Quatro medicamentos apresentaram resultados positivos em
pesquisas científicas no tratamento da Covid-19, doença causada pelo
coronavírus. Esses remédios atuam em diferentes estágios de contaminação das
células. Os resultados ainda são preliminares.
São eles:
Cloriquina
Remdesivir
Lopinavir/Ritonavir
Favipiravir
Este último foi divulgado nesta quarta-feira (18) e é vendido
comercialmente no Japão com o nome de "Avigan". Ele foi desenvolvido
pela empresa Toyama Chemical, do grupo Fujifilm, e é usado há mais de 5 anos
contra a Influenza.
Consultada, a Anvisa informou que não existe pedido de
registro ou mesmo de pesquisa clínica envolvendo o produto no Brasil.
Medicamentos
em testes:
Favipiravir
O favinapiravir é um inibidor da enzima RNA polimerase, responsável pela síntese do RNA e que
pode replicar o genoma de vírus como o coronavírus dentro das células. "O
favipiravir não deixa que o material genético do vírus se reproduza",
explicou o infectologista Renato Grinbaum.
Autoridades médicas chinesas anunciaram que o remédio
foi eficiente contra a doença e não apresentou efeitos colaterais. Pessoas que
estavam com o vírus apresentaram um resultado negativo - o micro-organismo não
foi mais detectado - depois de 4 dias de uso do favinapiravir. Pacientes
tratados com o medicamento também apresentaram uma melhora nas funções
pulmonares.
Cloroquina
A cloroquina é um remédio usado para o tratamento da malária
desde a década de 1930. Ela também foi usada no tratamento de doenças
autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide.
A droga passou por testes laboratoriais e impediu a
entrada do vírus nas células, além de evitar a disseminação das células
infectadas. Um estudo publicado pela "Nature" mostrou que a cloroquina
bloqueia a infecção por vírus porque altera o pH das estruturas necessárias
para o vírus entrar na célula.
"A cloroquina deixa o pH das vesículas internas
das células mais alcalino. Os estudos indicam que o fato de alcalinizar essas
vesículas impacta na multiplicação do vírus no interior das células. Por
modificar drasticamente o interior das células, ela mexe com vários receptores
que o vírus usa para se modificar", explicou o imunologista do Instituto
de Ciências Biomédicas da USP Claudio Marinho.
A ação anti-inflamatória do remédio também pode ser
efetiva contra o vírus. "A cloroquina diminui a resposta inflamatória que
o nosso corpo usa pra destruir o vírus", disse o professor especialista em
medicina tropical da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Marcelo
Burattini.
Remdesivir
O Remdesivir é um remédio que age evitando a síntese do RNA
(material genético) do vírus nas células, de acordo com Burattini.
A farmacêutica americana Gilead detém a patente de uso
do Remdesivir. Seus testes clínicos começaram em 2015 para um série de vírus,
entre eles a malária e a influenza, mas ele não é uma droga aprovada para uso.
“A Gilead ofereceu o remédio para teste em um pequeno
grupo de pacientes em colaboração com as autoridades chinesas e os resultados
foram promissores, mas ainda são muito preliminares”, disse o professor
Burattini.
Segundo o professor, o Remdesivir já foi usado
compassivamente por duas vezes: em 2016 e em 2018, durante surtos do Ebola. Ele
foi aprovado para testes nos Estados Unidos, mas ainda não há resultados
conclusivos, feitos com uma amostragem grande de pacientes.
Lopinavir
e Ritonavir
É um dos componentes de coquetéis antivirais. Foi usado no
Brasil nos anos 1980 e 1990 para tratar o HIV. "Era muito popular no
Brasil, mas foi abandonado porque surgiram drogas de novas gerações que são
mais efetivas e têm menos efeitos colaterais", disse Burattini.
O Lopinavir impede a formação da Protease, enzima
responsável pela quebra da proteína, explicou Grinbaum. Já o Ritonavir é um
remédio complementar, que impede que o Lopinavir seja destruído pelo fígado.
"O inibidor de protease quebra grandes cadeias
proteicas em pequenos pedaços. Isso é importante para impedir a montagem final
do vírus na célula, porque o vírus se insere no nosso genoma celular e passa a
comandar a célula, seu genoma usa o nosso material celular para fazer cópias
dele mesmo", explicou Burattini.
O inibidor de protease impede que o vírus tenha sua cadeia
quebrada e as proteínas reestruturadas em novos vírus. Em comparação com os
outros medicamentos, o Lopinavir atua em uma fase mais tardia da infecção.
"Os inibidores têm potencial de causar efeitos
adversos razoavelmente importantes porque interferem em funções celulares,
mesmo que muito específicas", explicou o professor. O composto pode causar
toxicidade no fígado, intolerância gastrointestinal, náuseas e vômito.
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