A Justiça determinou que a empresa
TS Eletronic deposite R$ 150 mil em uma conta judicial ligada ao processo que
investiga a polêmica compra de 200 respiradores com pagamento adiantado pelo
governo de Santa Catarina.
A decisão do juiz
Laudenir Fernando Petroncini, da 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de
Florianópolis, foi publicada na terça-feira (1º) e atendeu pedido da
Procuradoria-Geral do Estado (PGE-SC). O magistrado concordou com a alegação da
PGE-SC, de que a TS Eletronic não teria cumprido uma determinação judicial que
previa o depósito de qualquer crédito que a empresa tivesse como resultado da
negociação com a Veigamed, companhia do Rio de Janeiro que recebeu os R$ 33
milhões do governo do Estado, mas não entregou os 200 respiradores.
Segundo a decisão,
a empresa teria depositado R$ 2 milhões, que seria o valor restante recebido da
negociação com a Veigamed, mas deveria ter depositado um valor superior, de
R$ 2,15 milhões.
“Há diferença entre
o que depositou (R$ 2.009.876,73) e o que deveria ter depositado (R$
2.159.876,73), sendo essa de R$ 150.000. A mencionada diferença, representa,
portanto, um descumprimento da decisão de Evento 61, pois a TS Eletronic
deveria depositar quaisquer créditos que tivesse consigo em decorrência de
contratação com a requerida Veigamed, como se viu, o que a empresa deixou de
fazer, conforme evidenciado pela tabela apresentada pela própria empresa”, diz
um trecho da determinação judicial.
O valor deverá ser
depositado no prazo de cinco dias após a notificação da empresa, o que ainda
não ocorreu. A reportagem não conseguiu contato com a defesa da empresa TS
Eletronic.
Ação recuperou R$
13,7 milhões até agora
Dos R$ 33 milhões pagos
adiantados pelo governo do Estado pela compra dos 200 respiradores que não
foram entregues, o processo conseguiu recuperar até o momento R$ 13.714.124,71,
que estão depositados em juízo. Desse valor, pouco mais de R$ 11,1 milhões
foram recuperados ainda em maio, repassados por uma empresa de Joinville que
havia recebido o valor da Veigamed a título de uma venda de kits de covid-19.
Cerca de R$ 2,4 milhões foram transferidos pela empresa TS Eletronic em junho,
conforme compromisso firmado pela companhia em juízo na ação movida pela PGE. A
empresa recebeu o valor da Veigamed para tentar intermediar a importação de
parte dos respiradores.
Há ainda outros R$
483,2 mil bloqueados das contas da empresa Veigamed por conta de uma ação
popular que também aborda a compra dos respiradores.
Entenda o caso
Os 200 respiradores
foram comprados pelo governo do Estado em uma negociação que custou R$ 33
milhões. O valor foi pago de forma adiantada, mas os equipamentos não foram
entregues - apenas 50 equipamentos chegaram ao Brasil, mas não tiveram a
importação regularizada e acabaram sendo retidos pela Receita Federal e doados
ao Estado. Desses 50, somente 11 foram aprovados em avaliação e estão em uso
pelo Estado.
Adquiridos para o
combate à pandemia do coronavírus, os respiradores comprados pelo Estado junto
à empresa Veigamed motivaram investigação da Polícia Civil, Ministério Público
de SC, Tribunal de Contas do Estado e são investigados também em uma ação movida
pela PGE-SC na 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Florianópolis. Duas
fases da Operação O2 foram deflagradas, com prisões temporárias de empresários
e de um ex-secretário do governo Moisés, mais tarde revertida. O caso foi
relevado em reportagem do portal The Intercept Brasil no final de abril.
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