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Começam a valer
nesta terça-feira (1º) as novas regras para as compras de produtos
estrangeiros em sites. A medida isenta o Imposto de Importação
federal das encomendas feiras por pessoa física de até US$ 50 (cerca de R$
240).
Para a empresa realizar a venda com imposto gerado, é necessário que ela seja inscrita no sistema Remessa Conforme, da Receita Federal. O programa prevê que os sites que aderirem às normas sejam obrigados a cobrar tributos antecipadamente, no momento que a compra é feita.
Em troca, terão isenção do Imposto de Importação, que é federal e tem alíquota de 60%, nas compras até US$ 50 (cerca de R$ 240). Já as compras acima desse valor continuarão sujeitas à alíquota de 60%.
O programa terá
adesão voluntária por parte das varejistas, que incluem, por exemplo, as
asiáticas Shein, Shopee e Aliexpress.
Até agora, essa
isenção era válida para o envio de remessas entre pessoas físicas. O benefício,
porém, não se estenderá ao ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e
Serviços), que é estadual e terá alíquota padrão de 17% nessas operações.
Compras
transportadas
A medida vale para
compras transportadas pelos Correios, empresas de correspondência internacional
ou empresas de encomenda aérea internacional.
Para Carlos Pinto,
diretor do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação), a medida
será prejudicial ao comércio interno, porque haverá concorrência desleal, já
que as empresas nacionais não têm benefícios nem condição que as isentem de pagamento
de impostos.
“A decisão do
governo de alguma maneira é positiva por dar capacidade financeira a uma
parcela da população consumidora de produtos estrangeiros. Mas também tira do
comércio interno a competitividade, porque acaba trazendo uma condição desleal
para essa concorrência com site de vendas externas, afirma Carlos Pinto.
O plano inicial da
Fazenda previa extinguir por completo esse benefício, até para garantir mais
receitas aos cofres públicos em meio a metas fiscais desafiadoras.
O anúncio, porém,
teve repercussão negativa nas redes sociais e provocou um recuo por parte da
equipe econômica. A decisão irritou as varejistas nacionais, que pressionam por
mudanças no programa.
Isonomia
Essa isenção de até
US$ 50, feita sob pressão da ala política do governo, que não gostou da reação
negativa nas redes sociais, irritou as empresas nacionais, que exigem isonomia
na questão tributária.
“Queremos condições
iguais. Se as empresas internacionais não pagam tributo em mercadorias de até
R$ 240, a não ser ICMS, como vamos competir? A nossa tributação varia de 70% a
110% do valor do produto (a depender da cadeia de produção, já que há cobrança
de imposto sobre imposto). Se tiver que importar, esse percentual chega a
120%”, diz Jorge Gonçalves, presidente do IDV (Instituto para Desenvolvimento
do Varejo).
Ele afirma que a
espinha dorsal do programa é boa e permitirá ao governo mapear todo o
ecossistema das plataformas digitais, o que amplia o potencial de fiscalização
e atuação. Mas se diz inconformado com a isenção que foi dada às transações com
pessoas jurídicas.
“Haverá um grande
malefício ao setor. Será uma doença silenciosa que vai extinguir milhões de
empregos”, afirma o empresário. Nos cálculos do IDV, 2 milhões de vagas
poderiam ser perdidas, em um período de dois anos, devido ao fechamento de
lojas no país.
O instituto vem
mantendo conversas frequentes com o Ministério da Fazenda e espera uma solução
rápida: “Não pode e não deverá demorar”, diz Gonçalves.
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