A Rússia reconheceu
neste sábado (10), após dois dias de silêncio, que a explosão ocorrida na
última quinta-feira (8) em uma base de lançamento de mísseis próxima do Ártico
teve um caráter nuclear, com um saldo de cinco mortos.
Em comunicado, a agência nuclear russa, Rosatom, anunciou que cinco membros do seu quadro morreram na explosão e
outras três pessoas sofreram queimaduras.
Autoridades militares
não informaram sobre a possível presença de combustível nuclear no acidente,
que ocorreu na região de Arcangel.
Um comunicado da Rosatom citado pela imprensa russa posteriormente
ofereceu novos detalhes da explosão, registrada em uma plataforma marítima,
motivo pelo qual funcionários foram lançados na água.
"Os trabalhos de busca continuaram enquanto havia esperança de encontrá-los
com vida. Apenas depois disso, divulgamos a morte de cinco colaboradores da
Rosatom", assinala o texto.
Número de mortos aumentou
Logo após o acidente, o Ministério da Defesa informou que o mesmo
aconteceu no momento em que se testava um motor de foguete a ergol líquido
(propulsor), e deu conta da morte de dois especialistas e de seis feridos.
Não ficou claro se os cinco mortos citados pela Rosatom incluíam
os especialistas mencionados pelo Exército.
Autoridades forneceram
pouca informação sobre este acidente, ocorrido em uma base militar que data de
1954 e é especializada nos testes de lançamento de mísseis da Marinha russa.
Breve aumento da radioatividade
O Exército russo e um porta-voz do governador regional declararam que
não houve contaminação radioativa, mas a prefeitura de Severodvinsk, cidade de
190 mil habitantes localizada a 30 quilômetros da base, afirmou em seu portal
que seus detectores registraram "um breve aumento da radioatividade".
A publicação foi retirada do ar pouco depois.
O representante local da Defesa Civil, Valentin Magomedov, declarou à
agência de notícias TASS que o nível de radiação subiu para 2,0 microsieverts
por hora durante 30 minutos, acima do limite regulamentar de exposição, de 0,6
microsieverts por hora.
O Greenpeace Rússia publicou neste sábado (10) uma carta de autoridades
de um centro de pesquisas nuclear que dava conta da mesma cifra, mas afirmando
que a radiação durou pelo menos uma hora, sem
que isso representasse riscos à saúde, segundo estes especialistas.
Habitantes de Severodvinsk correram na sexta (9) às farmácias para comprar iodo ou produtos com este elemento químico.
"Os acontecimentos de quinta-feira (8) comoveram a cidade. As
pessoas entraram em pânico. Em uma hora, vendemos todos os estoques",
declarou a farmacêutica Elena Varinskaya, que distribuiu "fichas com as
regras a serem seguidas em caso de contaminação radioativa".
A imprensa russa divulgou um vídeo sem fonte identificada que mostrava
filas de ambulâncias atravessando Moscou até um centro especializado no tratamento
de vítimas de radiação. Segundo a Rosatom, os feridos foram atendidos em um
centro médico especializado.
O especialista do instituto para a pesquisa nuclear de Moscou Boris
Zhukov declarou no portal do jornal "RBK" que as fontes de energia
isotópica eram utilizadas principalmente na indústria espacial, e não
costumavam representar um risco aos usuários.
O pior acidente nuclear da história aconteceu em 1986, na União
Soviética, na central ucraniana de Chernobil, e autoridades foram acusadas de
terem ocultado durante semanas a dimensão do desastre.
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