O ex-jogador de
futebol Ronaldinho Gaúcho e o irmão, Roberto de Assis,
deixaram Assunção, no Paraguai, por volta das 13h40, desta terça-feira (25), no
Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em voo particular. Eles
estavam detidos preventivamente no país havia quase seis meses após
entrarem no país com documentos paraguaios adulterados.
Os ex-atletas foram libertados da prisão domiciliar no Paraguai, na tarde de
segunda-feira (24), mediante pagamento de multa de R$ 1,1
milhão.
A dupla estava hospedada em um hotel, no Centro de Assunção, desde a
concessão da prisão domiciliar. Na saída do prédio, nesta
terça-feira, fãs pediram autógrafos ao ex-jogador.
Com autorização do governo paraguaio, que permitiu a saída da dupla
mesmo com as fronteiras fechadas, a previsão é de que eles cheguem ao
Rio de Janeiro (RJ) após às 15h, segundo o advogado brasileiro Sérgio Queiroz,
que está no mesmo voo com os clientes.
De acordo com o documento, os três passageiros do voo e os tripulantes
deverão seguir as medidas sanitárias de prevenção ao novo coronavírus.
Decisão
Segundo o acordo, Ronaldinho Gaúcho deve pagar mais de R$ 500 mil, e o
irmão dele, condenado por uso dos documentos falsos, mais de R$ 600 mil.
Conforme sugerido pela defesa, o valor total da multa será descontado
dos mais de R$ 8,9 milhões depositados como fiança, em abril, para a concessão da
prisão domiciliar. Segundo o juiz, cerca de R$ 7,8 milhões serão
ressarcidos à dupla.
Como a Justiça acatou o pedido do Ministério Público, após o prazo
legal, o processo será arquivado. O juiz informou ainda que o valor da multa
será utilizado no combate à Covid-19 no Paraguai.
Audiência
A audiência foi transmitida ao vivo pela Justiça do Paraguai, na
segunda-feira, pela internet.
O judiciário acatou a proposta do Ministério Público, aceita pela
defesa, de que Ronaldinho Gaúcho não fosse condenado por usar documento falso,
desde que pagasse multa para reparar o dano causado ao país, e deverá fixar
residência no Rio de Janeiro (RJ).
O juiz informou ainda que parte da multa do ex-jogador será destinada
para ajudar na campanha de uma criança com uma doença grave e de que Ronaldinho
deverá avisar à Justiça paraguaia, durante um ano, quando viajar para fora do
Brasil.
O irmão Assis foi condenado pelo uso de documento adulterado, mas teve a
prisão de dois anos suspensa mediante o pagamento da multa. Além disso, deverá
se apresentar a uma autoridade judicial brasileira a cada quatro meses, no
período de dois anos.
Conforme o advogado de defesa, a investigação do Ministério Público não
encontrou nenhuma prova relacionada aos crimes que a promotoria suspeitava,
como lavagem de dinheiro e associação criminosa. A defesa destacou que os dois
foram presos de forma injusta, ilegal e abusiva.
Prisão no Paraguai
Ronaldinho e Assis estavam detidos desde março, após entrarem no Paraguai com
passaportes e documentos paraguaios adulterados. Outras três pessoas foram
presas na ocasião.
De acordo com o promotor paraguaio Federico Delfino, existia um processo
de naturalização no Paraguai aberto para Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Assis
Moreira. Segundo ele, o procedimento corria à revelia dos dois brasileiros.
Ainda segundo Delfino, o esquema também envolveria um funcionário
público paraguaio, que teria apresentado uma série de documentos à Direção de
Migração do Paraguai para naturalizar os dois irmãos.
Ao envolver órgãos oficiais paraguaios, o caso se ampliou no país. Em 5
de março, o diretor geral da Direção de Migrações, Alexis Penayo, pediu demissão do
cargo e criticou o Ministério do Interior pela demora na
resolução do caso envolvendo Ronaldinho Gaúcho.
Inicialmente, o Ministério Público do Paraguai decidiu não acusar
Ronaldinho e Assis por terem entrado no país com passaportes adulterados. De
acordo com os promotores, os dois admitiram o erro — e, assim, a promotoria
entendeu que eles "foram enganados em sua boa-fé".
No entanto, o juiz Mirko Valinotti, do Juizado Penal de Garantias de
Assunção, que ouviu os brasileiros, rejeitou o pedido do MP na ocasião.
Após a audiência que durou seis horas, o Valinotti decidiu que os dois
seguiriam sendo investigados. A Justiça do Paraguai determinou a prisão
preventiva dos irmãos Assis Moreira, alegando "risco de fuga e que o
Brasil não extradita seus cidadãos". No país, a prisão preventiva pode
durar até seis meses.
Em 7 de abril, o juiz do Paraguai concedeu prisão domiciliar aos irmãos. Eles pagaram fiança de
1,6 milhão de dólares e, desde então, estavam hospedados em hotel no centro de
Assunção, proibidos de deixar o pais.
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