Além dos R$ 11 milhões já recuperados no início de maio, em
favor dos cofres públicos estaduais, na ação que trata da compra dos
respiradores pelo Governo de Santa Catarina, a Procuradoria-Geral do Estado
(PGE) segue firme na reparação integral dos R$ 33 milhões pagos pelo Fundo
Estadual de Saúde à empresa Veigamed. Pelo menos, mais R$ 2 milhões estão
previstos para ressarcimento ao Estado a partir desta segunda-feira, 15, o que
significa a recuperação de 40% do total pago de forma antecipada.
Na terça-feira, 9, a pedido da PGE, foi realizada uma audiência por
videoconferência no processo movido pelo Estado na 1ª Vara da Fazenda Pública
da Capital. Além da procuradora do Estado, Jocélia Lulek, que atua no processo
ajuizado pela PGE em 30 de abril, participaram da audiência representantes da
empresa Veigamed e da TS Eletronic do Brasil - contratada pela Veigamed para
importar os 200 respiradores da China - bem como a titular da 26ª Promotoria de
Justiça da Capital, Darci Blatt, e quatro promotores representantes do Grupo de
Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), todos do
Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).
A procuradora Jocélia Lulek explica que o Estado pretende que a TS devolva
os valores que recebeu da Veigamed pela importação de ventiladores pulmonares
da marca Aeonmed, modelo Shangrila 510S. Na audiência, a TS se comprometeu a
realizar o depósito de R$ 2 milhões em uma conta judicial nos próximos cinco
dias, por isso, a previsão a partir desta segunda-feira, 15. Além disso, a
empresa também se comprometeu a buscar a repatriação de valores que encaminhou
ao exterior, quando iniciou o processo de importação dos equipamentos, e, na
sequência, depositar o dinheiro na conta judicial em favor de Santa
Catarina.
“Essa foi uma forma de se tentar recuperar, amigavelmente, os valores
repassados pelo Estado à Veigamed. Na audiência, a importadora TS Eletronic
demonstrou que pretende devolver os valores recebidos da Veigamed, por força de
contratos celebrados entre as duas empresas. O pedido foi prontamente atendido
pelo titular da 1ª Vara da Fazenda, juiz Laudenir Fernando Petroncini”, explica
Jocélia.
A PGE destacou que não poderão ser descontados dessa devolução os valores
correspondentes aos 50 ventiladores importados pela TS e apreendidos pela
Receita Federal. “A entrega dessas mercadorias ocorreu por termo de liberação
pelo órgão federal à Secretaria de Estado da Saúde, no dia 28 de maio, e não
pela TS ou Veigamed”, ressalta a procuradora do Estado, destacando que a TS
também se comprometeu a devolver aos cofres públicos as comissões pagas a
outras duas empresas que atuaram como intermediárias na importação.
Na audiência, os representantes da Veigamed discordaram da proposta de
acordo e solicitaram que a TS Eletronic conclua o processo de importação dos
ventiladores modelo Shangrila 510S. No entanto, a PGE reforçou que não abre mão
do ressarcimento integral dos valores. “Para o Estado, não importa como se dará
a solução da relação jurídica entre a Veigamed e a TS Eletronic. O que nós
queremos é que os recursos públicos sejam integralmente devolvidos. Solicitamos
ainda que a Veigamed compareça aos autos e faça a devolução da diferença entre
os R$ 33 milhões pagos pelo Estado e o valor que será restituído pela TS
Eletronic”, observa Jocélia.
O Ministério Público concordou com a posição da PGE no sentido de que os
danos devem ser integralmente reparados sem desconto do valor pago pelos 50
respiradores apreendidos pela Receita Federal. Está em processo de conclusão a
avaliação, iniciada em 1º de junho, de três das 50 unidades liberadas pela
Receita ao Estado. Entretanto, já se sabe que os equipamentos não servem para o
tratamento de pacientes com Covid-19 ou para UTI. O laudo está em fase de
conclusão e haverá necessidade da montagem de todos os ventiladores,
especialmente, para verificar se todos estão funcionando, para o que servem e
para onde serão encaminhados posteriormente.
Ao finalizar a audiência, o juiz Laudenir Fernando Petroncini determinou a
abertura da conta judicial para que a TS Eletronic pudesse fazer o depósito.
Além disso, deu prazo de dez dias para que a empresa se manifeste sobre a
repatriação dos recursos pagos à fabricante chinesa e também como comissão às
empresas intermediadoras da importação. O mesmo prazo foi concedido à Veigamed
para que apresente no processo documentação que dê suporte às informações
manifestadas durante a audiência.
A ação em que se realizou essa audiência entre o Estado e as empresas foi
ajuizada pela PGE em 30 de abril, 48 horas após as denúncias virem a público. É
nesse processo que estão depositados R$ 11 milhões descobertos
a partir de uma articulação entre a PGE e a Secretaria de Estado da Fazenda
(SEF) ao observarem, no dia 29 de abril, uma movimentação de notas fiscais
relativas a uma operação de compra de kits de teste para Covid-19 pela Veigamed
com uma empresa fornecedora do Norte do Estado.
Processo 5034167-45.2020.8.24.0023
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