.
Exemplo disso vem
do município de Nova Itaberaba, onde a Administração Municipal
investiu na qualificação do setor de apicultura desde março de 2017 com as
consultorias tecnológicas do Sebraetec, programa do Sebrae/SC. Entre os
resultados obtidos estão aprimoramento dos processos, ampliação da
produtividade, associativismo e acesso a novos mercados.
O trabalho no
município tem como objetivo melhorar o processo produtivo e tornar a atividade
da apicultura como fonte de renda nas empresas rurais. Essa atividade é
desenvolvida há muitos anos em Nova Itaberaba, porém não tinha
direcionamento e era considerada apenas como complemento para as famílias.
“Essa necessidade foi identificada a partir da realização do programa Negócio
Certo Rural. Então, para profissionalizar a atividade buscamos o apoio do
Sebrae/SC, pois o intuito é valorizar os apicultores e diversificar as
atividades nas propriedades rurais”, relata o prefeito de Nova Itaberaba, Marciano
Mauro Pagliarini.
As consultorias
tecnológicas, segundo o prefeito, auxiliaram no aumento da produtividade,
praticamente imediata, de mel. “Com a inserção de práticas adequadas os
apicultores obtiveram resultados e alguns já pretendem transformar a atividade
como carro-chefe da propriedade. A contribuição para o movimento econômico do
município ainda é pequena, contudo tende a crescer devido ao potencial
apresentado. Além disso, com o aprimoramento das técnicas acredito que a
atividade merecerá destaque nos próximos anos”, analisa Pagliarini.
CONQUISTAS
O diagnóstico
inicial do município apontou que os apicultores produziam em média 12 quilos de
mel/caixa/ano, uma produtividade abaixo da média estadual que é de 25 quilos de
mel/caixa/ano. Com a qualificação e o comprometimento dos apicultores os
índices melhoraram consideravelmente, atingindo neste ano uma média de produção
entre 25 a 28 quilos de mel/caixa ano. “Esse é um aumento
significativo, pois representa o dobro de produtividade média de caixa por ano.
Isso foi possível porque os apicultores ouviram e aplicaram as orientações para
adequações na propriedade. Podemos afirmar que o projeto serve de exemplo para
os demais municípios”, comemora o consultor credenciado ao Sebrae/SC, Neuri
Riboli.
Com o aumento no
volume de produção surgiu a necessidade de estruturar a organização dos
empresários a partir da Associação de Apicultores de Nova Itaberaba, que está
em fase de formação, com ata de fundação elaborada e os trâmites legais
encaminhados para requerimento do CNPJ. Pelo associativismo a intenção é
consolidar a atividade no município, promover o desenvolvimento dos apicultores
e buscar o acesso de novos mercados com venda unificada da matéria-prima.
A combinação desses
fatores (aprimoramento da atividade, aumento da produtividade e organização dos
apicultores) tornou possível concretizar a entrega de aproximadamente 11
toneladas de mel neste mês de maio para a empresa Supermel, de Maringá (PR) – a
maior exportadora do produto no Brasil. No último fim de semana (23 e 24 de
maio), ocorreu o carregamento de 38 tambores com 300 quilos de mel cada.
“Acreditamos que em
breve faremos mais entregas deste porte, valorizando ainda mais a nossa
produção e fazendo com que as propriedades recebam um dinheiro extra.
Importante ressaltar que esse volume de mais de 11 toneladas corresponde a 50%
da produção deste início de ano, pois o restante os apicultores comercializaram
no mercado regional a partir da venda direta”, comemora o prefeito.
Além das 11 toneladas
de mel produzidas em Nova Itaberaba a empresa paranaense adquiriu a
produção dos municípios de Paial e Cunha Porã.
Desta forma, os municípios atendimentos pelos projetos do Sebrae/SC – áreas de
abrangência das Gerências Regionais do Oeste e Extremo Oeste - entregaram mais
de 17 toneladas dessa matéria-prima com destino ao mercado interno e externo.
Para efetivar a venda foi elaborada comissão com integrantes dos três
municípios. O quilo do produto foi vendido por R$ 7, o que resultou em um
montante de R$ 115 mil, tudo com nota de produtor rural e com pagamento à
vista, sendo 50% antecipado e 50% efetuado na entrega.
“O valor do mel
apresentou crescimento nos últimos 20 dias, com incremento de 40% a 50% devido
à pandemia, que elevou a procura pelo mel brasileiro. Um fator positivo, pois o
setor enfrentava dificuldades há dois anos com valores que não reagiam no mercado.
Espera-se que para a safra 2020/2021 o preço atinja de 60% a 70% de
valorização. Os apicultores estão entusiasmados e pensam em investir cada vez
mais para melhorar a qualidade e o número das colmeias”, pondera
Riboli.
ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS
No início do
projeto foi elaborado um diagnóstico para identificar os gargalos que impediam
o apicultor de ter sucesso em sua atividade. A partir do levantamento foram
elencadas as maiores deficiências e desenvolvidos projetos para cada uma das 15
propriedades participantes.
“Pelo projeto são
atendidos 15 apicultores, porém em Nova Itaberaba são aproximadamente
30 famílias que trabalham com essa atividade, e também são beneficiadas de
maneira indireta ao serem convidadas a participarem dos trabalhos coletivos”,
comenta Riboli.
Entre os principais
assuntos abordados até o momento estão: melhoramento da infraestrutura do
apiário, padronização das colmeias (dos materiais, da troca de favos, da
dimensão dos apiários), manejo na alimentação (que pode ser feita a cada 20
dias), sanidade apícola, melhoramento genético e revisão de inverno e de
primavera.
Ainda entre as
temáticas trabalhadas com os apicultores estão: flora apícola, as principais
floradas e como complementar uma florada em período de escassez a exemplo dos meses
de baixa temperatura.
MERCADO
Santa Catarina
coleciona cinco títulos como Estado produtor do melhor mel do mundo. São 10 mil
famílias com 300 mil colmeias que garantem produção de 6.000 toneladas do
alimento por ano. Todo esse volume abastece o mercado interno e grande parte é
exportada, especialmente para os Estados Unidos e para a Alemanha, o que também
coloca o Estado como maior exportador de mel do Brasil.
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