O presidente Jair
Bolsonaro encaminhou ao Congresso Nacional um projeto de lei complementar para
definir os combustíveis e lubrificantes sujeitos à incidência única do Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Na prática, a medida, se
aprovada como quer o governo federal, altera a forma de cobrança do ICMS, que é
um imposto estadual.
Pela proposta,
caberá ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz)definir as alíquotas
no ICMS sobre combustíveis, que deverão “ser uniformes em todo o território
nacional e poderão ser diferenciadas por produto”. O Confaz é formado por
integrantes do Ministério da Economia, incluindo o titular da pasta, Paulo
Guedes, e todos os secretários estaduais de Fazenda. Essas alíquotas também
serão, segundo dispõe o texto, “específicas, por unidade de medida adotada”,
que pode ser quilo ou litro, por exemplo. A proposta, na prática, torna o
ICMS invariável por causa do preço do combustível ou de mudanças do câmbio.
Segundo o projeto, qualquer aumento no valor do tributo só entrará em vigor 90
dias depois de anunciado, de modo a dar mais previsibilidade ao setor.
O projeto determina
que cada estado e o Distrito Federal aprovem uma lei estadual instituindo a nova
forma de cobrança 90 dias após a aprovação da lei federal complementar.
Atualmente, o ICMS sobre combustíveis, cujas alíquotas variam de 12% a 35%,
dependendo do estado, é cobrado a partir do preço médio do litro do combustível
vendido na bomba e, por isso, seu custo costuma ser repassado ao consumidor
final no preço do produto. De acordo com a Petrobras, 14% do preço final do
diesel, que é o combustível usado no transporte de carga, representa o custo do
ICMS. Outros 9% desse custo são formados por impostos federais, como a
PIS/Cofins e a Cide (atualmente zerada no caso do diesel). Já a fatia que fica
com a Petrobras representa cerca de 47% do preço final do diesel. Na composição
da gasolina, cerca de 29% é a realização da Petrobras e os impostos (federais e
estaduais) representam cerca de 44% do preço final do litro.
Se a proposta for
aprovada na versão apresentada pelo governo, os contribuintes do ICMS sobre
combustíveis serão os produtores ou importadores de combustíveis e
lubrificantes. De acordo com o projeto de lei, a base do cálculo do ICMS sobre
combustíveis será a unidade de medida adotada na operação multiplicada pela
quantidade de unidades objeto da operação.
Além do diesel e da
gasolina, o projeto de lei complementar do Executivo federal prevê que a nova
forma de cálculo do ICMS deverá ser aplicada também para o álcool combustível;
querosenes combustíveis; óleos combustíveis; coques, de petróleo e de minerais
betuminosos; resíduos de óleos, de petróleo e de minerais betuminosos; óleos
lubrificantes, de petróleo ou de minerais betuminosos; hidrocarbonetos líquidos
derivados de petróleo e hidrocarbonetos líquidos derivados de gás natural que
possam ser utilizados em mistura mecânica para a produção de gasolinas ou de
diesel, de acordo com as normas estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo
(ANP); biodiesel; gás natural combustível; e gás liquefeito de petróleo (GLP),
o gás de cozinha.
Na quinta (11),
durante sua live semanal nas redes
sociais, o presidente Jair Bolsonaro confirmou que entregaria o
projeto e criticou a forma de cálculo do ICMS que, segundo ele, gera uma
distorção na cobrança. “O que se faz de 15 em 15 dias? Pega-se o valor
médio do combustível e daí os governadores aplicam o percentual em cima
daquilo. O ICMS não só incide em cima do preço do combustível na refinaria, mas
incide também em cima do PIS/Cofins [imposto federal], incide em caso de
existência de Cide [imposto federal], incide em cima da margem de lucro dos
postos, incide em cima do custo da distribuição e incide em cima do próprio
ICMS. Isso é uma loucura”.
Alta nos preços
Desde o início do
ano, a Petrobras já reajustou o preço dos combustíveis cinco vezes. No caso do
diesel, foram dois aumentos que acumulam alta de 11% do valor do produto nas
refinarias. No caso da gasolina, a alta desde o início do ano acumula mais de
20%, com três aumentos consecutivos.
A Petrobras,
estatal dominante no mercado de combustíveis, segue uma política de variação do
preço dos combustíveis que acompanha a valorização do dólar e a cotação do
petróleo no mercado internacional. Os reajustes são realizados de forma
periódica nas refinarias.
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