Foto: Edson Rodrigues/AMPA
Para auxiliar o
produtor rural a reduzir custos e aumentar a produtividade foi disponibilizado
no Brasil a primeira antena rural para internet 5G. Ainda em fase de testes, a
fazenda modelo que realiza o experimento, fica na sede do Instituto
Mato-grossense do Algodão (IMA), no município de Rondonópolis (MT).
A disponibilização
da rede de internet no agronegócio vai permitir que a inspeção do plantio, por
exemplo, seja monitorada à distância. Isso graças ao uso de drones que
transmitem em tempo real, vídeos e imagens em resolução 4k para a equipe
técnica ou produtor, auxiliando na tomada de decisões.
A conexão se dá a
partir de sensores com a captação de informações de componentes de solo, de
plantas e de desempenho animal. Os dados capturados são processados em
plataformas e sistemas.
O projeto é
coordenado pelas empresas de telecomunicações TIM e Nokia, em parceria com a
Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e ConectarAgro. A
iniciativa também conta com o apoio dos ministérios das Comunicações e da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“Nesta parceria o
Mapa contribuiu para definir os pontos de implementação dos pontos-pilotos de
conectividade 5G que serão instalados em localidades com alta demanda de
consumo, transmissão de dados e uso intenso de tecnologias digitais como
sensores, tratores, drones, máquinas, computadores, celulares, pivôs e animais
chipados. Bem como a alta demanda e uso de serviços digitais como softwares,
sistemas, plataformas e marketplaces”, afirmou o Mapa por meio de nota.
Ainda segundo a
pasta, a expectativa é testar a alta capacidade de carga do 5G e se a região
selecionada irá atender aos critérios técnicos.
O membro do
conselho consultivo da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão
(Ampa), Alexandre Schenkel, explica que os testes com a antena 5G já iniciaram.
“Inclusive com robôs, drones, sensores, câmeras. Para identificar a presença de
algum funcionário que não esteja usando EPI [Equipamento de Proteção
Individual]. Para detectar algum foco de fumaça e evitar incêndios. São grandes
os benefícios que teremos com o uso desses sensores e câmeras próprias para a
tecnologia 5G”, diz.
O monitoramento
remoto, a partir de sensores, permite também a medição da temperatura e
avaliação das condições hídricas imediatas na plantação. Durante a simulação, é
possível acionar a irrigação de uma determinada área a quilômetros de
distância.
Ainda segundo
Schenkel, a tecnologia também servirá de auxílio para manejo florestal. “Outro
caso importantíssimo também é a rastreabilidade da nossa produção, seja ela com
a pecuária, agricultura, produção de grãos, de fibras, etc. Hoje, até no manejo
florestal, o produtor vai conseguir se beneficiar com essa tecnologia de
conexão 5G, ele terá mais precisão para fazer um geoposicionamento, por
exemplo, de uma árvore dentro da propriedade.”
Equipamentos de
produção como os tratores também estão conectados. Ao comprar esse tipo de
máquina, o produtor não adquire apenas o veículo, mas um serviço conectado.
Para o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI),
Igor Nogueira Calvet, a tecnologia vai facilitar os trabalhos no campo.
“Um veículo autônomo
[trator] é aquele guiado por ele mesmo, não tem motorista. Se nós apertarmos o
freio esperamos que esse freio faça o trabalho e não passe por cima de um
animal, não atropele uma pessoa. O veículo autônomo precisa ter essa rapidez,
que vai ser permitida pela tecnologia 5G.”
Leilão do 5G
Para a
implementação do 5G no Brasil, será feito leilão das frequências de operação da
nova geração de internet móvel. Discutido em diversas audiências públicas ao
longo de 60 dias em 2020, o leilão é considerado não arrecadatório, já que
todas as verbas levantadas serão investidas em infraestrutura de comunicação e
aprimoramento da conectividade em áreas ainda carentes.
No edital do
leilão, que foi aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),
está previsto que o 5G deve funcionar nas 26 capitais do Brasil e no Distrito
Federal até julho de 2022. Para todas as cidades do Brasil com mais de 30 mil
habitantes, o prazo é julho de 2029.
Também previsto no
edital do leilão, os locais onde os brasileiros ainda dependem de antenas
parabólicas para assistir à programação da TV aberta vão receber receptores
mais modernos, que serão substituídos e instalados gratuitamente. Isso porque a
frequência utilizada por esses equipamentos pode sofrer interferência do sinal
do 5G.
De acordo com a
nota enviada pelo Mapa, “com o leilão da conexão 5G, o agronegócio será
beneficiado não só pelo provimento da tecnologia com as torres, mas,
principalmente, pelo fato de o leilão trazer a previsão de contrapartida às
operadoras e distribuidoras de 5G o aporte de conectividade e conexão no modelo
Telecom (2, 3 e 4G) nas comunidades com até 600 habitantes. Como essas
comunidades são predominantemente agrícolas, seguramente, o leilão 5G
contribuirá para os pequenos, médios e grandes produtores rurais brasileiros.”
O leilão do 5G será
a maior oferta de espectro da história da Anatel. A licitação das
radiofrequências nas faixas de 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz está prevista
para o primeiro semestre deste ano e proporcionará maior volume de recursos de
espectro para que as operadoras de telecomunicações possam expandir suas redes.
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