Três municípios catarinenses estrearam a inovação na pecuária do Estado regulamentada no início deste mês pelo Governo de Santa Catarina.
São Miguel do Oeste, Água Doce e Caçador promoveram os primeiros
leilões virtuais para comercialização de terneiros, atendendo regras
estabelecidas para evitar aglomerações e diminuir os riscos de contágio do
Coronavírus. Juntos, eles garantiram a venda online de 1.382 animais que
estavam retidos nas fazendas devido à suspensão das feiras agropecuárias
durante a pandemia.
A inovação atende demanda da
Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc) que sugeriu a
medida ao Governo para evitar perdas aos produtores diante da retenção dos
rebanhos. Apesar de ainda estar em fase de adaptação, a novidade tem agradado
sindicatos e produtores.
Em São Miguel do Oeste, o
primeiro leilão virtual realizado no dia 18/04 garantiu a venda de 400
bezerros. O Sindicato Rural do município já organiza o segundo para o dia 16 de
maio com mais 400 terneiros assistidos pelo programa de Assistência Técnica e
Gerencial (ATeG) de pecuária de corte do Sistema Faesc/Senar-SC. Segundo o
presidente do Sindicato, Adair Teixeira, a venda online aumenta a
abrangência e o número de compradores, apesar de limitar o contato e a troca de
experiência entre produtores. “É uma grande novidade a qual estamos nos
adaptando. É uma tendência que certamente veio para ficar”, avalia Teixeira.
Em Água Doce, conforme o
presidente do Sindicato Rural, Nilton Bedin, o leilão virtual
realizado no feriado de Tiradentes, 21 de abril, no recinto do parque de
exposições do município, teve grande adesão dos produtores, que aprovaram a
nova modalidade. O evento comercializou 477 cabeças e encerrou com boa média de
preços do quilo dos terneiros em R$ 8,05 fêmeas e R$ 8,60 machos, devido à
qualidade dos animais assegurados pelo programa ATeG. De acordo com Bedin, o
leilão foi semipresencial, com visitação agendada aos lotes para lances dos
compradores no período da manhã e remates virtuais à tarde, via WhatsApp.
“Tivemos um retorno muito
positivo dos compradores e produtores que acharam a ferramenta virtual muito
interessante e indispensável diante da situação causada pela pandemia. Nós
temos uma tradição muito forte aqui de lotar os recintos e organizar grandes
almoços. Acredito que esse costume deve continuar assim que possível, porém,
agora, com uma opção a mais que é a ferramenta online”, ressalta Bedin. O
município terá o próximo leilão virtual nos dias 23 e 24 de maio.
Em Caçador, o leilão aconteceu
no dia 12 de abril e vendeu 505 terneiros. A média de preços por quilo ficou em
R$ 7,71 fêmeas e R$ 8,38 machos. Os lotes foram filmados nas fazendas e as
imagens transmitidas pela internet a partir das 14 horas. Na avaliação do
presidente da Associação dos Pecuaristas de Caçador e Região (APCR), Joel
de Mello, a nova modalidade superou as expectativas dos produtores.
“Foi excelente, com bastante
adesão e ótimas vendas. Na nossa opinião, foi melhor que o presencial, porque
atraiu compradores de fora e mais visualizações”, destaca Mello que já
organiza, em parceria com o sindicato rural local, o próximo leilão para o dia
17 de maio com mais 500 terneiros para venda.
LEILÕES NO OESTE
Os municípios de Concórdia e
Chapecó organizam os leilões virtuais para maio. Em Concórdia, o leilão será no
dia 1º, totalmente online no recinto do parque de exposições do município, a
partir das 13 horas, com 550 terneiros disponíveis para comercialização. A
organização é do Sindicato Rural em parceria com a Associação de Bovinocultura
de Corte do município. Segundo o presidente da Associação, Haroldo
Vendrúsculo, os produtores estão aceitando bem o novo formato.
Em Chapecó, o evento acontece
no Parque de Exposições da Efapi, no dia 16 de maio e será semipresencial. De
acordo com o presidente do Sindicato Rural do município e vice-presidente
regional da Faesc, Ricardo Lunardi, os compradores agendarão
horário no sábado pela manhã para avaliar os lotes e depositar seus lances de
forma individualizada. A empresa leiloeira coletará os dados e entrará em
contato com os compradores para informar as melhores ofertas e definir os
remates. Na avaliação de Lunardi, além uma boa solução para o momento, a
modalidade virtual se tornou uma alternativa para ser mantida de forma paralela
à presencial.
Além desses, o Sindicato Rural
de Campo Belo do Sul realizou leilão virtual no dia 25 de abril e, para maio,
estão previstas mais 15 feiras: nos dias 2, 9 e 11 em Lages; dia 8 em
Correia Pinto; 9 em Ponte Serrada; 23 em Campos Novos; 16 em Bocaina
do Sul; 17 em Abdon Batista; 23 em Capão Alto; 24 em Painel e
31 em Tubarão. Cada leilão terá, em média, 700 animais para
comercialização.
De acordo com o
vice-presidente de finanças da Faesc, Antônio Marcos Pagani de Souza,
que coordena o programa de pecuária de corte, os leilões virtuais estão
agregando valor nas vendas dos bovinos em todo o Estado. Os animais
comercializados têm idade média de oito meses, pesam em média 200
kg e são predominantemente de raças britânicas e continentais.
“É algo pioneiro e
inovador em Santa Catarina, possibilita o comprador fazer negócio a partir
da sua casa, com segurança e sem riscos de contaminação com a COVID-19. Além
disso, aumenta a abrangência e o alcance dos leilões a um público maior no
território catarinense, fato que não apenas agrega valor, mas também
diversifica o cliente comprador de animais, com segurança para quem está
ofertando os lotes”, avalia Pagani ao destacar que além dos leilões virtuais,
os pecuaristas também seguem com vendas diretas nas propriedades rurais.
“É um momento decisivo para o
produtor rural, pois é justamente nessa época do ano que ele comercializa sua
safra. Muitos desses produtores são assistidos pelo Programa ATeG, investem em
seus rebanhos e possuem animais de qualidade e excelente genética, fatores que
atendem ao mercado cada vez mais exigente por carne de qualidade. Medidas como
esta auxiliam o pecuarista a se manter capitalizado e a incrementar na economia
de seu município e do Estado”.
Para o presidente da
Faesc José Zeferino Pedrozo os leilões virtuais são uma
conquista e um avanço para a agropecuária catarinense. “É uma aposta do setor
que soube inovar na crise. A medida foi fundamental para assegurar a
comercialização do rebanho e está agradando aos produtores”, sublinha.
RECOMENDAÇÕES
Entre as regras estabelecidas
pela portaria 242 para a regulamentação dos leilões virtuais estão o uso
obrigatório de máscaras para todas as pessoas que trabalham nos leilões e nas
feiras e o distanciamento mínimo de um metro e meio. A visitação dos animais
nos recintos de leilões também deverá ter agendamento prévio por lote, com
controle de acessos para evitar aglomerações, além da disponibilização de
álcool em gel 70% em locais estratégicos para higienização. Os estabelecimentos
devem, ainda, fixar cartazes informativos com orientações sobre higiene das
mãos, etiqueta respiratória e normas de precauções.
A portaria também estabelece
que no horário programado para recebimento ou carregamento dos bovinos só será
permitida a presença do motorista do caminhão e de um proprietário ou
responsável pelos animais. É proibida a presença de público e de compradores no
recinto de leilões e os trabalhadores devem ser orientados a intensificar a
higienização das mãos. No caso de locais fechados, os organizadores devem
manter todas as áreas ventiladas e desinfetar com álcool 70% maçanetas, mesas,
corrimões, interruptores, banheiros e lavatórios.
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