Santa Catarina produziu 7,5 mil toneladas de mel na safra 2019/20, volume acima da média
estadual, que é de 6,5 mil toneladas. Poucas chuvas e o ciclo do mel de melato
da bracatinga, que é colhido a cada dois anos, foram os fatores que elevaram a
produção, explica Rodrigo Durieux da Cunha, chefe da Divisão de Estudos
Apícolas da Epagri.
O levantamento, feito em parceria pela Epagri e Federação das Associações
de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (Faasc), mostra um
crescimento de cerca de duas mil toneladas em relação aos últimos dois anos. Na
safra 2017/18 o Estado produziu 5,5 mil toneladas de mel e em 2018/19 foram
colhidas 5,8 mil toneladas do alimento. Os números recentes só não são maiores
dos que os da supersafra 2016/17, quando foram produzidas 8,2 mil toneladas no
território catarinense.
O censo agropecuário 2017 do IBGE aponta cerca de 17 mil estabelecimentos
agropecuários com apicultura no Estado e 300 mil colmeias. “A apicultura é uma
ótima oportunidade de renda para a agricultura familiar devido à possibilidade
de conciliar com outras atividades. As condições de clima e a abundância e
variedade de flora apícola em Santa Catarina também favorecem”, descreve Cunha.
Produtividade acima da média nacional
Santa Catarina se posiciona normalmente como terceiro ou quarto maior
produtor de mel do Brasil, mas os destaques do produto catarinense são a
qualidade e a produtividade. O alimento já foi classificado seis vezes entre os
melhores do mundo. A tecnologia e acompanhamento técnico promovidos pela Epagri
são fatores fundamentais nesse resultado e também ajudam a impulsionar a
produtividade. Santa Catarina produz 68 quilos por quilômetro quadrado de mel
ao ano, número muito superior ao da média nacional, que é de 5 kg/km²/ano.
Em 2019, a Epagri atendeu 5.991 famílias apicultoras e 182 entidades
ligadas ao tema. Naquele ano, foram distribuídos pela Secretaria de Estado da
Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural (SAR), por meio da Epagri, 392
kits apicultura, que beneficiaram 378 apicultores. Também foram entregues 2.717 abelhas rainhas a 66 produtores no ano passado.
“Esses são exemplos de como a Epagri atua fortemente junto aos apicultores,
disseminando tecnologias em cursos, reuniões, visitas e outras atividades, e
também distribuindo implementos que possam incrementar a produção”, relata
Cunha.
Embora o mel seja o produto mais famoso resultante das colmeias, o maior
impacto econômico da apicultura catarinense está no ganho de produtividade da
maçã, pera, ameixa e outras culturas com o trabalho de polinização das abelhas.
Segundo o levantamento mais recente feito pela Faasc, em 2014 foram alugadas em
Santa Catarina aproximadamente 45 mil colmeias para serviço de polinização em
pomares de macieira. Criar abelhas também se destina à produção de própolis, pólen, geleia real e apitoxina, produtos
que servem de matéria-prima para as indústrias farmacêutica, alimentícia e
cosmética.
As abelhas também prestam importante serviço na manutenção da
biodiversidade, visto que que são responsáveis pela polinização de
aproximadamente 73% das plantas no mundo. Nesse “serviço” destacam-se as
abelhas nativas sem ferrão. A meliponicultura, que é a criação racional de
abelhas sem ferrão, vem se popularizando na agricultura familiar catarinense.
De acordo com levantamento feito pela Epagri e Faasc, em 2019,
aproximadamente 6 mil famílias rurais de Santa Catarina tinham na
meliponicultura uma fonte de renda complementar. Esses pequenos animais
produzem cera, própolis e mel com propriedades medicinais e cosméticas
surpreendentes. A maior parte da produção fica nas propriedades para consumo
das famílias rurais. Contudo, a multiplicação racional e venda das colônias vem
se tornando alternativa de renda no campo.
As abelhas sem ferrão não costumam atacar pessoas, o que permite sua
criação também no meio urbano. Muitos meliponicultores praticam a atividade com
o objetivo de preservação e multiplicação das espécies, visando o
restabelecimento das populações, o que também auxilia no equilíbrio dos
ecossistemas.
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